quarta-feira, 29 de outubro de 2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Refúgio em Pasárgada ou Minha festa de aniversário...

A uma boa festa
Todo mundo sempre empresta
A própria animação
E desembesta
Em procissão
Para o local em questão
Que no caso
É Pasárgada
Meu reino encantado
Momentaneamente situado
Por um curto prazo
Numa chácara localizada
No caminho da perdição...

Nesse ano deu tudo certo
Não teve aperto
Teve é muito peito aberto
Para as loucuras que verto
Que o caminho é incerto
E isso vem de berço
Mas estando os amigos por perto
Vocês não imaginam da babilônia um terço
Fica tudo como nos versos
Tantos bons camaradas imersos
Na infinitude da alegria musical dispersos
Que se fazem imensos
E bem mais que propensos
A fazer desses festejos extensos
Nesse meu reino onde o mundo eu venço...

Mas começando o relato
Afinal ainda está tudo muito abstrato
Posso atiçar sua visão
Dizendo que por lá enlouquecer é condição
Há quem diga até que por lá o próprio mundo parece uma ilusão
Que transfigurada, remixada e potencializada pelo presente anfitrião
Meche com o tato
Com o olfato
Vista, paladar e audição
Tudo vem em um turbilhão
E quando alguém busca fatos
Percebe que o próprio espaço
Torna-se inato
À amplitude do passo
Que nos volteios to traço
Muda o tempo
Na verdade
Em infinitas temporalidades...

Estiveram todos os meus essenciais queridos e queridas
Todas as minhas pessoas preferidas
Minha irmã, a Daphne e a Mariana
O Thiago, Fred, Artuzito, Gordo e Pt
Tanta gente insana
Talvez só tenha faltado você
Teve o Tiaguera, Teca, Huguera e Zanon
Mirna, Raulzito, Márcio e Kauara
Todos fluindo ao sabor do som
Numa sincrônia saborosa e rara
Tanta gente que me é tão cara
Que me liberta desse saara
Meu amor, Henricão, Cicilia e Lenira
JC, André, Liz, Guilherme e Vanessa
Gente que comigo delira
Mergulha de cabeça
Ao sabor da minha lira
Pit, Robertão, Vitor e Madeira
Alê, Estevam, Patrícia e Eduardo
Que acompanham esse bardo
E se equilibram na beira
Caindo com estilo no abismo
Quando empresto meu lirismo
Eles vem na esteira...

E foi tudo tão plenamento perfeito
Que até fico sem jeito
Mas que foi uma festança de respeito
Ah foi
Nada que destoe
Só boas lembranças que ressoam
Assim como umas almas lavadas que voam
Devidamente embaladas
Numa desvairada lissergia
Depois de terem emprestado sua energia
Para a festa a mim consagrada
Já que nesse ponto da jornada
Eu quero é colorir minha estrada
Estar com minhas companhias sagradas
Em celebrações apoteóticas e profanas
Essa inigualável magia
Dessa gente insana
De fina maestria
Que emana
Até a alvorada
E que eu costuro
Enquanto enlouqueço e me curo
Continuando esse satisfeito doidão mais que impuro...

A quem lá esteve, mue muito obrigado...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pra minha irmã ou Por ser toda essa alvorada...


Quando Deus não me deu uma irmã
Subi lá no céu
Num incontrolável afã
E mesmo com minha veia pagã
Fiz um imenso escarcéu
Dizendo pro manda-chuva
Que faltava ainda uma luva
Pra caber na minha mão
Que já era mão de irmão
Mas que sentia a falta de uma menina
Pra ter toda minha estima
Uma do tipo que anima
Boa pruma prosa fina
Isso sem falar pruma boa diversão

Compreendendo a situação
Não é que o dito Senhor de Tudo
Mesmo tendo ficado estarrecido e mudo
Fez um sinal de eu te ajudo
E me mandou lá pro finado Estação
Na 109 sul
Onde com uns amigos de estudo
Encontrei uma mocinha toda cool
Que combinava bem com meu azul
E que também caçava um irmão

E foi ali sentados no chão
Escutando People are Strange
Que a gente se reconheceu
A irmandade aconteceu
Em meio à conversação
Ela tanto me apeteceu
Que tá aqui no peito guardada
Minha irmãzinha sagrada
Já depois de tanta estrada
Por ser grandiosa e espivitada
Por ser dançante, musical e tresloucada
Por ser alucinante, cachaceira, especial e animada
Por ser toda essa alvorada
Eu que agradeço
A companhia na jornada
Você não tem preço
E olha que ainda tamos no começo
Ainda há de haver muita mais irmandade a ser celebrada...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Perfeita...

Foto by Tuta

Ali estava Lúcia. Encolhida no canto. Coxas junto a barriga. Sem luz, estava Lúcia no escuro, encolhida por não ser a escolhida. Sentia-se uma trouxa de uma figa.. trinta e oito vezes trouxa. Sentia a extensão de cada ferida em sua carne perfeita, carne tão afeita, carne de quem se ajeita, mas serve de modelo. Mas como alguém a rejeita, ela não aceita e desmodela a própria virtude. E ainda assim não chora.. Lúcia apenas devora a angústia nas trevas. Queria cigarro, injeções, bebidas, pílulas e qualquer outro vício que passasse pela frente. Queria mil homens. Não queria nada nem ninguém.

