sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Palavras incômodas ou lutando contra si mesmo...

"Fomos criados pela televisão para acreditar que seríamos ricos, estrelas de cinema e do rock. Mas não seremos. E estamos aos poucos aprendendo isso..."

"Você abre a porta e entra
Está dentro de seu coração

Imagine que sua dor é uma bola de neve que vai curar você
Esta é sua vida
É a última gota para você
Melhor do que isso não pode ficar
Esta é sua vida
Que acaba um minuto por vez

Isto não é um seminário
Nem um retiro de fim de semana
De onde você está não pode imaginar como será o fundo
Somente após uma desgraça conseguirá despertar
Somente depois de perder tudo, poderá fazer o que quiser
Nada é estástico
Tudo é movimento
E tudo está desmoronando
Esta é sua vida
Melhor que isso não pode ficar
Esta é sua vida
E ela acaba um minuto por vez

Você não é um ser bonito e admirável
Você é igual à decadência refletida em tudo
Todos fazendo parte da mesma podridão
Somos o único lixo que canta e dança no mundo
Você não é sua conta bancária
Nem as roupas que usa
Você não é o conteúdo de sua carteira
Você não é seu câncer de intestino
Você não é o carro que dirije
Você não é suas malditas "gatinhas"
Você precisa desistir
Você precisa saber que vai morrer um dia
Antes disso você é um inútil

Será que serei completo?
Será que nunca ficarei contente?
Será que não vou me libertar de suas regras rígidas?
Será que não vou me libertar de sua arte inteligente?
Será que não vou me libertar dos pecados e do perfeccionismo?
Digo: você precisa desistir
Digo: evolua mesmo se você desmoronar
Esta é sua vida
Melhor que isso não pode ficar
Esta é sua vida
E ela acaba um minuto por vez

Você precisa desistir
Estou avisando que terá sua chance."

(Tyler Durden / Clube da Luta)

Grande filme.. para quem não viu, fica a recomendação... uma incômoda maneira de se terminar o mês do cachorro louco... espero que faça algo coçar...

terça-feira, 28 de agosto de 2007

A urdidura ou quando dançam meus atrevimentos...

Certos desempenhos
Os âmagos do esclarecimento
Labores ininterruptos e ferrenhos
Passos atolando no cimento
E ainda assim vai soprando o vento
Foda-se o interior em aquecimento
Os não seis, não quis e não tenhos
Por isso preferi os cascos de um pé de bode, que o luxo de sapatos confortáveis...

Esses desempenhos
Crescentes e progressivos tormentos
São coisas a que não me atenho
Sou saborosamento leviano quando tento
É discurso de prosaico invento
Sufocadamente e ininterruptamente.. lento...
É falando contra tudo isso que venho
Rasgar as costas doeu-me.. o irromper de asas não é coisa qualquer, é coisa grandiosa.. por isso as ostento, ora bolas...

Tais desempenhos
Corriqueiros e inclementes assentos
Que eu tanto desdenho
É inescapável estabelecimento
Mas nem por isso hermético aprisionamento
Há como suplantar esse pegajoso unguento
Basta apenas pensar e um tanto de empenho
"Para o infinito e além..." já diria tão sabiamente o Buzz Lightyear...

Então pense e vamos dançar
Que eu quero é movimento...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Fábula ou na contra-mão dos sentidos...

