quinta-feira, 20 de novembro de 2008

41o Festival de Brasilia...

Dia 19/11

Mulher biônioca - Baseado num conto do Caio F. Abreu.. muito fraco e desinteressante, além de me soar de um machismo de mau gosto.

Que cavação é essa? - Perspectiva doidivanas da temática da recuperação da filmografia brasileira.. faz piada e fala sério num jogo da questão da recuperação dos filmes...

O Milagre de Luisa.. - Um genial documentário sobre a sanfona, sanfoneiros e a importância desse instrumento de expressão cultural brasileira.. cheia de nuances e seguindo os passos do narrador, Dominguinhos, em seus diálogos com outras assumidades no assunto...



dia 20


No 27 - O primeiro curta da noite foi sobre um rapaz que tem uma caganeira no meio da prova e enfrente (ou não..) a zombaria dos colegas.. pois é, desinteressante como você tá imaginando...

Cidade vazia - O segundo curta mostra a fuga de uma menina correndo por uma cidade ao lado do primo numa fuga do enterro do pai.. ou da mãe.. a questão é colocada em uma sequência pretensamente não-linear, mas não convence...

FilmeFobia - Talvez um dos filmes que mais deu o que falar no festival. O diretor Kiko Goifman conta com a colaboração (ou direção..) de Jean -Claude Bernadet, uma grande referência cinematográfica brasileira.. num documentário fictício ou numa ficção documental os dois exploram a catarse realística de fóbicos confrontados de maneiras inescapáveis com seus terrores maiores. Homens e mulheres são amarrados e presos a engenhocas onde são aterrorizados por ratos, cobras, altura, cabelo, palhaços, ralos de banheiros, toques de celular, sangue.. entre outras fobias. Atores, fóbicos e atores fóbicos encarnam tais aventuras. Discussões metalínguisticas surgem pontuando a narrativa do livro, questionando todo o processos e a própria identidade desse discurso. Ao fim, o filme causa impacto maior pelo mal-estar do que pelas possibilidades que propõem. Como apresentado em umas das discussões levantadas, fica o choque entre o sadismo do filme e o masoquismo de quem se dispõem a interagir com ele.


dia 21

Brasília (Título provisório) - Este pequeno curta aqui de Brasília parte de bom enredo, onde um diretor narra um pretenso filme sobre um mundo onde Brasília nunca foi concluída, tornando-se um cemitério de cidade a céu aberto no meio do Brasil. Uma obra faraônica desconhecida do restante do país. Dando a ler sua história, a diretor brinca com várias piadas clássicas de Brasília finalizando com o questionamento da própria meta-linguagem utilizada...

A arquitetura do corpo - Sem nenhuma palavra, o segundo curta da noite expõe a construção do corpo dos dançarinos. Os modos pelos quais o trabalho com dança levam seus praticantes a formar / deformar seus corpos a fim de conformarem tal prática.

Siri-Ará - Putz.. esse filme, na melhor definição que escutei, é barroco. Isso.. barroco. Ele tenta narrar a colonização do nordeste a partir do ponto de vista e das narrativas populares do sertão do Ceará, protagonizada pelos símbolos folclóricos dessa cultura. No entanto, as camadas simbólicas muitos mais se acumulam, dão volteios, cheios de babados e rococós que você acaba preferindo ir embora do cinema e xingar o diretor...



dia 22

Ana Beatriz - Curta baseado em um conto também. Narra o encontro de um casal. A narração conta sobre o sujeito e as imagens a da sujeita, até ambas se encontrarem no momento final. Bonitinho e ordinário...

Minami em close-up - Esse excelente curta (o melhor até aqui..) conta a partir da revista Minami em close-up os caminhos e descaminhos da produção cinematográfico da afamada Boca do Lixo em São Paulo. Entrevista e cenas dão a ler a diversidade de porno-gêneros que foram produzidos.

Ñande, Guarani (Nós Guarani) - Esse documentário em formato clássico, é na verdade um importante documento para a afirmação e percepção da Nação formada pelos povos guaranis que habitam Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina e da necessidade de medidas coesas e efetivas do merco-sul na real preservação e fomento dessa cultura milenar. É meio maçante, mas importante...



dia 23

A minha maneira de estar sozinho - Cheguei atrasado e não vi.

Na madrugada - Curta sobre um casal de lésbicas da terceira-idade e sobre o conflito pessoal de uma das senhoras, quanto a esse caminho.. a sede de carinho e o receio da entrega.

