domingo, 19 de maio de 2013

Amada

Com dez anos de estrada
Posso dizer que toda essa caminhada
Só vale a pena pela sua companhia
Por poder me encostar em você todo dia
E não carecer de mais nada
Do anoitecer à alvorada
Por essa sua mania
De me completar
Pois a arte de bem cuidar
Está no âmago do seu jeito
No carinho do seu peito
Em tudo que por você é feito
E que lapida meu vivenciar
Colore o nosso par
Faz desse mundo ímpar
Mais interessante de singrar
És meu ar
Minha amiga predileta
Minha parceira completa
Minha teimosa alerta
Para quando a vida é incerta
Sempre tecendo o nosso acertar
É o Magaiver
É a médica
É a mãe de todo mundo
É meu querer mais profundo
Minha ética
Minha estética
Minha fonética
Minha semântica
Minha aventura romântica
Minha melhor história pra contar...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Camadas


Quando os dedos dela tocaram o baralho, ela sentiu um estranho calafrio. Por um instante, ela teve a sensação de experimentar o mundo em camadas. Em um instante ela era um bebê sozinho no berço cujo pranto clamava pelo alimento, para logo depois ser uma jovem menina correndo com sua prima na fazenda de seu tio. Em seguida, era uma jovem impetuosa desejosa de vida. Foi a vez de ver-se uma mulher de beleza madura ao lado de um belo homem. Viu-se velha assinando papéis de um inventário. Naquele momento, ainda aturdida moveu as cartas e fez dois montes. 
Ao levar uma metade sobre a outra, viu-se delirante de prazer nos braços de um homem que jamais vira. Quando as cartas se encontraram, era uma mulher estafada com uma criança nos braços que não conhecia. Deixou as cartas com a agonia de ver-se jogada numa sarjeta como mais um zumbi do crack.
A velha senhora recolheu as cartas, enquanto a mulher ainda ponderava se teria sonhado acordada. Foram lembranças, mas os últimos.. um deles ela tinha certeza que era um sonho.. era um sonho antigo. A velha sorriu pra mulher, recuperando sua atenção, que foi guiada para a carta que ela virou.