(Eu também estava ali, perdido no fim do mundo, da janela, contemplando a procissão de gigantes que seguia pelo céu em um cortejo fúnebre...)
"E a outra... a última... acho que me apaixonei por ela. De leve. Não é bobo? Era como se já a conhecesse. Como se fosse minha amiga mais antiga e querida. O tipo de pessoa a quem se pode contar tudo, até as piores coisas, e ela ainda gostará de você. Porque o conhece. Senti vontade de ir com ela. Queria que ela me notasse.
Então ela parou de caminhar. Parada sob a lua, olhou para nós. Olhou para mim. Talvez estivesse tentando me dizer algo, não sei. Não devia nem saber que eu estava ali. Mas sempre a amarei por toda minha vida." (Gaiman, Neil. Fim dos Mundos. São Paulo: Conrad, 2008, p. 156/7)
(Os olhos dela tinham o pesar de uma lua crescente sangrenta. E o cabelo dela escondia mais mistérios sombrios que a vastidão do universo. Não havia lágrimas correndo pela pele alva como o mármore de um túmulo. E naquele rosto sem linhas se fazia a expressão que tudo diz de tanto que cala. Como não amá-la? Trazia as mãos unidas, à frente do corpo, sobre o ventre. Alguns fios desajeitados cortavam a face. Era bela como a necessidade de uma alma, que no afã da liberdade, morre no beijo da amada.)
"O objetivo principal não é descobrir, mas refutar o que somos. (...) Não é libertar o indivíduo do Estado e de suas instituições, mas libertar-nos, nós, do Estado e do tipo de individualização que vai ligada a ele. É preciso promover novas formas de subjetividade..." Foucault
sexta-feira, 30 de maio de 2008
quarta-feira, 28 de maio de 2008
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Poder ou Quem dera...
Poder
E suas possibilidades...
(Ele girava algumas idéias entre os dedos. Alguns medos entre as narinas. O peito ofegava como só o peito de um fumante fazia. Girou um olhar como uma bailarina que quer impressionar. Bebeu como quem bebe pra esquecer. Não esqueceu. Não impressionou.)
Podre
E suas podridões...
(Escarrou verde musgo. O chão era marrom-amanhã-morreremos e grudento. Havia sujeira que faria as baratas desvalorizarem tal imóvel. Um panfleto amassado ainda tinha vestígios da droga. O cheiro de urina fazia tudo parecer ainda pior. Amarelo-desgraça.)
Pode
E suas posições...
(Estava ereto. Estava convicto. De tão abalado. De tão embalado. De tantos vícios. Estava curvado. De tão ensaguentado, estava vazio. Oco. Era pouco. Nem estava de tanto que era. Ele tinha a fera e nenhum bela, rosa ou maldita maldição.)
Pó
E suas poeiras...
(Sujeira. Cinzas. Cocaína. Sujeira. Café. Riscado. Giz. Sujeira. Cinzas. Sal. Sal. Sal.)
Dê
E suas dicas...
(Quem tropeça levanta. Quem almoça desiste da janta. Quem canta seus males espanta. Pra que um pouco se a vida é tanta. Amassou e jogou tudo no lixo. Prolixo. Prefixo. Dante.)
R
E seus erros...
(Levantou. Deixou o que restava na garrafa. Ninguém viera. Já não é mais primavera. Só o inverno impera. Quem dera.. quem dera. Cheirou o que restava. Fumou a última guimba. Lembrou-se do último amor. Colocou as cadeiras sobre a mesa. Apagou a luz e foi-se. Nem mais, nem menos...)
E suas possibilidades...
(Ele girava algumas idéias entre os dedos. Alguns medos entre as narinas. O peito ofegava como só o peito de um fumante fazia. Girou um olhar como uma bailarina que quer impressionar. Bebeu como quem bebe pra esquecer. Não esqueceu. Não impressionou.)
Podre
E suas podridões...
(Escarrou verde musgo. O chão era marrom-amanhã-morreremos e grudento. Havia sujeira que faria as baratas desvalorizarem tal imóvel. Um panfleto amassado ainda tinha vestígios da droga. O cheiro de urina fazia tudo parecer ainda pior. Amarelo-desgraça.)
Pode
E suas posições...
(Estava ereto. Estava convicto. De tão abalado. De tão embalado. De tantos vícios. Estava curvado. De tão ensaguentado, estava vazio. Oco. Era pouco. Nem estava de tanto que era. Ele tinha a fera e nenhum bela, rosa ou maldita maldição.)
