quarta-feira, 16 de maio de 2007

Descansado..

Certa vez, num passado não muito distante
Ainda que distar seja mais próprio ao espaço
Do que ao fluxo temporal
Me taxaram de DESCANSADO..
E sou, não vá me entendendo errado
Sou com orgulho
Ostento meu descanso
E elogio meu ócio, já tão combalido o pobre
Massacrado pelos árduos trabalhos
Descansar é uma arte em extinção

Mas o descanço em questão
Referia-se às minhas enevoadas sinapses
Relaxadas por não desgastar-se com as vicissitudes desse mundo cristão
Não, a questão aqui não é religião
É mais sobre ganhar o pão
Ou não
E chorar a cada passo
Isso eu não faço
Tanto pelo valor de minhas lágrimas
Quanto pelas indiossincrasias inerentes aos processos
Hão de haver preces
Clamores
Suplicas
Desejos
Exitação
Temores
Ardores
Decepção
Mas não hei de me preocupar em vão
Se me preocupo com o que fadado está
Sendo que o que fazer não há
Apenas desgasto minha parca carne
E meus torpes sentidos
Se me preocupo com o acontecido
Com o leite derramado
Com o carro roubado
Ou o emprego perdido
Fico desassistido de minha cotidiana animação
Virão outros carros, empregos e dias
É assim que funcionam os ciclos
Os idos e vindos
Os diálogos imprecisos
É o roteiro da criação...
Tudo que se ganha nessa vida é pra perder
O que eu hei de fazer
Me cansar de preocupação?
Claro que não...
(E vamos à enebriante fumaça...)

5 comentários:

Alyssa Jones disse...

eu gostaria de poder responder seus posts a altura dos seus post e a altura dos seus comentários.

Obrigada.

tayná. disse...

as coisas vão
e caem num lugar que eu não sei
ponho mochila nas costas
e chamo-te, meu rei!
venha andar comigo
tropeçaremos nas pedras
formaremos novos caminhos
gritando aos céus toda a angústia
sorrindo sem causa
sem culpa
que descanse ao meu lado
ouvindo cantar as estrelas
que como sentinelas
nos banham de peculiar tristeza
de tão belas que são
segura-me na mão
e ajuda-me a levantar
eu pesco o peixe
tu preparas o jantar
porque o dia foi longo
e o cansaço quer deitar
descansemos, enfim
com o som suave
do mar
ah, mar!

Alyssa Jones disse...

*blush*

tayná. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
tayná. disse...

"Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas. "


do magnífico, Neruda.
com ele, me deixo aqui.
sobrevôo tua casa.