sábado, 1 de junho de 2024

Carta para Hélio Lopes



Oi pai. 75 anos atrás nascia Hélio Lopes dos Santos. O cara mais legal que eu já conheci. E hoje como super presente nasceu a Aurora, sua quarta neta. No mesmo dia que você e o Gustavo. Tenho essa tristeza dos seus netos não terem te conhecido. Eles iam saber que você era o avô mais incrível de todos. Era avô até das netas e netos dos outros, imagina dos seus.

A saudade é tanta. Já se vão 14 anos e eu sinto como se fosse ontem. Continuo sentindo sua falta todo dia. Não sei falar sobre você sem me emocionar e chorar. Faço questão para deixar jorrar a medida da importância. Eu conto muito sobre você pra Ana e pro João. Queria contar mais, ter mais histórias ainda... Eles estão maravilhosos. Não é fácil lidar com o autismo do João, mas ele é o rei do abraço. Ana é maravilhosa e divertida, embora os conflitos dos dois também sejam canseira. São meus parceiros em tudo. Sei que sou um pai que faria o melhor pai de todos ter muito orgulho.

Eu e a Débora estamos nos separando. Como amigos, pensando nas crianças, fazendo tudo com cuidado e compromisso. Mas não é fácil, Nunca achei que passaria por isso. Fico revendo o momento que você e mamãe se separaram. De quando me contaram. Lembro com uma super clareza. Lembro do turbilhão que eu senti. Eu só pensava o que eu tinha feito pra merecer aquilo. Desde que as crianças ficaram sabendo há um mês e pouco tiveram algumas coisas dolorosas. A sensação de que eu estou partindo me dói, não é o que eu queria. Nunca soube ser sozinho, mesmo sabendo que não vou ser, mas eu sempre fui um bobo romântico. Enfim, as coisas andam assim, ainda se aprumando, mas seguindo.

Na escola vai tudo bem. Estou muito feliz com a minha escola, cada dia potencializando mais meus projetos. Estou pleno lá, tem sido incrível. Queria muito poder te mostrar.

O Brasil tá se recuperando, embora a cobiça inescrupulosa dos malditos nunca cesse né. A extrema-direita taí espalhando fascismo pelo mundo sem qualquer escrúpulo. O mundo tá acabando sufocado em saco plástico, assado e afogado, tudo ao mesmo tempo. O governo tá atado pelos nós de sempre, sem perspectiva de respiro, agarrado no sistema e todas as mazelas que ele perpetua, mas qual a opção. Queria conseguir guardar algum otimismo, mas um realismo epicurista tem me ganhado cada vez mais. Mas ainda me resta o otimismo das pequenas coisas. A contra-mola que resiste...

Como sempre, eu queria um colo. Queria um ombro. Queria sua força. Queria esse pai que salva a gente de tudo. Que sonha junto com a gente. Que põe o pé no chão, mas ensina a pegar impulso. Queria meu pai aqui comigo, o Negão, o Hélio Bonitinho. O cara que eu mais admirei nessa vida e que quanto mais eu vivo, mais eu admiro. Amo você.



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