If you can just get your,... mind togetherthen come on across to me
We'll hold hands an' then we'll watch the sun rise.....from the bottom of the sea
But first...
Are You Experienced?
Ah! Have you ever been experienced?
Well, I haveI know, I know you'll probably scream n' cry
That your little world won't let go!
But who in your measly little world are trying to prove that
You're made out of gold and -a can't be sold
So-uh...
Are You Experienced?
Ah! Have you ever been experienced?
Well, I haveAh, let me prove it to you...
Trumpets and violins like up here in the distanceI think they're calling our names
Maybe now you can't hear them, but you will ha if you just, take hold of my handoh!
But Are You Experienced?
Have you ever been experienced?
Not necessarily stoned, but beautiful...
"O objetivo principal não é descobrir, mas refutar o que somos. (...) Não é libertar o indivíduo do Estado e de suas instituições, mas libertar-nos, nós, do Estado e do tipo de individualização que vai ligada a ele. É preciso promover novas formas de subjetividade..." Foucault
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
TRANSCENDI...
Salve salve muito doida.. pois é.. aconteceu!.. O que? O Fatboy!.. Simplesmente o mais fenomenal evento do mais fenomenal artista de música eletrônica com que nosso singelo planeta já se deparou.. e foi.. foi.. transcendental.. pra dizer o mínimo.. risos
A semana foi toda de expectativas.. aquela tensão ansiosa.. daí no sábado teve a pré-festa, com uns djzinhos e tal, só pra quem tinha comprado camarote.. foi divertido, mas como tinha concurso no dia seguinte, nem fiquei muito.. saí de lá às três da matina e às oito estava de pé pra ir fazer a prova do MPU. De manhã fiz a nível médio.. à tarde a nível superior.. um dia inteiro de bolinhas pra preencher.. risos.. e confesso q até me divirto sabe.. todo mundo ri disso, mas eu curto provinhas.. ficar testando conhecimentos e coisas assim.. risos
Mas enfim.. vamos ao que interessa.. saí da prova, fui pra casa.. me arrumei e lá fomos, eu, Dé, Lenira e Henrique pro Fatboy.. chegamos 18:30 e tava até vazio, mesmo tendo começado às 16.. e foi a gente chegar, começou a cair uma garoinha fenomenal.. o pessoal se refugiou na área coberta e eu... bem, eu comecei a dançar ali sozinho na frente do palco e não arredei pé dali até o Fatboy começar.. fiz questão de ficar o mais perto possível e dançar e pular e já ir aquecendo pra hora do vamos ver.. risos.. a chuva foi engrossando, mas isso só renovava mais minhas energias, refrescando o doido aqui, q logo tava encharcado..
Lá pelas 20:15 tomei a dita "Don´t Stop".. e realmente ela é bruta.. a 3a melhor q já tomei.. fiquei doooido demais.. tive até q me concentrar para não sair da realidade.. risos.. e continuei no embalo.. a chuva foi diminuindo.. o povo foi se aglomerando na frente do palco e eis q às 21 e pouco ELE apareceu.. se quiser de uma olhada lá no vídeo q eu filmei.. é o inicio do show.. coloquei aqui no orkut pelo youtube.. é um tour do q ele fez em 2006 (tem mais 3 vídeos q eu vou por depois).. e quando acaba a apresentação.. eu já transcendendo as fronteiras da materialidade.. quando ele me manda Praise You.. "We have come a long, long way together.. throught the hard times and the good.. I´ve to celebrate you baby.. I´ve to praise you like i should.." Se reparar bem.. isso é o final do vídeo.. eu fico ensandecido nessa hora.. risos.. e o que eu fiz.. me puz de joelhos em meio à multidão e pondo os amigos de testemunha.. pedi a Dé em casamento!!! Isso mesmo.. risos.. casamento!!! E ela com os olhos marejados aceitou.. não é lindo?.. risos.. Assim, a gente já mora junto a um tempão e vamos fazer 4 anos juntos em maio.. mas agora é oficial.. sacralizado.. não q antes não fosse pra sempre.. mas agora a gente tem mais motivo pra fazer festa.. risos (duas.. uma da Dé, mais tradicional, e a minha.. q deve ser.. mais.. babilônica.. se vc me entende.. risos)
