segunda-feira, 12 de maio de 2008

Vencendo o espaço ou No tempo das musas...

Começou com um sorriso
Daqueles ainda meio indeciso
Não queria parecer despreparado
Queria era ser cobiçado
Arrancar aquele recíproco olhar iluminado
De quando as vontades dialogam
E até os diabretes rogam
Para que o afã seja consumado

Ele então avançou
Por um instante
De olhos fechados
Como sempre, após o primeiro passo
Exitou
Sentiu o peito arfante
Era sempre vítima do embaraço
Mas perseverou
Tinha a reciprocidade adiante
Voltar seria erro crasso
Então venceu o espaço
Ousou como um infante
E naquele instante
Recitou
Seu melhor olá
Que com olá ela respondeu
Mas um olá quase desdenhoso
De quem esperava mais
Mas esperança ainda há
Algo nele a comoveu
Talvez o olhar manhoso
Ou o sorriso formoso
Com que veio desde lá
Iluminando o breu
Naquela simpatia ela se perdeu
E quando ao olá ele sucedeu
Um elogio à beleza dela
Que de tão singela
Tão magnificamente bela
Nele agora imperava
E isso era tudo que ele desejava
Ter uma musa
Pro seu reino encantado
Uma musa para inspirar
Para ele dedicar todo um mar
Ah, mar para essa Deusa profusa
De todas as cores pintado
Todo dia seria singrado
Só para fazê-la cantar
E mesmo um pouco confusa
Ela pensou que seria muito obtusa
De esnobar o jeito dele se declarar
Ele parecia afinal desajeitado
Mas dedicado
E tinha um olhar tão iluminado
Que ela sorriu
Como ele sorrira no começo
E ele permitiu tocá-la
Sentindo que aquilo não tinha preço
Que poderia para sempre amá-la
Até se a vida virasse do avesso

Mas um movimento abrupto do veículo
Tirou dela as palavras
É aqui que eu desço
E ele sentiu disparar o peito
Pulsar o músculo
Pensou será que não a mereço?
Algo errado no meu jeito
Teria deixado-a brava
Só queria dizer
Que tudo que aspirava
Era dedicar-lhe seu leito
Cantar para ela adormecer
Mas ela lhe deixava
E isso ele não aceitava
Então com ela desçeu
Mesmo sem saber onde estava
O transporte ia
Ela para ele sorria
Feliz com a ousadia
Ela lhe agraciaria com sua companhia
E poderia nascer dali alguma magia
Afinal o papel de musa lhe caia muito bem...

15 comentários:

Tayná. disse...

as musas são estátuas de sal.

Martinha disse...

Vencer o espaço é também colocar a timidez de lado... E dizer, nem que seja um "olá" um pouco contido, como o sujeito desse texto disse.
Pode não ter obtido o que talvez esperasse... mas ousou. :)

Beijo *

Yara Souza disse...

Narras em poesia
um mar de musas,
deusas cantantes,
profusas, profanas,
confusas ciganas.
Jopliníssimas.

A fantasia de poeta
te cai bem.

Artsy-Fartsy disse...

Senti-me transportado daqui onde estou para o local e para a situação que você criou, bela e dramática...
Imagens e idéias muito fortes!
Abraços!

leila saads disse...

É sempre tempo das musas e dos musos, salve salve as fontes de inspiração!

Beijos! =*

Avid disse...

Ela era sim... uma musa de sal e vinho. Aquela que lhe dá vida e pede fogo. Mulher profana. Divina na palavra e encanto no pensar...

Ela era sim... tu dentro dela. Ela nascida em ti. Vencedora de espaços e esperas. Louca. Única. Cristal em pedra. Gota de agua e deserto.

Musa e tua. Ela nunca existiu... é tempo que nunca virá. É história por contar...
Bjs meus

A. Terada disse...

é as melhores coisas sempre começam com um sorriso.
:)

beijos

Heduardo Kiesse disse...

transbordas poesia na ponta da alma e da caneta amigo!

abraços



PARADOXOS

Tatiani disse...

ai essas musas autistas dos dias de hoje.

Coitado do rapaz.
:)

Anônimo disse...

Às vezes eu queria ser a musa de alguém...

Beijos.

Camilinha disse...

Ser musa,
Já fui,
Sou.
Mas de que adianta
espelhar tanta poesia,
tanta música,
tanta pintura,
se dentro
a inspiração
só acha solidão?

beijos daqui...

Menina_Mulher disse...

Ser musa deve algo especial, talvez fosse eu musa de alguém em outras encarnações...nessa, tá difícil...hehe

Que desse "olá" nasça o que de mais belo há.

Beijos!

Mah disse...

posso ver o sorriso, indeciso
impreciso
se transformando
em encanto
acalanto.

Camilla. disse...

ZzzZzZzZzzZzz

Lígia disse...

AS MUSAS NOS INSPIRAM A ESCREVER POEMAS COM O PULSAR DO CORAÇÃO...

O QUE SERIA DA POESIA SEM ELAS!?