quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Falta do mar


Tem dias que eu sinto falta do mar

Das formas que ele vem me salgar

Doce

D'ocê

A carne, a alma

Com calma

A ir e voltar

Fosse o que fosse

Uma vastidão sem fim a me devorar

Me percorrer, envolver e tomar

Solto em suas correntes sou mar

Ao somar

Só mar

Sem posse

Só ser

Tecer

Teu ser

Tão mar

A tramar

Entranhar

Extasiar

Minha vontade arranhar

Ah mar

Há mar

Há você

E o meu verter

Que é capaz que te roce

Um tanto te coce

Outro tanto avance

Dance

Não canse

Oceanos ainda

Pois mar não finda

Por ser linda na lira essa lida

Mar de ti é vida

Sete mares profundos de te conceber



Um comentário:

Isabela Ferreira disse...

Uau!!!
A imensidão do mar transborda em cada balançar de suas palavras.
Gratidão por ser a poesia mais incrível