sábado, 10 de julho de 2021

Festim para o finado Fauno 5




Dobrei o tempo e o espaço 

Para trazer meu traço 

Ao teu regaço 

Regar-te num amasso 

Nem tudo posso

Mas tudo faço 

Um laço 

Na mão direita

Estranhas 

Mas aceitas 

Minha barba arranha

Enquanto se ajeita 

Assanha

Te deleitas 

Capaz que derreta 

Quando prendo a esquerda 

Sem nenhuma perda 

De um instante sequer

Pois sua maravilhosidade requer

Que verta 

Poesia de mulher 

Quanto mais vier

Melhor

Corpo preso

Alma solta

Vem o peso 

Voltas todas 

A pele arrepia

Os olhos fecham 

O universo invade

No meu verso arde 

Se esfrega 

Suplica mais 

Mordo ainda 

Cobrindo tudo de cima 

Com a rima 

Fazendo o embalo 

O mergulhar até as profundezas mais abissais desse teu mar 

Num único fôlego de mergulhador fascinado pelo infinito 

Fito 

Preso

Amarrado

Pelo seu íntimo enlaçado

Rebolo

No teu colo

Atados 

Remo um gemido descontrolado 

Faminto como o monstro do mito encantado 

Devoro 

O umbigo

O ventre

Os seios

O pescoço 

Devoto

Me detenho 

Seu moço 

Movo 

Colo

Assolo 

Quase um tolo

Ante a deusa do gozo

A bruxa 

No voo 

Me puxa 

Me usa 

Minha 

Desalinha 

Me entranha na vagina

És minha sina 

Assinas 

Fascinas

Desatina 

Cada milímetro ofegante da explosão que encaminha 

Minha

Sua 

Soua

Ressoa 

Entoa

Então 

Se apertam as mãos 

De tremer os chão 

O melaço no vão 

Quentes

Rentes

Inconsequentes

A gente

Que não é desse mundo não...

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