quinta-feira, 20 de junho de 2024

Saudades de você

 É algo além da beleza

Dessa infinita maravilha

Tem um tanto de poder 

Mas tem um que de menina

Tem um alvorecer de sol incandescente 

A força de onça que pega a vida no dente

A graça de anja sagrada

Mesmo pela vida sangrada

A imponência de leoa indomada 

Fato é que depois dela

O tudo é nada

Sem ela a aquarela

É só uma mancha borrada

Como é possível festa 

Sem ela na enseada?

O Carnaval todo só tem folia

Se ela desfila a apoteose da perfeição desde a entrada

Ela é a deusa

A musa

A primeira

A única 

A dona de tudo

E mais pouco

Que sem ela 

A poesia nunca fica rimada

A cerveja não fica gelada

Nada sacia

É a sua majestade que faz a existência ganhar sentido 

Todo dia

Todo o resto é conversa fiada

domingo, 16 de junho de 2024

Sós

 


Acordar não espantou o cansaço 

Semana longa

Uma sexta sem dança

Tudo parecia parecia conspirar para o errado

Mas ao mebos havia ela ali ao lado

Nua

Contemplativa olhando o dia amanhecer na janela

Um carinho de leve subiu correndo pela linha das costas

Causou aquele arrepio de quando a energia encosta

Lá pela nuca o carinho enrosca

Não falha nunca

A deusa virou o flanco

Um seio livre, um sorriso franco

O olhar que sabia bem o que ele estava tramando

- Você sabe que seu umbigo está me convidando...

- Sei.. foi por isso que virei... para você se curvar a minha majestade!

- Imperiosa verdade, imperatriz das minhas necessidades, vim te trazer esse alarde que invade, entremeando gozo e algumas maldades, bem rimadas com as suas vaidades...

- Menos rima e mais língua, poeta que arde!

Calado

Ele também se pôs de lado

E recitou em um braile toque firma e pesado

De cada detalhe

Do corpo dela

Se ocupou dos pontos

Perseguiu as linhas

Sorveu o molhado 

Fez o mais profano e o mais sagrado

Até que ela já não tinha nenhum juízo

Está possuída por aquele estado entre o rito e o grito

Ela era a própria manifestação do agito

Não há nada mais bonito

Que ela cavalgando o falo

Até o talo

Te dando mais que um trato

Com aquele rebolado

Explicando o sentido da vida

Explosivanente tão colorida

Que tudo dela deriva

Deusa de fato

Esticando ao máximo o contato 

Arranhando como gata

Sendo mordida ali na divisa do quengo 

Com a as coxas tão frenéticas tão vermelhas

A sinfonia ritmada da raba

O incêndio caudaloso da buceta que senta

Enquanto sente

Acende, ascende

Domina o tempo e o espaço, levando e trazendo, deslizando, mas apertando, subindo e descendo, tanto quanto envolvendo, mas soltando como se saísse voando, mas afogando, no infinito mais íntimo de quem ama fundendo, fode amarrando e libertando nessa loucura sensata de quem não tem mais remendo

Ela está lendo

Agora estava rindo

E assim embolados e decididos

Convicto 

Eles se perderam e deliraram no mais gostoso argumento

E ainda

Da firma mais linda

Quando a vontade ainda infinda atiça

- Tem mais, ela disse...

- É tudo que a gente precisa...

sábado, 1 de junho de 2024

Carta para Hélio Lopes



Oi pai. 75 anos atrás nascia Hélio Lopes dos Santos. O cara mais legal que eu já conheci. E hoje como super presente nasceu a Aurora, sua quarta neta. No mesmo dia que você e o Gustavo. Tenho essa tristeza dos seus netos não terem te conhecido. Eles iam saber que você era o avô mais incrível de todos. Era avô até das netas e netos dos outros, imagina dos seus.

A saudade é tanta. Já se vão 14 anos e eu sinto como se fosse ontem. Continuo sentindo sua falta todo dia. Não sei falar sobre você sem me emocionar e chorar. Faço questão para deixar jorrar a medida da importância. Eu conto muito sobre você pra Ana e pro João. Queria contar mais, ter mais histórias ainda... Eles estão maravilhosos. Não é fácil lidar com o autismo do João, mas ele é o rei do abraço. Ana é maravilhosa e divertida, embora os conflitos dos dois também sejam canseira. São meus parceiros em tudo. Sei que sou um pai que faria o melhor pai de todos ter muito orgulho.

Eu e a Débora estamos nos separando. Como amigos, pensando nas crianças, fazendo tudo com cuidado e compromisso. Mas não é fácil, Nunca achei que passaria por isso. Fico revendo o momento que você e mamãe se separaram. De quando me contaram. Lembro com uma super clareza. Lembro do turbilhão que eu senti. Eu só pensava o que eu tinha feito pra merecer aquilo. Desde que as crianças ficaram sabendo há um mês e pouco tiveram algumas coisas dolorosas. A sensação de que eu estou partindo me dói, não é o que eu queria. Nunca soube ser sozinho, mesmo sabendo que não vou ser, mas eu sempre fui um bobo romântico. Enfim, as coisas andam assim, ainda se aprumando, mas seguindo.

Na escola vai tudo bem. Estou muito feliz com a minha escola, cada dia potencializando mais meus projetos. Estou pleno lá, tem sido incrível. Queria muito poder te mostrar.

O Brasil tá se recuperando, embora a cobiça inescrupulosa dos malditos nunca cesse né. A extrema-direita taí espalhando fascismo pelo mundo sem qualquer escrúpulo. O mundo tá acabando sufocado em saco plástico, assado e afogado, tudo ao mesmo tempo. O governo tá atado pelos nós de sempre, sem perspectiva de respiro, agarrado no sistema e todas as mazelas que ele perpetua, mas qual a opção. Queria conseguir guardar algum otimismo, mas um realismo epicurista tem me ganhado cada vez mais. Mas ainda me resta o otimismo das pequenas coisas. A contra-mola que resiste...

Como sempre, eu queria um colo. Queria um ombro. Queria sua força. Queria esse pai que salva a gente de tudo. Que sonha junto com a gente. Que põe o pé no chão, mas ensina a pegar impulso. Queria meu pai aqui comigo, o Negão, o Hélio Bonitinho. O cara que eu mais admirei nessa vida e que quanto mais eu vivo, mais eu admiro. Amo você.