quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ilhas ou Parcos porcos...

Eu vejo uma ilha
Aqui é uma ilha
Mesmo se tudo fervilha
Há sempre um caótico mar que nos cerca
Nos abarca, envolve e delimita
Começam as águas, mesmo se não finda a terra, que existe sob ela, termina a ilha
Há quem acredite nos barcos, nas garrafas com bilhetes, em socorro vindo de alguma parte
Mas não existe nada além da ilha
E do caos do mar que a cerca

O que vejo adiante são miragens de uma vontade delirante
O que vejo para trás é a vontade costumaz de ter certezas arbitrárias a cada concordância
O que vejo além é o que vejo em toda parte de lugar algum
Em cada menor parte de um nada que defini como tudo
Em cada um desses grãos de areia
Vejo castelos, estradas, festejos de nobres, contos de fadas
Penso em toda a composição dessa existência
Cada qual em seu lugar
Cada lugar em seu qual
Cal.. ou areia.. tanto faz...

A ilha é um recorte
Réles corte na imensidão de um mar salgado
Inóspito
Que vem e vai apenas para provocar
E os sentidos o percorrem
O delimitam
Definem
Impõem sentidos
Direções
Preâmbulos
Verdades sobre correntes marinhas
Que nunca foram minhas
E eu nem sei se existem
Apenas para fugir da ilha
Fugir dos olhos

Correntes pro mar
Cores rentes na mente
Reticentes
Recursos
Linhas sinuosas que viram um curso
Levam a continentes inexplorados
À uma Atlântida naufragada
À ilha de Circe
Terras bárbaras de uma mulher e seu porcos
Parcos porcos
Em sua ilha...

14 comentários:

Bárbara M.P. disse...

Adoro vir aqui.
É sempre poesia, bom-humor e vitalidade.Isso quando não tem The Doors prá animar a festa..

E Salve tú, Jorge...


Beijo
Bárbara M.P.

Eu lírico disse...

Apesar da temática não ser a mesma imediatamente quando leio seus poemas, vem em minha mente um poema de Rimbaud...Essa sua inquietude, essa sua busca de respostas é digna de poetas que entregam para suas palvras um gota preciosa de sua própria vida...
Segue para vc o poema de Rimbaud que me faz lembrar sua alma de poeta correndo por todos os cantos, cantando seu canto...


Eu abracei a aurora de verão.

Nada ainda se mexia na fachada dos palácios. A água estava
morta. Acampamentos de sombras não deixavam a trilha do
bosque. Eu marchava, despertando hálitos vivos e cálidos, e as
pedrarias espiavam, e as alas se levantavam sem um som.

A primeira missão foi, num atalho já cheio de centelhas frescas
e pálidas, uma flor que me disse seu nome.

Sorri para a loira wasserfall que se descabelava através dos
pinheiros; reconheci a deusa no cimo de prata.

Então, um a um, levantei os véus. Nas alamedas, agitando os
braços. Pela planície, onde a denunciei ao galo. Na cidade grande
ela fugia entre cúpulas e campanários, e correndo como um
mendigo entre docas de mármore, eu a caçava.

No alto da trilha, perto de um bosque de louros, eu a envolvi
com seu monte de véus, e senti um pouco seu corpo imenso.
A aurora e a criança caíram na beira do bosque.

Ao acordar, meio-dia.

Tatiani disse...

Já leu a Revolução dos Bichos? Os porcos são bichinhos marotos neste livros!
;)
...
"O que vejo para trás é a vontade"???
Sempre perfeita suas frases rapaz!!!
bjus!!!
Volte qualquer hora para tomar um chá (q podemos substituir) com a Toop.
;)

Martinha disse...

Uma ilha (sobretudo se for pequena e deserta, como as que vemos nos filmes) é um espaço convidativo, por exemplo à reflexão. Com todo aquele mar, vegetação e animais (quando existem) muita coisa pode acontecer nas ilhas!

Beijo*

Cris Medeiros disse...

Obrigada por sua visita! Vou continuar lendo seu blog! Beijos

Mah disse...

bem a calhar.

bras-ilha.

Aline Ribeiro disse...

É a ilha do amor, ou onde vc repousa o seu amor? :)

Bjm

Anônimo disse...

ola meu amigo. sempre bom te ler é pena que ja nao vejas o meu blog faz tanto tempo
te desejo um optimo fim de semana
bjo
carla granja

Mariana disse...

imagino como deve ser estar a beira da mrte (mestrado)
hehehe

Obrigada pelo comentário e pelos votos de sorte!!

venho te ler sempre que possivel...
e escreverei sempre que possivel..

beijos!

Eu lírico disse...

Lendo seu comentário feito em verso, lembrei de uma música de um artista pouco conhecido chamado Roberto Bach cujo nome é Quando agosto chegar...
Meu pensamento é assim, vive solto e liberto e talvez por vc representar a liberdade em sua essência, quando te leio não penso de forma linear, lembrando de fatos , músicas ou poemas que ligam-se por uma temática...
Ler seus versos criam em meu pensamento desenhos abstratos, aparentemente sem nexo, mas ligados pelo essencial que é o bem querer...
E te quero bem meu caro amigo e poeta das ilhas secretas do pensamento.
Segue então para você, a letra de Quando agosto chegar....

Vou conquistar o mundo se você me quiser,
mas não vou ficar mudo quando você vier me dizer que a vida só dura um segundo.
Vou conquistar o mundo amanhã de manhã,
depois do café se você me quiser só por um segundo
Vou conquistar o mundo quando a chuva cair
e de novo puder se abrir os jardins do meu coração vagabundo
Vou conquistar o mundo quando agosto chegar
e a brisa soprar em nossos ouvidos cansados uma canção de ninar....
Roberto Bach

Marina Mah disse...

queria comentar de forma criativa e literária, como você, mas as palavras me fogem... ainda não tenho o domínio sobre elas...rs

acredito que as pessoas são como as ilhas, daquelas mais desertas e escondidas, com grandes fortes e só adentra quem sabe o caminho (ou quem se perde e a encontra por acaso...rs)

"porque seu coração é uma ilha
a centenas de milhas daqui"...

beijos ilhados (mar-av-)ilhados

Camilla. disse...

obrigada, mas às vezes os sons me irritam.

Krika disse...

Acho seus textos complexos. Parece que você quer dizer algo 'entrelinhas', mas é preciso ler e reler para perceber essa mensagem. Estou tentando, rs.

Super beijo!*

Muadiê Maria disse...

água!