Alice. Lá estava Alice. Só Alice. Alice só. Ali se via no espelho. Alice via-se no espelho. Analisava-se os pormenores desajeitamente caprichados. Mudar a cor das mechas? Ou talvez tentar um novo passo? O espelho, por sua vez, seguia frio e reflexivo.
Alice passou os dedos da mão direita sobre a franja, tentando ajeitá-la, apenas para vê-la retornar ao mesmo lugar.. seria o mesmo? Agiu novamente, para obter a mesma reação.. Alice deu-se por vencida.
Suspirou... assim como a Alice do espelho...
Alguém a gritou lá de dentro. Dentro de onde? Da casa.. mas ela ignorou, era experienciada em ignorar. Ignorava os professores.. os locutores.. os pais.. a maior parte dos conhecidos.. até mesmo aquele cão chato que insistia em latir quando entrava em casa... se ignorar era uma arte, Alice era uma artista. Austista. Artista.. sorriu por um segundo tão breve, que mal viu o próprio sorriso no espelho.. Alice não era de sorrir. Guardava os sorrisos para os momentos devidos. Mesmo assim alguns escapavam dos ovários... e ela não se importava muito, desleixada em tantas coisas, negligenciava qualquer preocupação mais profunda...
O grito lá de dentro da casa que diziam ser de Alice, mas a bem da verdade não era, voltou a soar.. como um sino.. como na Igreja, aqui era a casa de um Deus e demônios como Alice tinham dificuldades de ficarem confortáveis, mesmo se fossem sindicalizados...
- Alice??? ALICE??!??! - o barulho que se seguiu foi o dos murros contra a porta que faziam até mesmo o espelho tremer, tornando a imagem de Alice difusa e imprecisa, de contornos indefinidos.. como Alice.. mas lembre-se, Alice era uma artista..
Baixou os olhos para as mãos pequenas, querendo com as próprias mãos acabar com tudo aquilo. Não por não suportar.. suportar não é uma condição, é um estado.. queria-o simplesmente pela possibilidade de fazer tudo diferente. Tudo novo. Não ser Alice. Ser talvez Aline. Ou quem sabe Alícia.. e até mesmo, Bruna... Alice tinha certeza de que seria uma excelente Genoveva.. mas Alice não era artista de certezas e, mal sabia, que não conhecia nenhuma Genoveva...
- A SENHORITA QUER FAZER O FAVOR DE DESTRANCAR A M-E-R-D-A DESSA PORTA?!!!! - retumbou a voz da mão cansada de golpear a porta... Alice só aspirou. Expirou. Estava pálida... era sempre pálida, pele alva com pequeninas sardas esporádicas a perturbar a brancura de sua imensidão. Isso destacava os lábios finos e que não eram vermelhos, como diziam ser vermelhos os lábios.. aliás Alice nunca vira um vermelho que satisfizesse suas espectativas.. e ela tinha tantas espectativas, que esmeradamente esperava. Destacavam-se também os olhos cotidianamente castanhos.. castanhos como o céu cinzento de uma grande metrópole.. sobre eles dois finos riscos chamados sombrancelhas. Quando pequena.. menor que agora ao menos.. Alice gostava de arrancar pêlos das sombrancelhas.. sua mãe sempre a recriminava por isso.. e como tudo que é repreendido, Alice parava para prosseguir na solidão de sua intimidade.
Isso a fez pensar em fumar um cigarro. Tirou do bolso a carteira de alguma coisa light. Light? Era quase uma piada... fumaça light... ao menos o filtro era branco. Tinha o cigarro mas não tinha fogo.. e não poderia sair ou teria de lutar com a besta-fera que guardava a porta.. tanta vida, tantos desafios.. fitou-se no espelho...
- Tem fogo?
- Não, só cigarros..
- Então estamos na mesma.
- Pois sim..
- E de que me serves nessa prisão?
- Da serventia que me deres..
- Não serve pra acender o cigarro. - ela disse pondo-o entre a ponta de todos os dedos reunidos como se fosse um anel de casamento..

- TEM ALGUÉM AÍ COM VOCÊ?!?? MENINA.. - a voz parecia buscar alguma calma inexistente - Abra a porta, Alice.. prometo que não vou fazer nada..

- Promessas.. - Alice pensou para então falar - E o que tem desse lado aí?
- O mesmo que aí..
- Mais do mesmo?
- Sempre mais do mesmo..
- Não era isso que eu queria ouvir.
- Sinto muito..
- Sente nada.
- O nada tambem o sinto..
- Eu só sinto isso.
- O nada? Não.. não.. sentes mais..
- Não. - E foi tão retumbante aquela negação que findou qualquer possibilidade de diálogo.. Alice virou as costas para o espelho, colocou-se de joelhos e esperou que suas asas começassem a sangrar...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Escavando certezas ou como folhas ao vento...