Daí em diante.. bem, você pode ver pelos vídeos e pelas fotos que tão aqui no orkut.. se quiser ver todas, te mando o link da página depois, só avisar.. foram mais de duas horas de um extase profundo.. eu dancei, sonhei, amei, sambei, abracei, fotografei, gritei, cantei, pulei, explodi, me reconfigurei.. enfim, transcendi e voltei.. voltei melhor, mais pleno e sereno, numa frequência energética maior dos q as permitidas pelos senhores do cosmos.. e cá estou.. risos.. sedento por mais.. risos.. tô me coçando, pq domingo em Caldas tem mais.. e eu mal posso esperar... semana q vem trarei os relatos do Carnaval e videos, fotos e tudo mais.. aguarde e confie, minha cara.. pois garanto-te mais um bom bocado de boas e belas histórias.. risos
E o q dizer do Fatboy? Se tem um cara q caminha sobre a terra com quem eu queria trocar uma idéia é ele.. tudo é perfeito.. o som.. as misturas.. as imagens.. as luzes.. as mensagens.. ele sabe mostrar q vida num é isso aqui não.. trampo, trânsito, correria, aflição.. a vida é uma dança.. ela é saborear cada sensação.. ela é cada instante e uma sintonia entre cada mutação... e no fim, ele ainda agradece a gente.. risos.. da pra acreditar? Eu queria ir lá e dar um abraço nele.. risos
Espero q tenha sentido umas energias chegando aí pelas suas cercanias.. luminosas e explosivas como fogos de artifício.. cadentes e brilhantes como estrelas.. límpidas e refrescantes como a chuva q me cobriu.. deliciosas e intensas como tudo q eu vivi nesse domingo inesquecível.. mandei-as pelo nosso canal de sintonia direto pra te envolver com a catarse de um dos melhores momentos da minha vida.. aliás, elas seguem indo, pois andam pululantes a cada movimento, pensamento q eu faço e tenho..
Até logo cara amiga... em breve, tem mais.. risos
Beijos
A semana foi toda de expectativas.. aquela tensão ansiosa.. daí no sábado teve a pré-festa, com uns djzinhos e tal, só pra quem tinha comprado camarote.. foi divertido, mas como tinha concurso no dia seguinte, nem fiquei muito.. saí de lá às três da matina e às oito estava de pé pra ir fazer a prova do MPU. De manhã fiz a nível médio.. à tarde a nível superior.. um dia inteiro de bolinhas pra preencher.. risos.. e confesso q até me divirto sabe.. todo mundo ri disso, mas eu curto provinhas.. ficar testando conhecimentos e coisas assim.. risos
Mas enfim.. vamos ao que interessa.. saí da prova, fui pra casa.. me arrumei e lá fomos, eu, Dé, Lenira e Henrique pro Fatboy.. chegamos 18:30 e tava até vazio, mesmo tendo começado às 16.. e foi a gente chegar, começou a cair uma garoinha fenomenal.. o pessoal se refugiou na área coberta e eu... bem, eu comecei a dançar ali sozinho na frente do palco e não arredei pé dali até o Fatboy começar.. fiz questão de ficar o mais perto possível e dançar e pular e já ir aquecendo pra hora do vamos ver.. risos.. a chuva foi engrossando, mas isso só renovava mais minhas energias, refrescando o doido aqui, q logo tava encharcado..
