Três vezes olhei para o Nada
Ali da minha sacada
Exausto de tanta jornada
E bem sabia que só o mal me esperava
A angústia lhe devorava
Tal qual um rio caudaloso de lava
Nem o pó restaria da empreitada
Mas ele se destacara daquela manada
Se desatara da forma como dava
Mesmo deixando toda a gente tão brava
Quando o cravo na ferradura crava
Não era no Nada em que ele pensava
Mas agora já estava ali defronte
Eclipsava todo e qualquer horizonte
E por mais histórias que um poeta conte
Ele sabe quando a poesia morre
Falta
Nada o socorre
Nenhuma rima salta
Mesmo se artista é gente incauta
Nem tudo se resolve com porre
Com porra
Com pira
Compasso
Se paro
Se pulo
Ouso
Pululo
Estouro
Mas não vem
Não veem
Ninguém
Para levá-lo além
De fazer rimar o querer-bem
Que todos sabem não tem hífen
Mas para o Nada mesmo assim está tudo bem
Pois a obliteração total e absoluta da inspiração é só a anunciação
De que
Só
Estamos
Só
Assim
Aquém
Sem fim
Só nada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário