sexta-feira, 16 de julho de 2021

Festim para o finado fauno 6

 Não sumo

Tô sempre caçando seu rumo

Seu sumo

Sua seiva

Sua selva 

Na relva

Cavalgada 

Conjugada 

Afinal não há nada

Mais grudado que nós dois

Pois somos o antes, o agora e o depois

Poetizando a jornada

Invadindo a madrugada 

Com almas entremeadas 

Maravilha que sois 

Capaz que eu sempre voe 

Nesse eterno te buscar 

Até que consiga rasgar 

Penetrar

Provocar 

Seu moço a morder o seu pescoço 

E me instalar 

Devasso

No âmago do teu querer

sábado, 10 de julho de 2021

Festim para o finado Fauno 5




Dobrei o tempo e o espaço 

Para trazer meu traço 

Ao teu regaço 

Regar-te num amasso 

Nem tudo posso

Mas tudo faço 

Um laço 

Na mão direita

Estranhas 

Mas aceitas 

Minha barba arranha

Enquanto se ajeita 

Assanha

Te deleitas 

Capaz que derreta 

Quando prendo a esquerda 

Sem nenhuma perda 

De um instante sequer

Pois sua maravilhosidade requer

Que verta 

Poesia de mulher 

Quanto mais vier

Melhor

Corpo preso

Alma solta

Vem o peso 

Voltas todas 

A pele arrepia

Os olhos fecham 

O universo invade

No meu verso arde 

Se esfrega 

Suplica mais 

Mordo ainda 

Cobrindo tudo de cima 

Com a rima 

Fazendo o embalo 

O mergulhar até as profundezas mais abissais desse teu mar 

Num único fôlego de mergulhador fascinado pelo infinito 

Fito 

Preso

Amarrado

Pelo seu íntimo enlaçado

Rebolo

No teu colo

Atados 

Remo um gemido descontrolado 

Faminto como o monstro do mito encantado 

Devoro 

O umbigo

O ventre

Os seios

O pescoço 

Devoto

Me detenho 

Seu moço 

Movo 

Colo

Assolo 

Quase um tolo

Ante a deusa do gozo

A bruxa 

No voo 

Me puxa 

Me usa 

Minha 

Desalinha 

Me entranha na vagina

És minha sina 

Assinas 

Fascinas

Desatina 

Cada milímetro ofegante da explosão que encaminha 

Minha

Sua 

Soua

Ressoa 

Entoa

Então 

Se apertam as mãos 

De tremer os chão 

O melaço no vão 

Quentes

Rentes

Inconsequentes

A gente

Que não é desse mundo não...

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Festim para o finado Fauno 4




 Basta uma nota

Um som

Seu tom

No meu J

Juntos

São tantos assuntos

Só nossos 

Nós 

Atados 

Na cama

Na trama

Na sanha 

Façanha 

Seria ficar parado 

Que poesia quer tudo colado

Corpo

Pele 

Peito

Alma

Até os traumas 

Me salvas

Tão fada

Tão safada

Tão assenhorada

Na minha jornada

Como quem trança as coxas na cintura do parceiro excitado

Arranhado o pescoço para provocá-lo 

Morde o lábio grosso sambando no falo

Mistura dor e fervor 

Pois esse é da vida o andor 

E sois atrevida 

Sois colorida 

Entre tantas feridas 

Tem as asas

As brasas

As ondas profundas que não cabem nas casas rasas

E que me banham

Me afogam 

Me devoram

De explodir nos teus lábios

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Festim para o finado Fauno 3

 A arte do meu traço

Escapa sempre pro seu regaço 

Como se fosse minha boca

Provando cada pedaço 

Em uma troca louca 

Que começo boca com boca

Parte com parte

A boca no pescoço é minha arte 

Sorver os seios até que o peito infarte

De tão disparado

Sigo descendo colado

Te marcando da fome do meu faro

Até o umbigo

Que tenho comigo 

É o centro de tudo

De onde sigo mudo

Para os teus perigos 

Ricos

Molhada

Melada

Perfumada

Sagrada

A carne macia que se abre para a língua a cada passada

Parando entre lábios 

Pelo grelo em mil rodopiadas 

Ante as coxas escancaradas 

Arranhadas

De mim marcadas

Roxas de tão mordiscadas

As mãos apertando a bunda

Que Volteia querendo mais

Enquanto a língua passeia sem paz

Tu te esfregas profunda para sentir minha cara na carne

Minha volúpia te faz

Refaz 

Recita seu tesão na ponta da língua ainda mais

Teu cais 

Meu mar

Enquanto teu gozo me traz

Banhado na barba

Em nova carga

Que invade e não tarda

Por mais que arda

Penetro

Certo

Te aperto

Com o peso do eterno 

Firme e forte 

De começo lento

Pois tento

Sentir cada detalhe

Te esculpindo com a mão os entalhes 

Te batendo na bunda de bruxa minha safada

Que me puxa e se entrega possuída 

Gemendo do alforje 

Me toma Jorge 

Meu fauno

sábado, 3 de julho de 2021

Festim para o finado Fauno 2


 


Entre sonhos e a realidade, a verdade, as verdades, sem vaidade, é essa necessidade que componho dessa tua reciprocidade, dessa sua poesia que me invade,  me arranha, me ganha, com sua graça tamanha, com esse encaixe,  para além dos campos e cidades, dos normais e sua normalidade, tem o mundo e tem nós dois, na nossa trova, degustando cada prova, provando cada mel que escorre, tomando logo um porre,  bebendo a vida no bico, se lambuzando depois, por esse sol que sois, tal qual lua reflito, teu eu tão bonito, infinito, puro agito no meu peito, no meu colo, no meu falo, nunca calo, te fumo, és meu rumo, te como com as ideias, puxo o cabelo com conversas, te penetro com as rimas, a gente dança com vontade, não cansas, o dançar avança,  pulula, trança as coxas na cintura, há quem jura, que por mais lonjura,  estamos grudados, daí que te mordo o queixo,  te conecto o eixo e me deixo, suspirando no teu eu mergulhado... eternos...

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Festim para o finado Fauno


Sendo o seu umbigo o centro do universo

O rio do meu verso só faz correr pro seu mar

Nesse transversar já assim ao acordar 

Vai a boca buscar passear na possibilidade de te mapear

Contorno firme como o da mão a apertar

Como a volúpia que arrepia ao se entranhar

Daí aperto a tela com o cuidado de quem toca o grelo,  pois ao fazê-lo,  é como tê-lo, entre os dedos

Me deleito

Me entrego

Desassossego até o próprio desassossego e faço,  refaço,  trespasso

Esse nosso laço

No teu regaço

Mergulhado

Até o talo da alma

Como se fosse o falo

Melado na tua calma

De me dominar por inteiro

De grudar meu terreiro

De percorrer com os lábios

De esquecermos de ser sábios

Nesse sábado

Colados e fadados a explodir a própria realidade na terra encantada de nós dois... 

Onde todo depois já é certeza alada

Daí saltam as palavras

Rebolativas e safadas

Prontas pra serem emissárias das semânticas sangradas e sagradas de nós dois...