À margem do lixo - Esse filme pode ser inserido numa trilogia do diretor. Depois de À margem da imagem e À margem do concreto, esse terceiro filme segue a mesma linha documental para apresentar as leituras de mundo e vivências dos catadores de lixo da cidade de São Paulo. O diretor dá a ler as percepções desses personagens interpretando a própria vida, a cidade e a dinâmica política que os envolve



dia 24

Cães - Árido.. preto e branco.. esse curta trata dos conflitos inerentes à relação pai e filho. Um pai que carrega o filho Inácio nas costas e o culpa por tudo.. carrega Inácio e sua sede em meio às visões que povoam o mundo de suas desilusões numa caatinga eterna e inóspita até que a morte os aparte, sem trazer qualquer consolo, no entanto.

Superbarroco - Esse curta tem uma lírica própria. Ele narra de forma fantásticas os devaneios e loucura de um homem que comemora o aniversário da mulher morta. Através de belos recursos de câmera, a diretora transpõe o delírio louco do sujeito em meio à festa imaginária que povoa sua casa e sua vida vazias de materialidades. Muito bom.

Tudo isto me Parece um Sonho - Mais um longa documentário que força as fronteiras convencionais de definição entre documentário e ficção. No entanto, pode ser definido como um hibrido. O filme narra e busca reconstitur a vida do General pernambucano Abreu e Lima, que lutou ao lado de Simon Bolivar na libertação da América Espanhola e esteve umbilicalmente ligado às revoluções liberais pernabucanas de 1817 e 48. O filme é longo e cansativo, muito embora faça bom uso da meta-linguagem ao condensar diversas expressões culturais e históricas para não só dar a ler o citado general como articular a brasilidade envolvida em tais processos revolucionários.

Pra acrescentar:

Na abertura do Festival, houve a projeção de cópia recuperada e digitalizada do filme São Bernardo, baseado na obra de Graciliano Ramos. Pra quem não conhece, vale muito a pena.

Todos os filmes acima pertencem À mostra competitiva 35mm, mas além desta existe uma mostra paralela em 16 mm. Nela passou o filme do qual fez parte meu melhor amigo, Thiago, como pesquisador. Memórias Finais da República de Fardas trata dos dias finais da ditadura militar focando o que se passou em Brasília durante a votação da emenda das diretas já. Através de extenso material documental (pesquisado pelo Thiago) e depoimentos o diretor mostra o que se passava na capital, fechada por um estado de sítio, enquanto se votava o projeto "em segurança". Muito bom, melhor que a grande maioria das coisas do 35mm.

11 comentários:

Camila disse...

Meninooooo
Que programação vasta, heim?!
Sabe, eu gosto de Caio F. ABreu, queria ver tal fime para saber do que realmente trata.

A cada dia eu o admiro mais e fico encantada com seu versos!

Quero lhe convidar a escrever um texto para meus Caminhos! Ser meu andarilho convidado, se topar me fala depois, tá?! Será uma honra.

Beijos

• c. disse...

Gostaria muito de assitir Mulher Biônica.

ps. sobre as músicas, não sabia
mas desconfiava, toda poeta tem sempre um pé (ou dois) na melodia.

Eu lírico disse...

Eita menino cheio de agitos culturais, mas tb pudera tua alma emana arte e vc só poderia estar presente em algo do tipo...
Bj
Glaucia

Fernanda disse...

adorei esse presente.agora dá pra se saber todos os agitos da cidade só vindo aqui no teu blog=)

Anônimo disse...

Eu queria estar
Em Brasília...Amapá
Pra engolir estas histórias...estórias
Seja em 35 ou 16
Ou tudo em 51

Eu queria estar
Em Brasília ou Cuiabá
Pra fazer festival
e comer todos os personagens!

Salve Jorge, meu querido...obrigada sempre pelas palavras mágicas que enfeitam meu cantinho.
Namastê.

Anônimo disse...

Um festival de verdade tem do bom e do pior, nos cabe ver tudo e escolher, o que vale mesmo é ter arte pra ver.

lindos dias
beijos

Nathália E. disse...

Queria que minha agenda fosse que nem a sua. Hahaha

Mah disse...

adorei seus comentários, meu querido Jorge. Melhor ainda foi ter te visto por lá.

ó no meu blog já estão minhas impressões do Festival.

beijo!

tresporquatro disse...

Borges, meu caro Borges. Muito obrigado pelos elogios. A equipe inteira agradece. E com relação à pesquisa, carece dizer que fui apenas um dos que se embrenhou nas infindáveis - e, por vezes, insondáveis - prateleiras da memória.

Grande abraço.

ps: este domingo rola jogo?

Camila disse...

Que bom que aceitouuuu! Obaaa!
Oh o texto pode ser em qualquer formato e sobre qualquer assunto.
Se quiser escolha a imagem também tá?!
Adoro ler o que você escreve.
Um grande beijo

Sílvia Paiva disse...

oi moço
aproveitou pra caramba o festival, hein?
Legal... gostei dos comentarios...
continuo na correria, mas viva..rs
beijao