quarta-feira, 14 de maio de 2014

À minha filha que não vai nascer

Hoje, dois irmãos, uma menina de 13 e um menino de 9 morreram queimados na Ceilândia por conta de um sujeito que alega uma dívida do irmão mais velho delas.
Uma mãe e a filha pequena morreram por conta de um bêbado no trânsito. Tá na capa do Correio embaixo da Monstra no banheiro dos fundos.
Aquele médico que esquartejou a amante em 2003 vai ser julgado de novo. Ele tava em liberdade.
Mataram uma mulher por um pacote de biscoito.
Linxaram uma mãe por ser uma "bruxa" que sacrifica crianças.
Bárbaros, meu filho?
Não... humanos.. como você seria, minha filha. Damasiadamente humanos.
A vida é violenta. Um pega pra capar sem fim.
Um aluno morto.
Um pai de alunas assassinado.
A antiga vizinha que definha.
O Leitão.
O Jair Rodrigues, que era só alegria.
O amigo da mãe subitamente em um festival.
A vida tem o compasso da morte, Joana.
Desde o início.
A morte é minha personagem predileta.
Não por ser doce, nem por ser bala.
Por ser inevitável...
Mas a vida não é bem durável
É um sopro
Um suspiro
Um assobio
Um delírio.
Que vale a pena
Mesmo se não plena
Helena
A passagem terrena
Compensa
Por mais curta que seja
Obrigado, querida
Pois a vida se dá enfrentando a morte.