Folhas
Podem ser penas, se preferir
Verdes ainda
Coloridas, se preferes
Bailando
Sendo levadas, se preferir
No vento
E aqui não tem querer que mude isso
Na verdade tem, mas não divaguemos tanto...
Não há chão onde cair
E sempre é passageiro o olho do furacão
Mas a espiral é longa
Borbulhante de profusão

Existiriam pilotos de folhas?
Ou de penas, se preferistes
Existem atores, sujeitos, agentes, cidadãos...
Numa peça tantas vezes encenada
Numa enseada sempre assujeitada
Numa agência de cartas marcadas
Numa cidadania deveras esvaziada
Existir existem, mas existir não é condição
Existir é como seguir
Ladeira abaixo para a colisão
E reclamando da queda
Esquecem a imensidão que os cerca
Só esperando o refugo
Que antecede a explosão
Devotados cegos sedentos de uma anunciação
Taí o anúncio
Dane-se a criação...
Danemo-nos todos
Que se danar
É excitação
E olhar pros lados na corrida frenética
É capaz de tirar os pés do chão
E fazer as folhas ou penas
Se não serenas
Nem senhoras
Plenas à despeito de qualquer perfeição
Verdades amenas são como a contra-mão
Melhor mentiras sinceras
Brisas singelas
E saborear cada tostão...

Folhas
Ou penas
Ao vento
Não apenas
Lamento
Ou cimento cinzento
Mares
Cores
Caos
Meus caros
Alísios e árticos
Tesouros
No meu estômago voraz de dragão...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Fagulhas... ou como nascem os maiores incêndios...

Fagulhas
Faz
Falseia
Afagos
Frangalhos...
Agulhas...

Mas fulguras
Fustigas
Figuras
Fissuras
Furtivas
Pela estrutura
Cisura
Não é a lonjura
É o calor
A chama
Que clama
Enquanto dança e lambe tudo
Consome
Tal qual fome
Da besta insone
Até o fundo
D'outro mundo
Imundo
Charfundo
Mudo
Modo
Podo
Rodo
Rede
Sede
Mede
Moda
Foda
Findo
O que fede
E pede
Que repete
Rapta
Se apta
Ou não
Do firmamento
Até o chão
De cinzas
Desde já pré-concebidas
Antevistas
Sinistras
Mas cinzas
E não finjas
Que não sabia
Aqui é o cerrado
É fogueira pra todo lado
Fazendo da grama, descampado
Mesmo que venha com o arado
A fertilidade mudou de banda
De bando
De mando
Desde quando
A mudança por aqui passou
Fez assanho
De levantar brisa
E toda passarada voou
Fugiu do fogo
Do jogo
Por isso rogo
Volta logo
Que incêndio sem você
É que nem domingo na tv
Sonolento no máximo
E emburrecedor no mínimo
Aceite o mimo
E vire energia
Aquela boa e velha entropia
Que tanto gosto de ver
E há de aquecer

Temperatura é movimento
Não só das moléculas
E esse tormento
Vai-se com as libélulas
Pequenos dragões insetos das fábulas
Mais singulares que caminhos retos
Pousadas nas bétulas
Lambedo-lhes as pétalas
E arrancando fagulhas
Com o arranhar das unhas
Fugaz..
Fuga?
Fumas?
É umas..
E amas..
Era mas..
Derramas..
Ao mar..
Mais uma vez..
Vamos....

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Fazendo a curva...

