quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Fim de ano...

Me aperto
O futuro é incerto
Não sei ao certo
Mantenho o peito aberto
E sigo plantando a semente
Vendo o vivente
Vivendo
Vou vendo
Que tem remendo
Se não tem concerto
Tem tempo
Se não tem acerto
Somente sendo
Achamos o acento
A equação
Inexata
Diário e vida
Condição
Que o caminho é um só
Por mais que de nó
Desdá
Mesmo se tempo não há
A gente estica
Alguém vem e complica
E a gente se coça
Se roça e só se vicia
Ai jaz a magia
Jazz
Tanto faz
Eu quero é mais
Que menos eu não aguentaria...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Tirinta

Bom dia
Se você dormia
Eu entro no sonhar
Pela periferia
Muito gostaria da sua companhia
Não a que era
Nem a que seria
A que é
Quem dera
Haveremos de raiar o dia
E se o tempo rarear
Por ser raro
Tão caro será
Mais do mesmo é o que mais há
Mas venha dançar
Que está ficando claro
Me agrada o amparo
De quem sabe inspirar..

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Além



Fui..
Não é que fui
Sem fim
Só fui
E como fui
Não só
Foi tudo planejado
Afinal o caminho tá apresentado
Só não segue quem não quer
Mesmo que siga
Tem gente que não liga
E quem empurra com a barriga
Enfim, segue o jogo
Acenda o fogo
Ou banque o bobo
Mas só siga se quiser
Que o tal do caminho dado
É bem melhor acompanhado
Fica mais festejado
Muito melhor trilhado
Em ventos de bonança
E tem que ser povo que não cansa
Que é longa nossa dança
As correntezas são profundas
As águas são imundas
E daí mesmo fecundas
Afinal de contas por que não viver esse mundo?
Se não há outro mundo
E se só esse mundo há
E você pode ver todos lá
O cara que tudo repete
As duas mulheres que assistem
O marajá que analisa
O clone do planeta bizarro
O nêmesis que flerta com o perigo
Os sultões da luxúria
As diabretes do pecado
O anjo da guarda
As quimeras
As camadas
Parece lissergia pura
Não caberia em contos de fada
É mais denso
E lento
O processo
O jogo é sempre o mesmo
Mesmo a esmo
Mesmo mesmo
Sempre mais do mesmo
Não era isso que você queria ouvir?
Tenho que ir
Pena você não vir
Mas foi a melhor de todas...

domingo, 14 de outubro de 2012

Ao infinito e além...


Quando convido alguém

Para seguir rumo ao infinito e além


Veja bem


Não é querer mal a ninguém


Não é também só agir como convém


Pelo contrário


É escapar do horário


É propor um caminho intermediário


Entre as fissuras do sistema


Serve como lema


Ou tema


Até teorema


Mas desde que mataram o trema


Eu tramo fazer poema


E para favorecer meu esquema


Faço festa


Em que o povo desembesta


Pois aqui ninguém se presta


A ter os pés no chão


Dançar e voar é a nossa condição


Na sensação de um universo paralelo


Na verdade o movimento é o elo


A companhia é pra diversão


A música é o pão


Nosso mocambo, castelo


Não importa se azul ou amarelo


Doce embalo


Belo


Um êxtase singelo


Sabem do que falo


Mais do ninguém


Mas venho proclamá-lo


O peito não calo


Só falta saber se você vem


De carro, de van ou de trem


Que adornos te convém


E como pretendes vencer do ar, o atrito


Para que sigamos ao infinito..


E como pede o rito


Um tanto mais além...



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O que você queria ouvir...

Todo jogo
Tem seu tempo
Se deslocando no espaço
Eu rogo
Não venha logo
Alongo o traço
Mas por mais que faço
O tempo escapa
Demorou mas veio o tapa
O topo
Não topo
Meu tipo
Só trampa
Se gosto
Só ama
Se aposto
Só dança
Se me enrosco
Só vive
Se posso
Por isso
Eu curto a viagem
O ínício, o fim e o meio
Pois se o passeio finda
Por mais que haja uma longa estiagem
É tudo miragem
Pior é o que não veio
Foi perder o calor do seio
Temos tanto ainda
Tanta festa linda
Sempre mais do mesmo
Mesmo a esmo
Ou não
Por aí...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Quatro partes ou leia de trás pra frente...