Pó
E suas poeiras...
(Sujeira. Cinzas. Cocaína. Sujeira. Café. Riscado. Giz. Sujeira. Cinzas. Sal. Sal. Sal.)
Dê
E suas dicas...
(Quem tropeça levanta. Quem almoça desiste da janta. Quem canta seus males espanta. Pra que um pouco se a vida é tanta. Amassou e jogou tudo no lixo. Prolixo. Prefixo. Dante.)
R
E seus erros...
(Levantou. Deixou o que restava na garrafa. Ninguém viera. Já não é mais primavera. Só o inverno impera. Quem dera.. quem dera. Cheirou o que restava. Fumou a última guimba. Lembrou-se do último amor. Colocou as cadeiras sobre a mesa. Apagou a luz e foi-se. Nem mais, nem menos...)
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Os Sucos Del Valle vão dominar o mundo ou uma minha teoria maluca...
Num futuro cada vez mais proximo, os Sucos del Valle vão dominar o mundo.
Comecemos do começo...
Há cerca de 8 anos atrás... eu trabalhava no arquivo do Senado como estagiário juntamente om outros amigos do curso de História da UnB...
Curiosamente, eu sou uma pessoa que bebe bastante suco, mas estava a beber refrigerantes numa festinha de amigo oculto quando escutei a conversa:
"Você já bebeu... não? Ah você tem de beber... é muito bom..."
"Mas engraçado, nunca ouvi falar dele..."
"Pois é, é novo, super bom..."
"Nossa é bom mesmo...
Reparei no diálogo, e nos dias consecutivos escutei muitas vezes mais... no trabalho, nas ruas, entre os amigos... até mesmo em casa...
Por toda a parte as pessoas consumiam aquele suco, do qual ninguem ouvira falar...
Nada de propagandas, publicidade...nada... qual era o segredo? o que estava havendo?
Em poucos meses, observando o comportamento dos usuarios (varios amigos e parentes), percebi a irritação que lhes causava o não consumo do suco por minha parte... em pouco tempo descobri o segredo... o SUCO DEL VALLE escondia um componente CONTROLADOR DE MENTES em sua fórmula...
Em pouco tempo, começaram os ataques, amigos meus começaram a tentar me convencer de qualquer forma a ingerir aquele suco, usavam até planos para que eu o fizesse sem saber (tipo igual a turma da mônica tentando dar banho no cascão)...
Devido às constantes falhas nos planos, continuei à salvo, mas muitos passaram a tentar me excluir ou ridicularizar...
Comecei a tentar salvar os dominados e informar aqueles que por sorte ainda não haviam ingerido o suco... MAS EU NÃO ESTAVA PREPARADO PARA O QUE VIRIA A SEGUIR...
Enquanto eu travava minha cruzada contra o consumo daquele suco, que ninguem ouvira falar, mas todo mundo tomava... um evento de grandes proporções aconteceu... Uma noite em rede nacional, no horário nobre... uma propaganda...
A propaganda se inicia com duas pessoas conversando:
- Engraçado, mas eu nunca ouvi falar desse suco...
No que a segunda responde - É ótimo. Eu tomei na casa de uma amiga...
Aparece a casa da amiga...
A segunda pessoa diz - Que delícia... nunca tinha ouvido falar...
A amiga responde - Pois é, eu tomei no escritório, meu estagiário...
Enfim, muitos diálogos ocorriam, mas todos nessa mesma linha... até que ao fim, em uma mesa de família num almoço de domingo a última pessoa diz:
- Nossa que gostoso, nunca vi uma propaganda...
Nesse momento uma singela menininha loira de uns 6 anos balança na sua cadeira e solta a frase - VAI VER QUE NÃO PRECISA NÉ...
Foi então que aturdido, chocado, deixei a frente da televisão... não acreditava no que havia visto... mais do que projetar diretamente sua imagem para milhões de pessoas, os Sucos del Valle estavam dando uma reposta direta ao combate ao seu consumo... não adiantaria, esforço inútil... ele se disseminava em todos os ambientes, em todas as relações o tempo todo...
Conversando com os poucos amigos sensíveis aos meus apelos... resolvi mudar minha estratégia... deixaria o combate direto ao suco dominador, passando a um combate velado, de guerrilha... não mais abertamente, pois minha segurança já estava em perigo...