Lá pelas 20:15 tomei a dita "Don´t Stop".. e realmente ela é bruta.. a 3a melhor q já tomei.. fiquei doooido demais.. tive até q me concentrar para não sair da realidade.. risos.. e continuei no embalo.. a chuva foi diminuindo.. o povo foi se aglomerando na frente do palco e eis q às 21 e pouco ELE apareceu.. se quiser de uma olhada lá no vídeo q eu filmei.. é o inicio do show.. coloquei aqui no orkut pelo youtube.. é um tour do q ele fez em 2006 (tem mais 3 vídeos q eu vou por depois).. e quando acaba a apresentação.. eu já transcendendo as fronteiras da materialidade.. quando ele me manda Praise You.. "We have come a long, long way together.. throught the hard times and the good.. I´ve to celebrate you baby.. I´ve to praise you like i should.." Se reparar bem.. isso é o final do vídeo.. eu fico ensandecido nessa hora.. risos.. e o que eu fiz.. me puz de joelhos em meio à multidão e pondo os amigos de testemunha.. pedi a Dé em casamento!!! Isso mesmo.. risos.. casamento!!! E ela com os olhos marejados aceitou.. não é lindo?.. risos.. Assim, a gente já mora junto a um tempão e vamos fazer 4 anos juntos em maio.. mas agora é oficial.. sacralizado.. não q antes não fosse pra sempre.. mas agora a gente tem mais motivo pra fazer festa.. risos (duas.. uma da Dé, mais tradicional, e a minha.. q deve ser.. mais.. babilônica.. se vc me entende.. risos)
Daí em diante.. bem, você pode ver pelos vídeos e pelas fotos que tão aqui no orkut.. se quiser ver todas, te mando o link da página depois, só avisar.. foram mais de duas horas de um extase profundo.. eu dancei, sonhei, amei, sambei, abracei, fotografei, gritei, cantei, pulei, explodi, me reconfigurei.. enfim, transcendi e voltei.. voltei melhor, mais pleno e sereno, numa frequência energética maior dos q as permitidas pelos senhores do cosmos.. e cá estou.. risos.. sedento por mais.. risos.. tô me coçando, pq domingo em Caldas tem mais.. e eu mal posso esperar... semana q vem trarei os relatos do Carnaval e videos, fotos e tudo mais.. aguarde e confie, minha cara.. pois garanto-te mais um bom bocado de boas e belas histórias.. risos
E o q dizer do Fatboy? Se tem um cara q caminha sobre a terra com quem eu queria trocar uma idéia é ele.. tudo é perfeito.. o som.. as misturas.. as imagens.. as luzes.. as mensagens.. ele sabe mostrar q vida num é isso aqui não.. trampo, trânsito, correria, aflição.. a vida é uma dança.. ela é saborear cada sensação.. ela é cada instante e uma sintonia entre cada mutação... e no fim, ele ainda agradece a gente.. risos.. da pra acreditar? Eu queria ir lá e dar um abraço nele.. risos
Espero q tenha sentido umas energias chegando aí pelas suas cercanias.. luminosas e explosivas como fogos de artifício.. cadentes e brilhantes como estrelas.. límpidas e refrescantes como a chuva q me cobriu.. deliciosas e intensas como tudo q eu vivi nesse domingo inesquecível.. mandei-as pelo nosso canal de sintonia direto pra te envolver com a catarse de um dos melhores momentos da minha vida.. aliás, elas seguem indo, pois andam pululantes a cada movimento, pensamento q eu faço e tenho..
Até logo cara amiga... em breve, tem mais.. risos
Beijos
sábado, 10 de fevereiro de 2007
Julio Cortázar
Uma homenagem...