(Eram cabelos o que ele tinha entre os dedos e que pendiam de um pensamento deveras concreto..)
- São multicoloridos estes fios!
- Todos o são..
- Não, este aqui é todo castanho!
- Apenas porque você assim o quer..
(Ele silenciou ofendido. "Só porque você quer" retumbava em seus pensamentos.. não era árbitro, tampouco juiz.. não havia feito direito, e era pródigo em fazer errado.. quando o cansaço o venceu, falou..) - Não sou eu quem quer.. a cor que nele está..
- Não! Não há cor no cabelo.... nem em lugar algum.. a cor é um frequência de onda da luz que o atinge e após refletida, estimula seu nervo óptico que acaricia com sensações seu cérebro.. e você chama isso de castanho.. ou melhor, alguém.. como Platão.. disse-o castanho e outros tantos o aceitaram, que aqui está você a me dizer bobagens..
(Novamente ele buscou refúgio no silêncio temendo repetir as bobagens..) - Então não existem cores? (disse em tom ofendido..)
- Não...
- Hunf!
- Mas não é culpa sua.. aliás a culpa também não há...
- Então não há nada! (Os braços dele moveram-se com aquela revolta própria de ser contida por camisas de força)
- Sim, o nada há e nele há tanto que não haveria como abarcar..
- Há sim! Só dizer.. TUDO!!!
- Tudo não quer dizer nada...
- Quer sim! Quer dizer todas as coisas..
- Mas não diz nada.. já que lhe escapa o outro..
- Que outro?
- O nada...
- Nada não existe!
- Sem o nada não há tudo, ou melhor, só pensas no tudo se pensas no nada...
(Ele buscava algo que rechassasse aquele sofisma incômodo.. soltou os cabelos de seus dedos, que se desfizeram em finas e sinuosas fumaças..)
- Não me agrada essa conversa!
- Nada mais justo... o desagrado é imanente.. assim como o degredo é necessário..
- Pensava ser este um refúgio!
- Ele é sempre que assim desejas...
- Mas aqui não acho a paz...
- A paz é uma condição e não um estado.. é uma tensão e não uma conquista... a paz é uma luta constante...
- A morte é a paz eterna! (ele disse como quem nada tem a dizer, mas quer muito dizer algo esperto e inquestionável..)
- Não foi isso que ela mesma me disse...
- Quem?
- A morte...
- Não se pode conversar com a morte!
- Talvez você apenas ainda não tenha tido essa sorte...
- E o que mais ela te disse?
- Que aquele era meu dia de sorte...
- E o que você disse para ela?
- Que me sentia com sorte... mas tinha medo..
- Medo de que?
- Da sorte...
- Mas sorte é algo bom..
- A sorte não é algo... nem intrissicamente boa... a sorte é um desejo...
- Realizado?
- Desejos não se realizam..
- Mas que diabos.. (ele protestou levantando-se e bufando... como se ficar ereto e de pés no chão o fizessem mais convicto...) Essa conversa não vai levar a lugar algum..
- Parece que finalmente você está começando a entender... tire esse terno sufocante, solte esse cabelos e dobre seus sentidos... eu adoro essa curva da espiral... (e ela lhe sorriu seu sorriso mais caprichado com seus lábios negros, fosse de batom ou da ausência de cor que representavam.. os cabelos esfumaçados dela dançavam em corcodância com a penumbra e a brancura de mármore da pele dela refletia todos os pensamentos dele.. ao fundo podia-se ouvir algum hino clássico dos anos 6o e por toda parte havia um cheiro de sândalo e orégano..) Melhor dançarmos ou podemos cair...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Espelhos...

Nada mais belo
Que um narciso
Diante de seu lago
Imaginando um afago
Trabalhando um sorriso
O olhar mais singelo
Uma flor a enamorar-se dos detalhes
Uma pluma oscilante
Na brisa mais atenta
Uma espectativa vascilante
Um capricho retorcido
Desalinho que se ostenta
Daí nasce poesia
Musas dos espelhos cintilam
Contentamentos desabrocham esborrachadamente
Minhas arritimias ganham asas
Devaneios inclementes
Pernas que vacilam
Singular maestria
E um portal a derramar sintaxes
Classicismos rebuscados
Traços malfadados
A não serem dignos desse dia...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

O terceiro de 3 ou as 7 coisas

Fui desafiado por minha emérita interlocutora que se fosse puta eu decifraria a dizer aqui as 7 maravilhas de meu mundo, assim como as 7 casualidades do mesmo.. vamos lá então..