Então eles partiram para o ataque...
Aqui farei um pequeno parentese em nossa história...
Desde pequeno, logo depois de largar o peito, sempre fui um grande consumidor de chá... como meu pai sempre bebeu muito... e já cheguei a beber uns 3 litros por dia... ainda hoje bebo pelo menos 1 litro por dia... todos os tipos de chá são apreciados pela minha pessoa (com exceção de boldo e alho), mas meu preferido sempre foi o chá mate... apesar de nunca ter me filiado a uma marca específica, o consumo preferencial na minha casa sempre foi do mate Real...
devido a uma pequena alta em seu preço durente uma época, passamos a consumir o mate Leão (de melhor qualidade, mas com preço até então superior)... cerca de 2 semanas após esse irrelevante fato... estava no centro academico da universidade conversando com uma amiga, Fernanda Chuchu:
- "Jorge, você fiou sabendo?
- Do que Chuchu?
- Os Sucos del valle ... risos... compraram o Chá Real... eu vi isso no jornal e lembrei de você... risos... cuidado, agora você não pode mais tomar esse chá também"
Para minha surpresa os Sucos del Valle estavam tentando me encurralar, partiam para o ataque através do meu mais forte hábito de consumo... por um golpe de sorte eles não haviam previsto que a sutil variação economica gerada pela compra da empresa acarretaria o dispertar da pão-durice do meu pai, recharssando assim a compra do mate contaminado... eu escapei por pouco e começava a ter problemas...
A esta altura do campeonato tudo parecia perdido... não só o consumo dos famigerados sucos del valle cresciam cada vez mais por todo território brasileiro, como agora eu encontrava-me acuado, podendo a qualquer momento ser vítima do suco maldito...
Vários amigos próximos redobraram suas investidas no intuito de me fazer ingerir o suco.... cada vez mais lamentava a perda de amigos, vítimas do consumo do suco... mesmo aqueles antes fora de sua alçada eram atingidos (sucos light, novos sabores, chás... )... meu tempo para deter aquilo era cada vez mais curto e o processo já parecia irreversível...
Foi então que veio a grande investida... dominado pelo suco, meu pai... sim, meu próprio pai tentou através de mecanismos economicos, politicos, socio-culturais me fazer ingerir o suco... fui obrigado a usar toda a minha astucia (alem de uma boa dose de sorte para escapar)... durante a fuga, refugiei-me num dos poucos locais aversos ao suco (a casa do Gordo)...
Lá, através da utilização de avançados computadores, conseguimos colher informações do arquivo X dos Suco del Valle...
O arquivo escancarava o projeto final... o que estava realmente por trás daquela maldita embalagem vermelha (ou prateada no caso dos lights...)
(Continua...)
Comecemos do começo...
Há cerca de 8 anos atrás... eu trabalhava no arquivo do Senado como estagiário juntamente om outros amigos do curso de História da UnB...
Curiosamente, eu sou uma pessoa que bebe bastante suco, mas estava a beber refrigerantes numa festinha de amigo oculto quando escutei a conversa:
"Você já bebeu... não? Ah você tem de beber... é muito bom..."
"Mas engraçado, nunca ouvi falar dele..."
"Pois é, é novo, super bom..."
"Nossa é bom mesmo...
Reparei no diálogo, e nos dias consecutivos escutei muitas vezes mais... no trabalho, nas ruas, entre os amigos... até mesmo em casa...
Por toda a parte as pessoas consumiam aquele suco, do qual ninguem ouvira falar...
Nada de propagandas, publicidade...nada... qual era o segredo? o que estava havendo?
Em poucos meses, observando o comportamento dos usuarios (varios amigos e parentes), percebi a irritação que lhes causava o não consumo do suco por minha parte... em pouco tempo descobri o segredo... o SUCO DEL VALLE escondia um componente CONTROLADOR DE MENTES em sua fórmula...
Em pouco tempo, começaram os ataques, amigos meus começaram a tentar me convencer de qualquer forma a ingerir aquele suco, usavam até planos para que eu o fizesse sem saber (tipo igual a turma da mônica tentando dar banho no cascão)...
Devido às constantes falhas nos planos, continuei à salvo, mas muitos passaram a tentar me excluir ou ridicularizar...
Comecei a tentar salvar os dominados e informar aqueles que por sorte ainda não haviam ingerido o suco... MAS EU NÃO ESTAVA PREPARADO PARA O QUE VIRIA A SEGUIR...