"Esticando o braço esquerdo o 404 procurou a mão de Dauphine, encostou apenas a ponta dos dedos, percebeu em seu rosto um sorriso de incrédula esperança e pensou que iam chegar a Paris, que tomariam banho, que iriam juntos a qualquer parte, à sua casa ou à dela para tomar banho, comer, tomar banho interminavelmente e comer e beber, e que depois haveria móveis, haveria um quarto com móveis e um banheiro com espuma de sabão para fazer a barba de verdade, e privadas, comida e privadas e lençóis, Paris era uma privada e dois lençóis e água quente escorrendo no peito e nas pernas, e uma tesourinha de unhas, e vinho branco, beberiam vinho branco antes de se beijar e sentir cheiro de lavanda e colônia antes de se conhecer de fato em plena luz entre lençóis limpos, e tornar a tomar banho de brincadeira, amar-se e tomar banho banho e beber e entrar no cabeleireiro, entrar no banho, acariciar os lençóis e acariciar-se entre os lençóis e amar-se entre a espuma e a lavanda e as escovas antes de começar a pensar no que iam fazer, no filho e nos problemas e no futuro, e tudo isso desde que não parassem, que a coluna continuasse andando, embora ainda não se pudesse passar para a terceira, continuar assim em segunda, mas continuar. Com os para-choques tocando no Simca, o 404 encostou-se para trás no assento, sentiu aumentar a velocidade, sentiu que podia acelerar sem perigo de bater no Simca, e que o Simca acelerava sem perigo de bater no Beualieu, e que atrás vinha o Caravelle e que todos aveleravam mais e mais, e que já se podia passar para a terceira sem que o motor sofresse, e a alavanca entrou inexplicavelmente na terceira e a marcha se tornou suave e acelerou ainda mais, e o 404 olhou enternecido e deslumbrado para a sua esquerda procurando os olhos de Dauphine. Era natural que com tanta aceleração as filas já não se mantivessem paralelas; Dauphine havia-se adiantado quase um metro e o 404 via-lhe a nuca e o perfil, no momento exato em que ela se virava para olhá-lo e fazia um gesto de surpresa ao ver que o 404 se atrasava ainda mais. Tranquilizando-a com um sorriso, o 404 acelerou de repente mas quase em seguida teve de frear porque estava a ponto de bater no Simca; tocou secamente a buzina e o rapaz do Simca olhou-o pelo espelho retrovisor e fez um gesto de impotência, apontando-lhe com a mão esquerda que o Beaulieu colado ao seu automóvel. O Dauphine estava a três metros mais adiante, à altura do Simca, e a menina do 203, na altura do 404, agitava os braços e mostrava-lhe a boneca. Uma mancha vermelha, do lado direito, desorientou o 404; em vez do 2HP das freiras ou do Volkswagen do soldado avistou um Chevrolet desconhecido, e quase em seguida o Chevrolet avançou seguido por um Lancia e por um Renault 8, à sua esquerda se emparelhava um ID que começava a levar vantagem metro a metro, mas antes que fosse substituído por um 403, o 404 conseguiu avistar ainda na dianteira o 203, que já encobria o Dauphine. O grupo se deslocava, já não existia, Taunus devia estar a mais de vinte metros adiante, seguido por Dauphine; ao mesmo tempo, a terceira fila da esquerda se atrasava, porque em vez do DKW do pasageiro, o 404 enxergava a traseira de uma velha caminhonete preta, talvez um Citroen ou um Peugeot. Os automóveis corriam em terceira, adiantando-se ou perdendo terreno de acordo com o ritmo de sua fila, e ao lado da auto-estrada viam-se as arvores fugindo, algumas casas entre a massa de névoa e o anoitecer. Depois, foram as luzes vermelhas que todos acendiam seguindo o exemplo dos que iam adiante, a noite que se fechava de repente. De quando em quando soavam buzinas, os ponteiros dos velocímetros subiam cada vez mais, algumas filas avançavam a setenta quilômetros, outrs a sessenta e cinco, algumas a sessenta. O 404 havia esperado ainda que o avanço e o recuo das filas lhe permitissem chegar novamente até o Dauphine, mas cada minuto o persuadia de que era inútil, de que o grupo se dissolvera irrevogavelmente, de que não voltaria a repetir-se os encontros de rotina, os rituais mínimos, as conselhos de guerra no automóvel de Taunus, as carícias de Dauphine na paz da madrugada, as risadas dos meninos brincando com seus automóveis, a imagem da freira passando as contas do terço. Quando se acenderam as luzes dos freios do Simca, o 404 reduziu a marcha com um absurdo sentimento de esperança e, apenas apertando o frei de mão, saltou do automóvel correndo adiante. Além