segunda-feira, 15 de junho de 2020

Sem título 1

Eu tenho olhos tristes e cansados
Eu te olho, triste e cansado
Te molho, riste e casado
E colho isto calado
Encolho tocado
Olho todo
Outro

Dou
Ó
...

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Carta para Hélio Lopes


Salve Negão... feliz aniversário, desculpe o horário, mas o mundo está todo ao contrário. Uma mega pandemia de um vírus da gripe tomou o país e o mundo. Já morreram 30 mil pessoas só no Brasil. Um mundo em quarentena fazendo o vírus humano perceber a sequela ambulante que é. Nem todos, claro. Você estaria com 71 xingando bastante.
Estamos todos confinados em casa. As crianças tendo aula pela internet, eu ainda por resolver as questões na escola nova, onde mal cheguei e veio a interrupção das aulas. Estou meio em lugar nenhum, mas passando muito tempo com a Ana e o João. Eles são incríveis. Hoje, o Gustavo já tá fazendo 2 anos e seus três netos vão muito bem. Dé tem trabalhado horrores com isso tudo.
O fascismo saiu do armário e os idiotas já não são tantos, mas os canalhas cruéis são em número muito maior do que eu pensava.
Meu peito tem doído, meu jeito tem arrefecido, não que tenha desistido, mas sinto que entre tanto que podia ter sido, certos espinhos são muito doloridos. Saudade, pai. Muita saudade. Queria um colo pra estar protegido. Queria me sentir salvo como no refúgio que ofereço aos meus pequenos. Eles tem um pai incrível. Um pai amoroso e dedicado que brinca pra todo lado, que da bronca, chora e fica frustrado. Um pai que os faz voar e está sempre a acompanhar tombos e risadas. Um pai que aprendeu muito mais do que pensava com o pai mais incrível que existiu.
Voltando ao Brasil. Suspenderam tudo, mas o Sistema segue matando. Um policial branco matou um homem negro nos EUA. George. Acendeu o estopim. Entornou o caldo. Foi a gota dágua. Aqui a intervenção sem fim é de policial matando adolescente no morro com tiro de fuzil pelas costas. João. Nada vai mudar. Eu sinto. Mas lutamos por não saber como não lutar. Cuidamos nessa resistência que somos com nossas táticas das pequenas coisas.
Mas te digo, nunca estive tão triste. Tão precisado de um abraço.
Ano você... desculpa as poucas palavras. Nunca haverão palavras, sintaxes e fonemas suficientes para dar conta desses quase 10 anos de falta que você faz. Obrigado por tudo.
Você segue sendo incrível.
Amo você.