sexta-feira, 30 de maio de 2008

Amor à primeira vista ou Roubei essas palavras de lábios que nunca as pronunciaram...

(Eu também estava ali, perdido no fim do mundo, da janela, contemplando a procissão de gigantes que seguia pelo céu em um cortejo fúnebre...)

"E a outra... a última... acho que me apaixonei por ela. De leve. Não é bobo? Era como se já a conhecesse. Como se fosse minha amiga mais antiga e querida. O tipo de pessoa a quem se pode contar tudo, até as piores coisas, e ela ainda gostará de você. Porque o conhece. Senti vontade de ir com ela. Queria que ela me notasse.
Então ela parou de caminhar. Parada sob a lua, olhou para nós. Olhou para mim. Talvez estivesse tentando me dizer algo, não sei. Não devia nem saber que eu estava ali. Mas sempre a amarei por toda minha vida." (Gaiman, Neil. Fim dos Mundos. São Paulo: Conrad, 2008, p. 156/7)

(Os olhos dela tinham o pesar de uma lua crescente sangrenta. E o cabelo dela escondia mais mistérios sombrios que a vastidão do universo. Não havia lágrimas correndo pela pele alva como o mármore de um túmulo. E naquele rosto sem linhas se fazia a expressão que tudo diz de tanto que cala. Como não amá-la? Trazia as mãos unidas, à frente do corpo, sobre o ventre. Alguns fios desajeitados cortavam a face. Era bela como a necessidade de uma alma, que no afã da liberdade, morre no beijo da amada.)

12 comentários:

Anônimo disse...

Sempre te amei. Mesmo quando não sabia o que era amar. Te amava na brisa, na chuva, no céu nublado. Eu já sentia, só não sabia. Aquele aperto no coração quando caminhava sozinha na chuva. Era por isso. Eu já te amava. Sentimentos assim são tão intraduzíveis. As palavras são atores coadjuvantes, esperando sua hora de entrar no palco. Às vezes, elas esperam atrás da cortina uma vida inteira. Porque todo mundo sabe que as palavras não conseguem dizer as verdades do amor. Incrível como eu ainda tento, correndo o risco de me repetir no vazio de uma multidão de letras. Mas eu sei que já te amava. E te amo tanto. Mesmo que não existam formas de dizer. Vou olhar pra você e você vai saber. Eu sempre te amei.

Nathália E. disse...

Juro, não tenho o que falar sobre o texto. A não ser que ele é lindo... E me roubou as palavras.

Beijo!

Martinha disse...

«"E a outra... a última... acho que me apaixonei por ela. De leve. Não é bobo? Era como se já a conhecesse. Como se fosse minha amiga mais antiga e querida. O tipo de pessoa a quem se pode contar tudo, até as piores coisas, e ela ainda gostará de você.»

Pode parecer sem sentido, mas é mesmo assim que surge o amor à primeira vista. Podemos não conhecer assim tanto da pessoa, mas sentimos que ela se encaixa connosco, que a conhecemos há anos!
;)) *

julia disse...

delícia

Tatiani disse...

Sei exatamente disso. Talvéz bem melhor do que alguns que pintem por aqui...
E mesmo assim, continua sendo perfeito.

...Como o tempo de uma vida... nem mais, nem menos.

Vanessa Leonardi disse...

que texto lindo
.

Aline Ribeiro disse...

Ah, os amores,seus mistérios e encantos, nos pega desprevenidos e nos derruba com um único movimento.

alineaimee disse...

Nossa! Essa descrição da efusão amorosa, tão encarnada e revelada, tão real q é quase sólida, é quase carne q se toca, e comunica-se tão efetivamente! E é humanamente tão bela...

Artsy-Fartsy disse...

Ufffaaaa! No words! Maravilha!

R. O. disse...

Como não amar essas palavras?

lindo e profundo como sempre...

bjos

Lígia disse...

A paixão nos deixa meio tonto
Enche de magia o coração tolo
e faz poesia na alma

Marjorie Chaves disse...

Que lindo trecho! E tuas palavras... queria roubá-las para mim. Queria até que alguém as tivesse escrito para mim.

=*