do Simca e do Beaulieu (mais atrás estaria o Caravelle, mas pouco lhe importava) ele não reconheceu nenhum automóvel; através dos cristais diferentes olhavam-no com surpresa, e talvez com espanto outros rostos que nunca vira. Soavam as buzinas e o 404 teve de voltar ao seu automóvel; o rapaz do Simca fez-lhe um gesto cordial, como se compreendesse , e apontou animadamente em direção a Paris. A coluna punha-se de novo em marcha, lentamente durante alguns minutos, e logo após como se a auto-estrada estivesse definitivamente livre. À esquerda do 404 corria um Taunus, e por um segundo o 404 achou que o grupo se recompunha, que tudo entrava na ordem, QUE SE PODERIA SEGUIR ADIANTE SEM NADA DESTRUIR. Mas era um Taunus verde, e no volante havia uma mulher com óculos preto que olhava fixo para a frente. Nada mais se podia fazer a não ser entregar-se à marcha, adaptar-se mecaniamente à velocidade dos automóveis, em redor, não pensar. No Volkswagen do soldado devia estar seu casaco de couro. Taunus tinha o romance que lera nos primeiros dias. Um vidro de lavanda, quase vazio, no 2HP das freiras. E ele tinha ali, tocando-o às vezes com a mão direita, o ursinho de veludo que Dauphine lhe presenteara como mascote. Absurdamente, aferrou-se à idéia de que às nove e meia seriam distruibuídos os alimentos, teria que visitar os doentes, examinar a situação com Taunus e o camponês do Ariane; depois viria a noite, seria Dauphine subindo sigilosamente em seu automóvel, as estrelas ou as nuvens, a vida. Sim, tinha de ser assim, não era possível que isso tivesse acabado para sempre. Talvez o soldado conseguisse uma ração de água, que havia faltado nas últimas horas; de qualquer maneira se podia contar com o Porshe, sempre que se lhe pagasse o preço pedido. E na antena do rádio flutuava alucinadamente a bandeira com a cruz vermelha, e se corria a oitenta quilômetros por hora em direção às luzes que cresciam pouco a pouco, sem que já se soubesse bem para que tanta pressa, porque essa correria na noite entre automóveis desconhecidos onde ninguém sabia nada sobre os outros, onde todos olhavam fixamente para a frente, exclusivamente para a frente.
"Esticando o braço esquerdo o 404 procurou a mão de Dauphine, encostou apenas a ponta dos dedos, percebeu em seu rosto um sorriso de incrédula esperança e pensou que iam chegar a Paris, que tomariam banho, que iriam juntos a qualquer parte, à sua casa ou à dela para tomar banho, comer, tomar banho interminavelmente e comer e beber, e que depois haveria móveis, haveria um quarto com móveis e um banheiro com espuma de sabão para fazer a barba de verdade, e privadas, comida e privadas e lençóis, Paris era uma privada e dois lençóis e água quente escorrendo no peito e nas pernas, e uma tesourinha de unhas, e vinho branco, beberiam vinho branco antes de se beijar e sentir cheiro de lavanda e colônia antes de se conhecer de fato em plena luz entre lençóis limpos, e tornar a tomar banho de brincadeira, amar-se e tomar banho banho e beber e entrar no cabeleireiro, entrar no banho, acariciar os lençóis e acariciar-se entre os lençóis e amar-se entre a espuma e a lavanda e as escovas antes de começar a pensar no que iam fazer, no filho e nos problemas e no futuro, e tudo isso desde que não parassem, que a coluna continuasse andando, embora ainda não se pudesse passar para a terceira, continuar assim em segunda, mas continuar. Com os para-choques tocando no Simca, o 404 encostou-se para trás no assento, sentiu aumentar a velocidade, sentiu que podia acelerar sem perigo de bater no Simca, e que o Simca acelerava sem perigo de bater no Beualieu, e que atrás vinha o Caravelle e que todos aveleravam mais e mais, e que já se podia passar para a terceira sem que o motor sofresse, e a alavanca entrou inexplicavelmente na terceira e a marcha se tornou suave e acelerou ainda mais, e o 404 olhou enternecido e deslumbrado para a sua esquerda procurando os olhos de Dauphine. Era natural que com tanta aceleração as filas já não se mantivessem paralelas; Dauphine havia-se adiantado quase um metro e o 404 via-lhe a nuca e o perfil, no momento exato em que ela se virava para olhá-lo e fazia um gesto de surpresa ao ver que o 404 se atrasava ainda mais. Tranquilizando-a com um sorriso, o 404 acelerou de repente mas quase em seguida teve de frear porque estava a ponto de bater no Simca; tocou secamente a buzina e o rapaz do Simca olhou-o pelo espelho