terça-feira, 27 de dezembro de 2016

No fim


No fim
Ela chegou pra mim
E disse assim
Tenho que ir
Te quero tão bem
Que preciso partir
Tomar esse trem
Encontrar outro além
De você me despir
E eu quis segura-la
Explicar como era rara
Mas faltou-me a fala
Foi daquela dor que cala
Que até o tempo para
Que faz do jardim
Um Saara
E quando eu vim
Já era tarde
Mesmo se o peito ainda arde
Mesmo se depois fui puro alarde
Na hora
Só sofri
Me vi ali
A dor de quem chora
E devora cada lágrima
Esquece a rima
No peito essa espora
Na vida essa esgrima
As grades não lima
Apenas um querer que parte
Porque a vida tem tanta arte
Mas nem toda arte é pra vida

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Antes do fim

Faz tempo que não escrevo
Não sei se assim à deriva, devo
Sou dos que procuram quatro folhas no trevo
E graça na musa
Não há o que viva
Se ela não me abusa
Se meus caminhos não cruza
Se não me prende nas tranças
Me transa
Sem esse algo em mim
Que por ela balança
Tudo cansa
Estou assim
Preso na dança
Dos lábios carmim
Desse sabor de sem fim
Dos desenhos da tua forma
Mesmo se poeta não tem norma
Tem teu nome
Na minha fome
Na minha carne
Na minha sintaxe
No meu verso...