Ele seguia
Pela trilha de tijolos amarelos
E ainda que faltassem alguns
Esperava que ao fim houvesse um castelo
Criaturas incomuns
De fina maestria
Manipulando a magia
Servindo rum
Com sorvete de marmelo
Às vezes os ladrilhos mudavam de cor
Outras a grama verde era mais convidativa
Isso sem falar do céu anil acima
Que sempre contava com sua estima
E fazia-o sorrir de forma altiva
Esquecido da dor
Dor de amor
Dor sim senhor
Dor sim senhora
Aquela dor que não tem dia nem hora
Dor cativa
Que parecia coisa última
Antes, depois e agora
Mas ele seguia em frente
Nadando contra corrente
Pelos tijolos amarelos
Esperançoso de um castelo
Que bem podia ser um barraco
Ser ruínas
Não ser nada
Só um deserto
De dunas de areias dançantes
Um cenário incerto
Pra sua carcaça naufragada
Machucada nas quinas
Um mal-colado de cacos
Onde antes havia a univossidade dos amantes
Peito arfante
Gozar cada instante
Mas disso só restaram sacos
Cheios de memórias
Que pesavam pelo caminho
Presos às costas de seu destino
Quando viu o reluzir mais à frente
E os vultos daquela gente
Pensou em espantalhos, leões e homens de lata
Lembrou-se da velha malta
Tanta lembrança o peito assalta
Que a dor se escondeu com medo
Temia o degredo
Então se travestiu de incômodo passageiro
Quando ele chegou ao primeiro
Dos dragões
Tinha tanta aspirações
Que nem sabia por onde começar
- Olá prisioneiro
Disse a dragoa ao que acabava de chegar
- Não mais prisioneiro
Ele retrucou sentindo-se pioneiro
Na arte de escamotear
- Eu vejo sua alma
Não adianta mentir
Finjindo sorrir
Nesse seu mar de lágrimas
Vamos com calma
Há toda uma fauna que lhe aguarda
Disse a dragoa ao cidadão
Ela que tinha cabelos brancos
Sorrisos francos
E uns imensos tamancos
Que iam do céu ao chão
Mas eram da cor do mar
- Eu vim procurar um castelo
Ele afirmou pensando na amada
- Existem aqui muitos castelos
Existe de tudo em Pasárgada
- Posso entrar então?
- Não com toda essa bagagem
Em Pasárgada nos resguardamos da estiagem
Então se deseja culminar essa viagem
Deixe de bobagem
E entre voando
- E como faço pra voar?
- Vê aquele mar?
Perguntou a dragoa de cabelos brancos
Senhora de todos os cantos
- Vejo
- Pois ele é o ensejo para o seu despertar
- Mas eu só queria seguir
- Só seguir ninguém segue
Ninguém consegue
É preciso assumir
E disso se vestir
Para assumir outra roupagem
- Assim o céu irei ganhar?
- Assim irá se experienciar todo dia
Disse a dragoa batendo asas
E voar virará mania...
12 comentários:
É preciso se entregar...
Beijos!
É preciso sentir...
Daí o castelo se materializa, mesmo que seja na nossa imaginação.
:)
Fecha os olhos e se joga no azul... tão bom!
bjm
falo de casal.
Genial... sem palavras para qualificar. Genial.
Abraço grande!
E como dizia Mario Quintana:
"E, se duvidares muito, daqui a pouco sairão voando todas as gravatas borboletas..."
beijos daqui...
que linda sua Oz...
que a busca seja infinita para que encontres pelos caminhos mais e mais vida!
beijoss
DEUS SALVE A RAINHA. E O JORGE TAMBÉM.
:)
Também.
Ela trilhou
Mesmos caminhos
Mesmos amores
Masmas vidas
Salto a salto
Cada tijolo se formava
Vela e rumo
Começo de magia
Sorvete com alegria
Não olhava a cor
O brilho ofusca...
Esquece a dor
E com ardor ama a vida
Altiva...
Jamais cativa...
Sorri.
Atenta ao tempo exacto
Se explica ao medo
Com silêncios
Com calares
Com esquecimentos
Segue em frente...
Do mar de lágrimas
Era a dona
Do prisioneiro
A senhora...
Bate asas e voa.
Volta a insistir
O céu é seu único sentir
Não se negou...
Sua sede é clara.
Trágica essa dragoa
Que só voa quando tem dor.
Folia que lhe guia.
idéias definidas, pensamentos delicados, enfim é preciso se jogar ao desonhecido e só depois disse saber se valeu a pena, se não vai ser apenas fantasias.
beijos
Quando leio seus poemas parece tão fácil escrever versos em rima, mas sei que não é. Você que faz isso parece tão simples assim. Será que é preciso chegar até o castelo? Pense nisso...
Beijão!
PS: Adorei as suas manias! E lendo a respeito do sanduíche, percebe-se o quanto vc é perfeccionista hein, rs.
Postar um comentário