retrovisor e fez um gesto de impotência, apontando-lhe com a mão esquerda que o Beaulieu colado ao seu automóvel. O Dauphine estava a três metros mais adiante, à altura do Simca, e a menina do 203, na altura do 404, agitava os braços e mostrava-lhe a boneca. Uma mancha vermelha, do lado direito, desorientou o 404; em vez do 2HP das freiras ou do Volkswagen do soldado avistou um Chevrolet desconhecido, e quase em seguida o Chevrolet avançou seguido por um Lancia e por um Renault 8, à sua esquerda se emparelhava um ID que começava a levar vantagem metro a metro, mas antes que fosse substituído por um 403, o 404 conseguiu avistar ainda na dianteira o 203, que já encobria o Dauphine. O grupo se deslocava, já não existia, Taunus devia estar a mais de vinte metros adiante, seguido por Dauphine; ao mesmo tempo, a terceira fila da esquerda se atrasava, porque em vez do DKW do pasageiro, o 404 enxergava a traseira de uma velha caminhonete preta, talvez um Citroen ou um Peugeot. Os automóveis corriam em terceira, adiantando-se ou perdendo terreno de acordo com o ritmo de sua fila, e ao lado da auto-estrada viam-se as arvores fugindo, algumas casas entre a massa de névoa e o anoitecer. Depois, foram as luzes vermelhas que todos acendiam seguindo o exemplo dos que iam adiante, a noite que se fechava de repente. De quando em quando soavam buzinas, os ponteiros dos velocímetros subiam cada vez mais, algumas filas avançavam a setenta quilômetros, outrs a sessenta e cinco, algumas a sessenta. O 404 havia esperado ainda que o avanço e o recuo das filas lhe permitissem chegar novamente até o Dauphine, mas cada minuto o persuadia de que era inútil, de que o grupo se dissolvera irrevogavelmente, de que não voltaria a repetir-se os encontros de rotina, os rituais mínimos, as conselhos de guerra no automóvel de Taunus, as carícias de Dauphine na paz da madrugada, as risadas dos meninos brincando com seus automóveis, a imagem da freira passando as contas do terço. Quando se acenderam as luzes dos freios do Simca, o 404 reduziu a marcha com um absurdo sentimento de esperança e, apenas apertando o frei de mão, saltou do automóvel correndo adiante. Além do Simca e do Beaulieu (mais atrás estaria o Caravelle, mas pouco lhe importava) ele não reconheceu nenhum automóvel; através dos cristais diferentes olhavam-no com surpresa, e talvez com espanto outros rostos que nunca vira. Soavam as buzinas e o 404 teve de voltar ao seu automóvel; o rapaz do Simca fez-lhe um gesto cordial, como se compreendesse , e apontou animadamente em direção a Paris. A coluna punha-se de novo em marcha, lentamente durante alguns minutos, e logo após como se a auto-estrada estivesse definitivamente livre. À esquerda do 404 corria um Taunus, e por um segundo o 404 achou que o grupo se recompunha, que tudo entrava na ordem, QUE SE PODERIA SEGUIR ADIANTE SEM NADA DESTRUIR. Mas era um Taunus verde, e no volante havia uma mulher com óculos preto que olhava fixo para a frente. Nada mais se podia fazer a não ser entregar-se à marcha, adaptar-se mecaniamente à velocidade dos automóveis, em redor, não pensar. No Volkswagen do soldado devia estar seu casaco de couro. Taunus tinha o romance que lera nos primeiros dias. Um vidro de lavanda, quase vazio, no 2HP das freiras. E ele tinha ali, tocando-o às vezes com a mão direita, o ursinho de veludo que Dauphine lhe presenteara como mascote. Absurdamente, aferrou-se à idéia de que às nove e meia seriam distruibuídos os alimentos, teria que visitar os doentes, examinar a situação com Taunus e o camponês do Ariane; depois viria a noite, seria Dauphine subindo sigilosamente em seu automóvel, as estrelas ou as nuvens, a vida. Sim, tinha de ser assim, não era possível que isso tivesse acabado para sempre. Talvez o soldado conseguisse uma ração de água, que havia faltado nas últimas horas; de qualquer maneira se podia contar com o Porshe, sempre que se lhe pagasse o preço pedido. E na antena do rádio flutuava alucinadamente a bandeira com a cruz vermelha, e se corria a oitenta quilômetros por hora em direção às luzes que cresciam pouco a pouco, sem que já se soubesse bem para que tanta pressa, porque essa correria na noite entre automóveis desconhecidos onde ninguém sabia nada sobre os outros, onde todos olhavam fixamente para a frente, exclusivamente para a frente.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
COMO COMEÇAR
Sempre são saborosos os começos..