7 MARAVILHAS

1a - Ter por onde ir.. maravilhoso como sempre tenho caminhos a trilhar e como faço questão de aproveitar cada passo.. até mesmo os tropeços.. poucas são as oportunidades que se repetem, então tento tirar o de mais proveitoso de cada chance, ainda que seja redundante em minhas falhas... amo, sofro, trago, vôo, danço até que me canso, daí sento, deito, relaxo e fito o firmamento... "Eu vou sempre avante no nada infinito, eu quero é ter tentação no caminho.. pois o homem é o exercício que faz.."
2a - Conhecer gente. Sou viciado nisso.. são das melhores especiarias da viagem.. conforme vão cruzando os caminhos, ganhando traços paralelos, permitindo o diálogo, ensinando e aprendendo, fazendo colidir universos.. e já digo que em meus parcos 26 anos já conheci seres magníficos o suficiente para povoar qualquer mitologia... "Nunca se vence uma guerra lutando sozinho.. cê sabe que a gente precisa entrar em contato.. com toda essa força contida que vive guardada.. o eco de suas palabvras não repercutem em nada.."
3a - Saber aprender. Talvez minha maior virtude.. ter expandido a consciência e ter percebido que a trilha do conhecimento é infinita e imensurável.. quanto mais avançamos, melhor perspectiva podemos ter, mas nem por isso encurtamos a jornada. Deixamos saberes enterrados na poeira de nossos passos.. no recôndido de nossas sinapses... enquanto vamos abraçando as semânticas que mais nos interessam, crendo ser essas respostas adequadas a verdade.. quanta pretensão.. a verdade é na realidade a mentira mais bem contada da modernidade.. por isso não cesso minha aprendizagem.. sou vítima dela.. pra lá de apazigüado.. "Vê se me entende, olha o meu sapato novo, minha calça colorida o meu novo way of life.. eu tô tão lindo, porém bem mais perigoso.. aprendi a ficar quieto e começar tudo de novo.. o que eu quero, eu vou conseguir.."
4a - Ensinar.. já postei aqui como foi magnífico enfim lecionar.. é uma lissão a cada aula e até injusta.. pois eles aprendem comigo e eu 50 vezes mais com todos eles.. professar a história progressiva e continua da civilização ocidental pode não ser meu discurso predileto.. mas mergulhar pelas janelas das almas atentas é, de certo, sabor inigualável.. "Vai e grita ao mundo que você está certo.. você aprendeu tudo enquanto estava mudo.. agora é necessário gritar e cantar rock e demonstrar o teorema da vidas e os macetes do xadrez.. você tem a resposta das perguntas, resolveu as equações que não sabia e já não tem mais nada o que fazer a não ser.. verdades e verdades, mais verdades e verdades para me dizer, a declarar.."
5a - Enlouquecer.. risos.. nas devidas doses homeopáticas.. conseguir assomar diante dessa vã realidade.. lombrar, morgar, deslanchar acima desses ranços costumazes e sobrevoar os caretas tacanhos.. bem sabendo que a humanidade bem se esmerou em suplantar os tais pés no chão.. "tente me ensinar das suas coisas, que a vida é séria e a guerra é dura.. mas se não puder cale essa boca e deixa eu viver minha loucura.."
6a - Ser descansado. Vixe.. isso é uma maravilha que deu-me trabalho em alcançar, e mesmo hoje ainda me esmero para aperfeiçoar minha arte de descansar, de olhar para mim mesmo.. de ser raulzisticamente egoísta de respeitar os quereres alheios.. os impulsos e pulsões que não me competem.. saber lavar as mãos.. saber ignorar os caretas inclementes.. as formigas dormentes.. os prisioneiros gerentes.. as desigualdades inclementes.. e andar pra frente.. olhando pros lados.. risos.. "Conserve seu medo.. mantenha ele aceso.. se você não teme, se você não ama, vai acabar cedo.. esteja atento, ao rumo da história.. mantenha em segredo, mas mantenha viva sua paranóia.."
7a- Amar.. ah, mar.. ao mar, porque há mar.. e eu sei nadar, navegar, me jogar.. serenizar nas águas mais profundas e densas.. me reservo o direito de devorar cada migalha de cada amor, com o devido louvor.. assenhoro-me de cada quinhão que me é dado.. lapido cada jóia rara e mesclo-a ao meu corpo retalhado.. já naveguei por mares nunca dantes navegados e já enfrentei engarrafamento em oceanos insulares.. e digo cada qual tem seu teor de sal, sua fauna e sua sinuosidade.. "Você é um pé de planta que só da no interior.. no interior da mata, coração do meu amor.. você é roubar manga com os moleques no quintal.. é manga rosa espada, guardiã do matagal.."


