sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sobre ser pai 2



Já são 6 meses de Ana. Quanta Ana. Não há mais sem Ana. Todo dia, toda semana. Enquanto ela cresce veloz, alarga-se a foz do rio de minha vida. Há cores novas antes indefinidas. Há partituras novas, que antes eu via, mas não podiam ser lidas.
Me encanta. Toda essa vida que há em Ana. Que há em nós. A vida não é plana. Não é plano. É mundana. É infinita nas possibilidades. Nas ciladas da cidade. No desembestar da mocidade. Da mocinha que dorme, não quer comer, adora árvores e ri com as alturas.
Árduos são os percalços. Nada é natural. Tudo é experiência. De se equilibrar uma cabeça a engolir um alimento. Mas saborosas e entusiasmantes são as vitórias. Os sorrisos. Nem todo mundo arranca os sisos. Nem todos estão indecisos. Alguns apenas sorriem antes que o mundo leve isso.
Tais glórias não lembramos na fábula, apenas no gesto. Daí que me empresto, me envolvo, me entrego, me apego, pormenores resolvo. É como ter oito braços de polvo. Havendo tempo para o encanto, para saborear, é sabor ímpar. Brincar no banho até a pele enrugar.
É tanto que parece nosso o pranto. Antes fosse. Pudesse fazer tudo ser doce, racionalmente não faria, pois se a vida desvaria, precisa de tropeço. E eles estão por aí desde o começo. É o preço. Da vida. Mas Ana a deixa mais colorida. Cor de cenoura, beterraba, feijão, arroz, espinafre e frango, tudo batido no processador. Papa.
Papai.
Sou...