Talvez excitante seja uma palavra melhor..
Há um misto de receio e expectativa, que quando vistos em retrospectiva tornam os começos marcos memoráveis...
Ainda que, na verdade, não tenham nada de marcos, apenas de marcantes.. reconstruídos sincronicamente e esvaziados da diacrônia que os definia como começos...
Vivi muitos começos e vivo tantos outros...
Este é mais um.. alheio a qualquer um e significativo apenas para mim.. um espaço virtual para conter minhas delirantes idéias...
Então por onde começar? Mas já não está começado? Em que ponto deixa o momento inicial de ser começo?
Começo a pensar ser muito fugidio esse tal começo...
Já dizia o Renato Russo "E depois do começo, o que vier vai começar a ser o fim.."
Não temo os fins, mas sempre fico saudoso dos começos... sou meio escravo da memória.. não um escravo passivo.. um daqueles que resistem em suas pequenas lutas cotidianas.. mas ainda assim escravo..
Saudoso do começo da faculdade.. tantos amigos.. tantos grandiosos amigos..
Saudoso do começo do amor.. daquela batida desritmada e arfante no peito...
Saudoso do começo da vida, onde responsabilidade era não tê-las...
Feliz eu fico de saber, que ainda vou vivendo muitos começos dos quais irei saudoso saudar à posteriori por saboreá-los da melhor maneira que posso...
Assim sendo, creio que começamos bem.. não acha?
Talvez excitante seja uma palavra melhor..
Há um misto de receio e expectativa, que quando vistos em retrospectiva tornam os começos marcos memoráveis...
Ainda que, na verdade, não tenham nada de marcos, apenas de marcantes.. reconstruídos sincronicamente e esvaziados da diacrônia que os definia como começos...
Vivi muitos começos e vivo tantos outros...
Este é mais um.. alheio a qualquer um e significativo apenas para mim.. um espaço virtual para conter minhas delirantes idéias...
Então por onde começar? Mas já não está começado? Em que ponto deixa o momento inicial de ser começo?
Começo a pensar ser muito fugidio esse tal começo...
Já dizia o Renato Russo "E depois do começo, o que vier vai começar a ser o fim.."
Não temo os fins, mas sempre fico saudoso dos começos... sou meio escravo da memória.. não um escravo passivo.. um daqueles que resistem em suas pequenas lutas cotidianas.. mas ainda assim escravo..
Saudoso do começo da faculdade.. tantos amigos.. tantos grandiosos amigos..
Saudoso do começo do amor.. daquela batida desritmada e arfante no peito...
Saudoso do começo da vida, onde responsabilidade era não tê-las...
Feliz eu fico de saber, que ainda vou vivendo muitos começos dos quais irei saudoso saudar à posteriori por saboreá-los da melhor maneira que posso...
Assim sendo, creio que começamos bem.. não acha?
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