
(Encontrando-se começaram a dançar..)
- Precisa?
- Preciso de tudo.
- Pois só sei ser impreciso e nunca mudo...
- Você se faz de surdo.
- Só se tiver repique e pandeiro...
- Você me deixa indecisa e assim nunca me ajudo.
- Você precisa jogar-se no samba e dançar pelo terreiro...
- Não. Isso é desatino seu. Eu preciso preparar meu terreno. Quero um futuro tranquilo.
- Pois eu quero um presente efervescente. E até se meu mundo pequeno for carregado pela torrente, direi fí-lo porque quí-lo...
- Esse seu comportamento de bacilo é destrutivo e nada producente. Vai morrer no próprio vômito, sempre vítima do próprio vacilo.
- Mesmo se suas palavras me deixam atônito, acho bonito que busque o futuro. Acho triste só que se concentre na fresta do muro e deixe a paisagem passar tão rente, sem que toques.. chega a me parecer um choque, que você tudo agora troque, pelas devaneios de mais à frente.
- Sou dessa gente que tem que deixar suas marcas, constituir família, engrandecer a sociedade, multiplicar a cultura, desenvolver a economia e reafirmar a política.
- Entendo.. guardo então minhas críticas.. sou dado a coisas casuísticas, mas sem efeitos.. é meu jeito.. trago a tempo no peito minha contra-cultura.. da sociedade ela me cura.. deixa minha trilha elíptica, sem economia na magia.. expande em rede a energia.. e tudo vira samba.. até se descamba, eu danço partido alto...
- Pois é pela lógica que eu me pauto. Nâo vim ser tomada de assalto. De salto me basta o alto.
- Então vou-me com minhas havaianas.. simplórias e mundanas.. sujar meus pés de terra por aí...