sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

E foi assim... ou um começo de ano em um Universo Paralelo...

(E assim ele chegou, chegou como quem chega do nada, não trouxe nada e nada perguntou.. puxou uma cadeira com certo molejo, que a fez dançar sobre as pernas de madeira antes de interromper o movimento com espectância em frente a ele. Desfez-se do chapéu em movimento de certa elegância, a brasa dos lábios deixou descansar no canto num falso equilíbrio.. só então ergueu os olhos..)

- Muitas boas noites.. desculpe a demora.. mas é que lá fora tem tanto chão, tem tanta estrada.. e eu vou na contra-mão e minha passada é larga, que voltar demora, delonga minha hora, mas faz valer a ralação. Um ano é muita história, que ressoa na memória, 2007 foi embora e 2008 mal começou..

(Os olhos dele brilhavam com aquela chama de quem viu, se despiu e se curvou. Nos pés trazia lama.. não havia interlocutora que não lhe conhecesse a fama.. o precedia, mas isso ele nunca evitou. Tinha seu próprio passo.. um tempo seu, que fazia simulacro e camafeu do léu, do véu e de tudo aquilo que mesmo perdido, ainda era seu. Levou a chama aos lábios e deixou a impressão pirotécnica da fumaça falar por ele.)

- Ando sempre em companhia alada, gente amada, da qual sou cheio de precisão.. à vossa excelência, já agradeço a paciência e a atenção. Nessa vida saber saborear uma companhia é coisa de rara sabedoria e não é todo dia que podemos dar, porque quem dá mesmo não diz. Teria vindo antes, mas como o agora é nosso único instante, doravante lá fora há de parar tudo, ficar mudo o mundo.. nada mais justo.. pois agora, nesse instante, essa apoteóse do nosso contato, irei lhe confessar um relato..

(Equilibrou o fogo dos lábios. Chamou-a para dançar..)

"Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar, rir pra não chorar..
Quero assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar.. eu quero nascer, quero viver.."

- Sim, minha dama, assim começa a trama, venha se enveredar. Toda boa história, todo relato, precisa duma chama, algo que se assanha, que eu chamo de musa, pra facilitar. Não é invenção minha, nem dos gregos, nem de qualquer leigo, que eu possa me lembrar. As musas tão por aí, por toda parte, em cada arte, até mesmo em Pratigí.. é só saber espiar. Eu fiz o translado, já ia deslumbrado, que doido que é bom nisso, bem sabe se deslumbrar.

(Ele baixou o tom de todas as cores, pois elas lhe deviam favores e era hora de impressionar a parceria, fazer além de prosa, poesia e bem sabia o que lhe agradaria e só então, de fumaça, dança e versos à mão, começou a suspirar..)

"One good thing about music, when it hits you, you feel no pain.. Oh, oh, I say, one good thing about music, when it hits you, you feel no pain.. Hit me with music, hit me with music now.. This is Trenchtown rock.."

- Era um mar e areia.. era gente em profusão.. eram incontáveis imensidões a derramar aos borbotões, saindo pelo ladrão. Eu tinha par.. sempre levo em mim minha sereia e quando a noite alteia, a gente sai pra dançar a psicodelia, esse ininterrupta e pós-moderna sonoridade que me invade, causa alarde, além de ter a primazia de me transmutar. Foi tanto, tão intenso, e eu ainda assim não canso.. fiquei etério, fiquei extenso. Eu ia de um nascer do sol até a constelação mais distante, orbitava por uns cometas e colidia com cada amante, cada profeta, cada errante.. cada grito, até na mais leve brisa, no mais fulgaz brilho, enquanto saia do trilho e descobria, mais uma vez, que é sempre primeira, que é tudo uma besteira. Uma piada tão bem contada, que só nos resta dar risada e celebrar a apoteóse da jornada.. a catárse caótica de cada confronto, de cada diálogo, saber boiar sobre o lago pra depois nadar contra a correnteza, porque no fim não há certeza maior que a nossa própria lapidação.

(Ele achou que ficou tudo muito extenso e resolveu deixá-la descansar.. colocou o chapéu na cabeça, reequilibrou o fogo nos lábios, enquanto esperava que ela enlouqueça..)

"Tente me ensinar das tuas coisas, que a vida é séria, e a guerra é dura.. Mas se não puder, cale essa boca, Pedro.. E deixa eu viver minha loucura.."

- O ano vai começando bem, 2008 promete. Temos só de ir para o infinito e além, para o alto e avante, que o resto é confete. E quando tudo estiver delirante, nesse instante, olhe pro lado, que nosso fado estará pronto e renderão esses nossos novos e constantes inícios, saborosos vícios que vem com os ciclos..

(Bateu as asas, sorriu seu melhor sorriso, enquanto os cabelos esvoaçavam..)

"Um grito de estrelas vem do infinito, e um bando de luz repete o grito, todas as cores e outras mais, procriam flores astrais, o verme passeia na lua cheia..."

Um comentário:

Jacqueline disse...

olá olá grande hermano... sempre com palavras doidas, boas idéias, positivo no que fala. me faz bem ler vc.
um 2008 bem maravilhoso pra vc, pra todos nós... q sempre tenhamos cousas boas no coração.
depois quero que me conte histórias das viagens.

beijos, boa semana.