- Nada mais é possível.
- Nada? Impossível!
- Não é!.. Acabou..
- Todo fim é uma infindade de começos.
- Se fosse não era fim.
- Só é fim porque alguém diz que ali se interrompe essa continuidade ininterrupta de rupturas.
- Pois eu sou essa pessoa e digo.. findou.
- Se você dá fim, o resto dá de ombros.
- Sendo resto, não me importa.
- Só é resto porque o seu centro não olha as periferias.
- Estou num momento de crise.
- Que bom..
- Bom porque não é sua crise..
- Se fosse minha eu ia saborear cada casquinha dela. Cada pedaço que cai.. cada fagulha que se apaga.. até aqueles últimos lampejos de prazer que só no final pode existir. O problema das pessoas é abraçarem esse conceitozinho romântico e barato de eternidade.. nada é eterno PORRA!!! Nem a vida, nem o amor, nem as filosofias.. PORRA NENHUMA É. Tudo que nasce, morre! Os relacionamentos, os encontros, os filmes, as músicas, os movimentos, as vontades, os desejos, os trabalhos, os alimentos, as companhias.. tu-do!!! Até os Deuses morrem, meu bem. E levam seus fins. Pode-se acreditar nessa teoria geolítica e monográfica de que se sobe e desce.. se segue.. se gira.. espirais desconexas.. então aproveita esse ponto.. que não é reta.. não é seta.. nem é ponto.. só é coisa tua e tudo que é teu devia ter o privilégio de ser saboreado.
- Mas não era o que eu queria...
- Você ouviu o que eu disse. És como um bêbado que se recusa a vomitar.. ou um suicida que desiste no meio da queda e resolve que seria melhor voar. Não prefira a inércia de sua estática ao privilégio dessa vertigem.. pense que o impacto é só um apoteótico instante...
- Difícil pensar isso com tanta dor..
- Toda dor, tem sua cor.. e masoquismo não é gostar de sofrer.. é ter novas perspectivas das sensações.. eles ainda sentem dor.. só que o que é dor pra você, pra eles é prazer.. o que dói neles tem outra penetração..
- Nada disso me importa nem um pouco. Eu não queria me sentir esse aborto de mim mesmo. Queria aquela satisfação de antes.. de que tudo estava no rumo certo e.. e..
- Bom.. o rumo foi o que te trouxe até aqui. Até essa encruzilhada..
- Pois é.. achei que aqui eu poderia fazer um pacto com o diabo e me tornar um grande nome do blues..
- Não faço mais essas coisas. Está fora de moda.
- E o que você faz agora?
- Pago um bom preço por tudo que Ela não quer..
- Ela?
- É.. você não viu Dogma? Achou que era só mais um filminho de segunda né..
16 comentários:
Que forte, Jorge. Forte e inteligente. Bom... pontos de vista pra todos os pontos de vista. Hehehe.
Beijão, bom final de semana pra tu!
Gostei do deboche do texto. Ao mesmo tempo, lembrou-me as viagens adolescentes do Paulo Coelho... parabéns. Abraços
ALBERGUE MENTAL
http://caioalbergue.blogspot.com
Adorei esse texto! Há nele tanta coisa que preciso aprender...
Beijos.
Eh… Forte como sempre… um jogo de palavras que levam a divergências inteligentes e quase crónicas.
Bjs meus
Completamente inteligente Seu Jorge, tu poderias virar um monge... rsss
Beijos querido
È Sr Mestre Jorge Valente ( Tu é fodastico mesmo ...viu!"
Puta merda, esse conceitozinho romantico de eternidade pode ser que nao dure. Mas o que me salva nos meus momentos de crises são justamente 2 doses dos meus venenos e mais porçoes cavalares meu conhecimento. Eles me manterão viva. Se tenho meu conhecimento nao sinto ausencia de mim...
"As coisas que voce possue acabam lhe possuindo." (Frase do filme Clube da Luta)
Bom, sem mais para o momento!
Inté...
tantas coisas a se aprender, tantas coisas ...
amei, enfim.
beijos
Quantas coisas a serem aprendindas em seu belo e forte texto.
Muito excelente, viu.
Salve
=)
Encruzilhei-me
num pacto masoquista
com Deus(a)(s) e Diabo(a)(s)
Minha alma.
Por uma lágrima azul.
Para versar blue.
Inquietante. Diálogo intenso. Difícil de assentar na gente, mas quando o faz, fica.
Enquanto isso, vou seguindo trocando passos com minha solidão lilás...
Beijos
hah. amor de cu é rola, isso sim.
; )
beijos, doce.
E, como diria Chico: Meu caro amigo, e sem um cigarro ninguém segura esse rojão.
"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?"
com Parker.
melhor impossível.
muito bom meu caro Jorge.
:*
Crise , Jorge... crise.
Vim puraqui.
Gostei do toque de ironia, Jorge. Contexto para se fazer pensar. Você 'diz' muito, viu!?
'- Você ouviu o que eu disse. És como um bêbado que se recusa a vomitar.. ou um suicida que desiste no meio da queda e resolve que seria melhor voar. Não prefira a inércia de sua estática ao privilégio dessa vertigem.. pense que o impacto é só um apoteótico instante...'
Adoorei!!
beijos.
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