quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Segunda Fábula Segundo Se...



(Por ali estava o menino. Ali, o menino e seu desatino. Talvez fosse obra do destino.. talvez não. Mas estando ele ali ao nível do chão, seguiu com a procissão até ter uma ímpar visão. Viu, o tal menino, em meio ao turbilhão, um sábio, consultando o astrolábio, lendo os astros e decifrando os meandros da criação...)

- Oi...

- Pois não? Diga logo menino, o que queres saber, ó pequenino.. pois meu tempo é curto e posso ter um surto se me demorar com o que tens a perguntar..

- Ah bom.. bem.. tá bom.. eu nem ia perguntar.. mas já que o senhor falou assim tão bonitinho.. bem.. o que é a felicidade?

- A felicidade é um estado!

- Que nem Minas Gerais?

- Não, não, pequeno órfão.. a felicidade é um estado, como quando quero dizer uma situação.. e por isso mesmo ela nunca é, ela só está!

- Ah tá.. que nem quando a professora fala pra mim.. "sua situação não tá nada boa.."?

- Bem.. mais ou menos.. talvez o entendimento não tenha sido pleno.. façamos assim.. felicidade é um estar sereno como quem caminha num jardim.. e tendo passado o último jasmim, já não mais é.. apenas estava.. restou fé e saudade, mas isso não é nem a metade sequer...

- Então a gente só pode ser feliz quando já passou?

- Assim é pra maioria.. presos no frenesi do dia-a-dia.. pensando sempre no que deveria, enquanto sente o estômago queimar de azia.. mas há quem curta o passeio e a companhia.. mesmo sem saber a que veio, não segue a esteio e para ter paz, faz...

- E como faz?

- Só se se sabe fazendo.. não tem remendo.. conforme vai vivendo, há que crescer o querer desse viver.. ou simplesmente é como os demais que vão esmorecendo.

- Eu vou crescer bastante e ser bastante feliz.. estar bastante feliz.. sei lá... (disse o menino sem nada entender, vendo que o estranho velho já não estava, como se pudesse desaparecer, escafeder, entre toda aquela multidão brava, que passava, sem dar-lhe nenhuma atenção..) Fé em mim há.. e um mar por alcançar...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Estradas e Universos



Voltei da Universo
Juntei o disperso
E através do meu verso
Te conto o interno representacional inverso
Paralelo
Faço um elo
Para travar o duelo
Em um dançante castelo
Ladrilhos amarelos
Pro nosso valsar
Começa com um par
Depois é só multiplicar
Pois cada pessoa ressoa 
E o tempo é coisa atoa
Tal a imensidão do mar
Mas o jogo é de pés na areia
Um mundo colorido
Digamos uma aldeia
Enquanto a noite alteia
Caímos na teia do indefinido
O cabelo serpenteia
Os sentidos são invertidos
E me dê o embalo
Se sabe do que falo
Do mundo onde tudo pode ter sido
A hecatombe de um abraço
A delícia da apoteóse para qual nasço
Um beijo
Um elogio'
Um delírio
Um mundo mentolado
Um transe
Avance
Não há como ficar parado
De ar vibrante e água gelada
Se faz o oásis dessa enseada
As energias para a jornada
Que a estrada tem buracos
Mas traçamos arcos
Nos rastros das nossas asas