7 CASUALIDADES

1a - Dizer "salve salve" a todos que me são queridos que encontro.. vestí-los com as roupas e as armas de Jorge sempre me agrada...
2a - Travar épicas batalhas com Mr. Marley ou correr desenfreadamente com ele com se tivesse apenas 5 anos...
3a - Agregar meus mais eméritos comparsas em torno de uma mesa de rpg e falar bobagens todo o tempo...
4a - Tomar umazinha gelada no Capela com errantes agradabilíssimos e depois fazer fumaça e rasgar o bucho de dar risada...
5a - Elaborar planos mirabolantes e secretos dignos do "Fantástico mundo de Bobby"
6a - Ver o Mengão jogar.. "Eu teria um desgosto profundo, se faltasse o Flamengo no mundo.."
7a - Nadar... charfundar nas minha matinais águas aquecidas da piscina e navegar em meu próprio mundo aquático...

BEm, hoje.. agora.. creio que seja isso.. ontem seriam outras talvez e amanhã de certo serão.. mas as que ficam são essas aqui representadas.. e não vou desafiar ninguém, mas quem quiser se sentir desafiado, fique à vontade... ufa.. longo dia.. longos textos... inté então.. beijos e boas energias...

O segundo de 3 ou Eu tenho uma amiga chamada Sininho...

Bem, na verdade, eu tenho uma amiga chamada Monique.. pelo menos é o que está no rg dela.. mas pra mim ela sempre foi e será a Sininho, Sinita.. mas também atende por Sartaris, Mô.. mas vou me ater ao Sininho mesmo que eu acho bastante emblemático e representativo da magnificidade dessa moça...
Ontem nós saímos e papeamos bastante.. falamos do aniversário de 30 anos dela que será em novembro.. (pois é, escorpiana.. aliás a mais grandiosa com que já me deparei..), no até então desconhecido Godofredo, lugar bem legal ao lado do Capela.. depois ainda contamos com a presença do Thiago, mas esse anão é assunto pra outro dia..
Enfim, a Sinita é dessas pessoas, que como eu mesmo explicava para ela ontem, figuram em meu mais especial recôndido do peito.. essas pessoas que me carregam no meu pior e me louvam no meu melhor e recebem de mim a mínima reciprocidade engrandecedora de nossos diálogos pela caminhada.. e sempre farei questão de tê-la e defendê-la...
É hábito costumeiro dela caminhar dentre Garotos Perdidos, assim como a Sininho do Peter Pan.. risos.. e certa vez ela me levou até a Terra do Nunca, que descobri ficar na chapada, perto de São Jorge.. grande local.. e assim é essa Dona Sininho, criatura realmente alada e com ares de fada que muito ensinou a esse doidão.. lapidou-me a forma com os esmerados talentos da amizade, por isso sempre será imensuravelmente querida...
Conheci-a cursando história, lembro bem dela logo no primeiro dia na pré-matrícula a gritar com o Humberto na fila.. "Só podia ser calouro".. lembro bem.. risos.. também lembro de um dia, quando ia buscar meu comprovante de matrícula e ela pediu para pegar o dela.. quando eu já chegava na porta ela falou.. "Calouro, você sabe meu nome?.." e eu, encabulado.. "Sei, ué.. Sininho né?".. e tome gargalhada..
Poderia preencher isso aqui infinitamente com histórias de ENEHs, Chapadas e tantas outras empreitadas nas quais mergulhamos juntos.. e ainda assim nem chegaria perto de dimensionar o carinho que tenho por essa senhorita.. que bem sabe ser das incríveis pessoas que mais transformaram minha vida..
Sempre irão haver muitos brindes, minha amiga.. ao menos meia-dúzia de 40 ou 60... e que venham os 30...