- Você já foi melhor nisso.
- É verdade. Já fui.. mas ainda sou bom em outras coisas.
- Sim, sim.. claro.. quem foi rei nunca perde a magestade.
- Isso eu não sei.. mas ainda tenho meus méritos.
- Ou desméritos né..
(Risos) - Pode ser.. de qualquer forma, eu faço o que posso.
- Claro, claro.. afinal nessa competição nunca tem vencedor.
- Mas a gente tem nossos momentos né..
- O que seria de nós sem eles.. cigarro?
- Não, obrigado.. você sabe que eu não fumo..
- Não fuma tabaco..
- É.. isso jaz no passado.
- Bom.. eu não perco tempo controlando meus vícios e além do mais..
- Com licença..
- Quem é você?
- Isso mesmo.. quem é você? Isso aqui é um diálogo em um mundo dicotômico..
- Sim, sim.. mas eu sou a terceira parte..
- Terceira parte?
- Como assim terceira parte?
- Terceira parte oras.. um.. dois.. três.. entenderam? Eu achava que vocês fossem mais espertos..
- É difícil.. não estamos acostumados à uma terceira parte..
- É porque vocês vivem nessa velha panelinha.. "nesse romance astral"..
- E pra que serve uma terceira parte?
- Pra mostrar que as coisas não precisam ter uma serventia para serem, por exemplo..
- Muito interessante.. muito interessante.. aceita um cigarro?
- Sim, claro.. vocês tem algo pra beber?
- Não é uma má idéia.. cerveja?
- Nada melhor no meu entender...
- Mas então.. o que você veio fazer aqui?
- Mudar de ares um pouco.. estava muito quente lá do outro lado..
- Ah sim, as coisas são realmente mais frias por aqui.
- Eu diria mais.. frias, certas, estanques, definidas, acertadas, divisadas.
- Pois é.. vocês não me levem a mal, ou a bem, conforme o caso, mas as coisas por aqui parecem meio monótonas, na verdade.
- Diótonas, no mínimo. E a culpa é dele. Fica tolindo os vícios e os prazeres.
- "É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro".. você acha mesmo que não tem seu quinhão de culpa?
- Muito fácil pra você ir chegando e levantando problemas.
- Você não faz idéia dos conflitos que vivemos por aqui.
- Esqueçam.. ele é sempre assim.. cheio de meio-termos...
- Só me faltava essa..
- E você quem é?
- Devíamos é aproveitar e fazer uma festa logo...
- Eu sou uma outra parte qualquer...
- A quarta parte?
- Se você quizer dizer assim... ontem mesmo eu encontrei um grupo de prolegômeros de alicarnassos e eles me chamavam de "elo mais fraco"... ano passado umas concepções escatológicas me taxaram de "letra f".. mas se quiserem me chamar de quarta parte, fiquem à vontade..
- Entendam que as coisas nunca são tão movimentadas por aqui..
- Claro, claro.. aqui é um mundo dicotômico, eu sei como são essas coisas..
- Pois é, a gente tá acostumado com coisas mais harmônicas..
- Tudo tem uma certa harmonia..
- Isso é você quem diz..
- Mas e então, para que você serve?
- Eu já disse que nem tudo tem serventia..
- Mas eu mesmo tenho muitas.. sou pau pra toda obra..
- E qual é o objetivo disso tudo?
- Isso mesmo? Qual é a de você dois aparecendo aqui?
- Eu queria mostrar o interstício que existe entre vocês...
- E eu não queria mostrar nada além de tudo que algumas coisas podem não representar...
- Ãh?
- Que?
- Nada.. tudo.. alguma coisa.. não representar.. ah, e não necessariamente nessa mesma ordem...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sobre o muro...



