terça-feira, 15 de outubro de 2019

Celebrar


Sigo
Consigo
Comigo
Com eles e elas
Criaturas singelas
Minhas aquarelas
Faunos e fadas
Dríades e gnomos
Isso é o que somos
No tropo e no nomos
Uma gente embalada
Que canta nunca mais eu vou dormir
Nunca mais eu vou dormir
Que de energia sabe se vestir
E quando o mundo quer nos consumir
Dança na enseada
Deixa a multidão maravilhada
Que não existe coisa mais sagrada
Que esticar as asas cansadas
E curtir a vertigem da queda
Por isso a gente se envereda
E pé não arreda
Até ser lenda
Até incendiar a tenda
Porquê a gente não remenda
A gente alarga a fenda
E não finda
Nossa arte ainda
É a expressão mais linda
A mais lida
A lira
Que delira
E que esse fauno que vos fala
Segue a tocar por aí...


quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Carta para Hélio Lopes



Salve nego véio...
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock´n roll
Uns dias chove, outros dias bate sol
Mas o que eu quero é te dizer que a coisa aqui tá preta
Um menino de 12 anos espancou e matou uma menina de 9 enforcada em São Paulo ontem...
Militarizaram a décima escola em Santa Maria ontem...
A Reforma da Previdência e a crueldade avançam sem pudor
Capaz que tudo desmontem
Sem qualquer penhor de igualdade
Tão rápido que tudo se vai
E a galera achando que a ficha ainda cai
Sendo que ficha não há
Quiçá
Algum despertar
Mas a gente segue a lutar
E a apanhar
Tem tantas horas
Todas as horas
Que eu queria com você estar
Desabafar
E saber que tem um pai lá pra me amparar
Mas só na memória que tem
No peito
Me ajeito e aceito
Feliz de ter tido esse alguém
O que eu mais tenho é aluno que não tem
Alguns não tem ninguém
A maioria tem é uma mãe sendo massacrada ininterruptamente além da compreensão de quem tem comida todo dia na geladeira
Tanta ladeira
Tanta lameira
Tanta beira
Tanta queda
Desculpa como a prosa se envereda
Mas pra tanta vereda
Tem muito sertão
Incerto
Viver é mesmo muito perigoso
E maldito seja o Bozo
E seus minions
Sua crueldade televisiva
Sua violência de privilegiados
Seu individualismo exacerbado
Tô cansado
Até quando ando pra frente
Olhando pros lados
Mas segue o repente
A gente sente
O tempo todo sua falta