O primeiro de 3 ou uma homenagem feita à minha poeta predileta...

(Entrou o rapaz pela porta. Não era por onde costumava entrar, mas por ali entrou desta vez. Tinha ares cansados de quem havia crusado mares.. paraísos.. infernos.. talvez muito mais, para ali estar.. e ainda assim sorriu ao vê-la, encostada junto à janela com seus ares de sonhadora..)
- Salve salve.. (ele disse como se aquilo tivesse de ser a primeira coisa a ser dita e percebendo não saber qual seria a segunda.. ao que ela respondeu com um simples, quase lacônico sorriso.. de canto.. sorrisos que não querem ser sorridos.. e sendo assim ele seguiu em frente..) Ouvi seu canto.. vim correndo.. nadando.. voando.. estive longe e essa lonjura pareceu fazer eterno o tempo..
- Seja bem vindo.. (ela disse como se esperasse por aquilo, mas aquele não fosse o devido momento.. e ele esticou as mãos tocando o sangue que escapava pelas feridas das asas..)
- Vim lamber suas asas..
- Hoje elas estão por demais cansadas.. mal tratadas.. quero apenas observar a paisagem e lembrar-me..
- Lembrar é bom, sou um colecionador de lembranças.. minhas e alheias.. guardo-as em mim até que se desfaçam ou se reconfigurem, se fundam, se transformem.. é bom lembrar..
- É.. às vezes é bom.. outras nem tanto..(Fez-se daqueles silêncios que tanto falam e ele sentou-se ali.. tirou do bolso da camisa branca, seria mesmo branca?.. Pois bem, tirou do bolso um cigarro e ascendeu fazendo uma branca e densa fumaça dançar pelo ar..)
- Quer dançar? (ele disse finalmente..)
- Por que?.. Para que?.. Para quem?
- Para nós oras.. por nós.. por todos que quiseres.. por ela.. por quaisquer uns.. ou por ninguém.. apenas dançar, fazer dos verbos.. movimento.. fazer do tempo.. lento.. fazer do sofrimento.. unguento que se passa, afinal tudo passa no seu devido tempo..
(Ela baixou os olhos como se aquela frase tão batida lhe ofendesse a atenção.. e ele prosseguiu talvez por não ter outra coisa a fazer..) Tens tanto.. tantos.. atentos ao seu manto, que esvoaça tão habilmente.. eu vi um pranto e vim cantar o teu encanto, a fim de instigar-te o canto.. o alarido.. decifrar-te o umbigo e equilibrar-me em teu abismo.. (As asas dele sacolejaram levemente fazendo a fumaça que se acumulava numa névoa seguir sua dança..)
- Fico agradecida..
- Fique feliz.. (ele propõem com seu sorriso mais animador.. os cabelos caíam-lhe aleatoriamente pelo rosto, tudo tinha um que de branco dentro da neblina que os arrancara de onde estavam, como se fosse uma núvem num céu de anil..) Que fico eu daqui hipnotizado.. não que qualquer sentimento seu tenha algo a dever à alegria.. seus espelhos são por demais representativos e suas semânticas temperadamente saborosas quaisquer que sejam os ânimos que os impelem ou as reações químicas que entrecortam as sinapses a conformá-los.. mas fique feliz e sorria seu mais belo sorriso e estes ares se farão estratosféricos.. esta terra se fará onírica.. essas criaturas se farão quimeras.. e nessa dança nos potencializaremos até dissipar-nos por toda a parte... (e baixou ele seu verbo, enquanto os lábios dela tremiam e os olhos tremulavam..)