Fazia mais de uma hora que ele saira. Ela continuava na mesma posição, prostada no chão. Fazia mais de uma hora que estava assim. Fazia mais de um mês que sabia. Fazia mais de um semestre que não ligava. Assim pensava. Fazia mais de um ano que só circulava. Fazia mais de trinta que tinha esse sonho. Costas na parede e mãos sem motivação. As palavras dele ainda ressoavam catastróficas nas idéias dela. As idéias dela ainda soavam catastróficas para qualquer perfeição. Palavras vermelhas na carne azul dela. De amarelo só o ambiente. Pensou em levantar, mas logo desistiu.

Escutou passos no corredor lá fora. Mais algum vizinho chegando ou saindo. Que importa? Quem se importa? Estava de mãos e asas atadas em raízes seculares. A culpa era dele? Tanto era, que ela nem poderia isso achar. A culpa era da vida. Da primavera. Da crise nas bolsas. A culpa era mesmo do início.. malditos prenúncios dos fins. Continuava sentindo a poeira sobre os tacos soltos do chão, onde deviam estar os alicerces de seu castelo. Jurou pela oitava vez que nunca mais passaria por isso. Era apenas no décimo primeiro juramento que ela perdia a crença neles.

Empurrou o mundo na esperança que a normal a empurrasse para a vida. Mas apenas sentiu todo o peso do mundo em suas costas. De nada lhe servira até aqui ser perfeita. Ser perfeita só trazia sofrimento. Sofrimento que maculava sua perfeita aspiração.

Pois feita. Pós fato. Pré-aceita. Não peita. Não pita. Não par. Ímpar feita, voou escutando a campainha...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Primeiro dia

Era tudo escuro. Pela ausência de luz. Mas não havendo luz e apenas escuro, era então a luz a ausência do escuro e não o inverso. E estava frio.. pela ausência do calor. Mas não havendo calor para o frio ser a ausência desse, era então o frio material e o calor uma mera abstração semântica. O pequeno ponto, enfim, ocupara o menor espaço de coesão possível e explodiu. Foi aí que luz e calor entraram na história. Assim como o próprio espaço, que acabara de se mostrar mais versátil do que o capitalismo.
Uma profusão de atores e atrizes adentram o cenário, de modo que poderíamos fazer análises micro que representassem o macro, ou mesmo concatenar processos estruturais capazes de abarcar uma quantidade imensurável destes. Nada disso, no entanto, iria garantir a perspectiva a ser vislumbrada. Esqueçamos filosofias para essa história, afinal não há racionalidades intrínsecas à mesma, apenas um expansão pós-explosiva principiando a morrer, já do início de se fazer existir.
Dando o espaço utilidade às noções temporais, logo o entrecruzamento da mesma passa a tornar cabíveis entendimentos como velocidade, expansividade, massa, volume, aceleração e outros protótipos conceituais explicitáveis através de equações lógicas.
O alarde e os movimentos sonoro-ópticos catalizadores de aquarelas caledoscópicas transcendentes de quaisquer fronteiras sensoriais iam introjetando um ritmo imperceptivelmente cada vez menos intenso, ainda que o êxtase paralelo da parábola traçada a tudo ludibriasse, tornando toda e qualquer explanação a esse respeito um simples joguete retórico de caráter arbitrário.
Pontualmente, espasmos estabilizantes marcavam saaras mais ou menos extensos, elipzando ordens espiraladas, mesmo que recortadas, localizadas, provisórias e subjetivas.
Finalmente, o calor e a luz estavam difusos por tantas partes que era como se não estivessem em lugar algum. Lugar algum, no entanto, que não abarcava idéia outra que uma abstração hipotética de uma hermenêutica tortuosa, pois alheia a idealizações de inverossemelhança relativa, todo lugar se configurava como algum.
Foi assim que tudo acabou...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Desafio ou mão...

Mão
Que corre
Rente
Pela gente
Socorre
Ou não
Mas mão
Mar-mão
Que escorre
Como banho quente
Atiçando a mente
Quase um porre
A sensação
Contra-mão
A cada vão
Você sente
Tal qual serpente
Essa ação
Dessa mão
Tão voraz
Quanto exigente
Sinuosamente
Querendo mais
A tua paz
O teu cais
Todo teu chão
A tua estação
Como só ela faz
Essa mão
Fará de todas verão
Trará suspiros
Com seus giros
Delírios
Piras que atiçarão
O que miro
Ventos alísios
Que deslizo
Enquanto deslizas
Pelo leito-mão
Matizas
Ventanias
Com teu riso
Em profusão
Da conjunção
De tudo que querias
Com o que viso
Essa nossa mania
De nessas mãos
Fazer da criação
O pão
Do precipício...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Elisa ou Brisa-arpão...

És lisa
Elisa
Escorregadia
Como seus olhares
E sua vida vadia
Serpenteias
Entre os pares
Pra que lares?
Se tem o céu do dia
E o teto da noite
Se vive como um açoite
Na carne alheia
Se és injetada na veia
Para uma loucura direta
Real
Vossa magestade
Só não haver meta
Ou reta
Que te comporte
Pois os que tem sorte
Fazem divinações em teus cortes
Os que não
Ficam pelo chão
Ladrilhando o caminho
Dessa tua vida cor de vinho
Que tanto causa desalinho
Quanto faz dançar a criação
Porque matizas
Martirizas
Enquanto deslizas
Como arpão
Do peito que pisas
Doce como uma brisa
Rumando para a imensidão...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008