segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Domingo


Me perdi no domingo

Bebi tudo até o último pingo

Trabalhar no dia seguinte parecia castigo

Mas ainda tava caçando perigo

Ou abrigo

Que o calor era infernal

Foi aí que ela chegou feito vendaval

Não era só o olhar sensual

Era a aura de deusa da porra toda

O sorriso de te acabo fácil fácil

Tudo nela parecia precipício 

E eu por vicio 

A convidei para uma rima

Uma música, alguma lírica 

Uns drinks em Paris

Ela riu como quem diz

Me convença 

Mas antes do que você pensa

Já havia contato

Olfato, paladar e todo o tato

Palpitar

Ninguém fazia ideia de onde as roupas foram parar

Ou quem apagou a luz enquanto a porta batia

Tudo era vontade vadia

Unhas rasgando as costas

Mordidas devorando pescoço

O gato pulou da cama enquanto podia se salvar

Nenhum dos dois estava ali para brincar

Cada gemido era uma saraivada de desejo

Cada delírio começava e terminava com beijo

Cada lábio recebia a invasão melada por inteiro

O mundo inteiro quicava

Não havia como parar de estapear aquela raba

Como não se afogar

Na força daquele olhar

Como não escalar do umbigo ao infinito

Enquanto vinha mais e mais e ainda mais o agito

Tudo voava

Ao mesmo tempo que toda estrela cadente despencava 

A Valquíria cantava

Gozava

Marcava

Dominada dominava aquela cavalgada 

Até o grudar envolver as realidades pulsantes tão díspares quanto entranhantes no âmago de tudo que houve, há e haveria

Mais um instante

Até serem de novo

Dois amantes 

Famintos

Num domingo

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