Por certo, é duro
O tal do muro
Lhes asseguro
Pois espreitei para além do furo
Da fresta
Réquiem para uma festa
Pra quem tem peito que desembesta
As lições que a estrutura empresta
Conjuntura funesta
Aprisionando a espuma do mar
Sempre a escapar
Da mania insular
De querer ser continente
Contingente
Nem tente
Melhor voar
Mesmo que o mundo não queira
Basta empurrar
Pois estamos na beira
Sem eira
Poeira
Da pedra
Pixada e dura
Há quem jura
Que a gente tanto bate quanto fura
Quem dera
Mas nada disso cura
Nem demônios esconjura
Ou faz da vida mais pura
Apenas um caos que impera
Enquanto a ordem se esmera
E fazemos dançar a besta fera
Pelos escombros do que vier por aí...

quinta-feira, 29 de março de 2012

Nota de repúdio

Nessa nota
Que ninguém nota
Minha letra morta
Vem consolar meu verbo
Perdido entre tantos adjetivos obtusos
Que seus fazeres se tornam confusos
E a ação fica torta
Isso quando não se aborta
Pelo bater salutar da aorta
O viver
O alvorecer
Um tanto que pode ser
Mas que a sintaxe corta
Por uma semântica apaziguadora
Pela tranquilidade da doutora
Por uma carne que doura
Mas não assa
Aquele blazê sem graça
Perpassa
A condição das sinapses
Desejosas de alguns ápices
Enquanto se afogam no concreto...

sábado, 17 de março de 2012

Sonhei...

Sonhei com uma fada
Encolhida num canto
Por ter sido esquecida
E estar fadada
Ao desencanto
Na minha memória adormecida
Ela seguia subsumida
Sem riso, nem pranto
Mas ainda alada
Pois ela não queria nada
Além de um tanto
De vida
Falei, então, em esperanto
Para a fada em minha mão espalmada
Que a tal vida só era colorida
Pelo surrealismo que ela me dera
Pelos horizontes além da esfera
E que minha gratidão eterna era sincera
E era isso que a aprisionava...

domingo, 11 de março de 2012

Assim assado


Assim

Idos
Munidos
Tanto que poderia ter sido
Sem fim
Carcomido
Aos sumidos
Subsumidos
Na poeira carmim
Tenho pra mim
Assumidos...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Ao mar...

Atiça a chama
Chama
Aquela vozinha que reclama
Conclama
Ao sabor do vento que alimenta
Aquela vida que arrebenta
E assoma acima da tormenta
Até se tenta
Mas é tanto que o crime não compensa
Névoa densa
Vida imensa
Quanto mais se pensa
Menos se faz
Então, se algo nas cinzas jaz
Há que se fazer um algo mais
E multiplicar o que se trás
Crime atroz
Seríamos nós
Chegarmos à foz
E não curtir o mar...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Perspectiva...

Murcham as flores
Desbotam as aquarelas
Apagam-se as fotografias
Continuam a haver dores
Algumas sequelas
Inconstantes frentes frias
Sempre mais do mesmo
Não era isso que você queria ouvir
Mas no porvir
Só pode vir
A cada quero ir
A louca conjunção
Da sua condição
Onde o caos te pega pela mão
E ordem sopra movimentos
Temos de ir saboreando o vento
O fazer no reinvento
Curtindo a paisagem
Trabalhando na vertigem da viagem
Pois chegar é bobagem
Teleologia antiquada dos antigos
Perdidos do próprio umbigo
Mas tenho cá comigo
Que o único abrigo é o mundo
A única possibilidade é a vida
Posso ser raso, largo, profundo
Pode ser preta e branca pu colorida
Devaneios de um mero vagabundo
Mas curtir é minha saída preferida...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Jogue o jogo


Se prepare
Solte os cabelos
Não que alguém repare
Mas é bom soltos tê-los
Nada de novelos
Nem de novelas
Óculos escuros para cobrir as telas
Água para evitar as sequelas
E pé na areia
Que a música já serpenteia
E o jogo te espera
Quem dera
Toda criatura que se esmera
Pudesse desprender-se da teia
E como uma folha que passeia
Ao sabor do vento
Quebrar a diacronia do tempo
Verticalizar a sincronia do momento
É este o intento
Que o jogo pede
Pé não arrede
Inaugure o movimento
Para cada batida um invento
E o mundo se inverte
Desperte
Se parecias inerte
Ser-te vertes
Vicky, halls e fumaça
Ajudam no avançar da massa
Mas o mais importante da caça
É que o que quer que você faça
Dance
Não canse
Avance
Jogue o jogo
Não queira chegar logo
Só o que rogo
É que faça como o fogo
Que queima apoteótico
Antes de virar cinzas...