Enquanto eu travava minha cruzada contra o consumo daquele suco, que ninguem ouvira falar, mas todo mundo tomava... um evento de grandes proporções aconteceu... Uma noite em rede nacional, no horário nobre... uma propaganda...
A propaganda se inicia com duas pessoas conversando:
- Engraçado, mas eu nunca ouvi falar desse suco...
No que a segunda responde - É ótimo. Eu tomei na casa de uma amiga...
Aparece a casa da amiga...
A segunda pessoa diz - Que delícia... nunca tinha ouvido falar...
A amiga responde - Pois é, eu tomei no escritório, meu estagiário...
Enfim, muitos diálogos ocorriam, mas todos nessa mesma linha... até que ao fim, em uma mesa de família num almoço de domingo a última pessoa diz:
- Nossa que gostoso, nunca vi uma propaganda...
Nesse momento uma singela menininha loira de uns 6 anos balança na sua cadeira e solta a frase - VAI VER QUE NÃO PRECISA NÉ...
Foi então que aturdido, chocado, deixei a frente da televisão... não acreditava no que havia visto... mais do que projetar diretamente sua imagem para milhões de pessoas, os Sucos del Valle estavam dando uma reposta direta ao combate ao seu consumo... não adiantaria, esforço inútil... ele se disseminava em todos os ambientes, em todas as relações o tempo todo...
Conversando com os poucos amigos sensíveis aos meus apelos... resolvi mudar minha estratégia... deixaria o combate direto ao suco dominador, passando a um combate velado, de guerrilha... não mais abertamente, pois minha segurança já estava em perigo...
Então eles partiram para o ataque...
Aqui farei um pequeno parentese em nossa história...
Desde pequeno, logo depois de largar o peito, sempre fui um grande consumidor de chá... como meu pai sempre bebeu muito... e já cheguei a beber uns 3 litros por dia... ainda hoje bebo pelo menos 1 litro por dia... todos os tipos de chá são apreciados pela minha pessoa (com exceção de boldo e alho), mas meu preferido sempre foi o chá mate... apesar de nunca ter me filiado a uma marca específica, o consumo preferencial na minha casa sempre foi do mate Real...
devido a uma pequena alta em seu preço durente uma época, passamos a consumir o mate Leão (de melhor qualidade, mas com preço até então superior)... cerca de 2 semanas após esse irrelevante fato... estava no centro academico da universidade conversando com uma amiga, Fernanda Chuchu:
- "Jorge, você fiou sabendo?
- Do que Chuchu?
- Os Sucos del valle ... risos... compraram o Chá Real... eu vi isso no jornal e lembrei de você... risos... cuidado, agora você não pode mais tomar esse chá também"
Para minha surpresa os Sucos del Valle estavam tentando me encurralar, partiam para o ataque através do meu mais forte hábito de consumo... por um golpe de sorte eles não haviam previsto que a sutil variação economica gerada pela compra da empresa acarretaria o dispertar da pão-durice do meu pai, recharssando assim a compra do mate contaminado... eu escapei por pouco e começava a ter problemas...
A esta altura do campeonato tudo parecia perdido... não só o consumo dos famigerados sucos del valle cresciam cada vez mais por todo território brasileiro, como agora eu encontrava-me acuado, podendo a qualquer momento ser vítima do suco maldito...
Vários amigos próximos redobraram suas investidas no intuito de me fazer ingerir o suco.... cada vez mais lamentava a perda de amigos, vítimas do consumo do suco... mesmo aqueles antes fora de sua alçada eram atingidos (sucos light, novos sabores, chás... )... meu tempo para deter aquilo era cada vez mais curto e o processo já parecia irreversível...
Foi então que veio a grande investida... dominado pelo suco, meu pai... sim, meu próprio pai tentou através de mecanismos economicos, politicos, socio-culturais me fazer ingerir o suco... fui obrigado a usar toda a minha astucia (alem de uma boa dose de sorte para escapar)... durante a fuga, refugiei-me num dos poucos locais aversos ao suco (a casa do Gordo)...
Lá, através da utilização de avançados computadores, conseguimos colher informações do arquivo X dos Suco del Valle...
O arquivo escancarava o projeto final... o que estava realmente por trás daquela maldita embalagem vermelha (ou prateada no caso dos lights...)
(Continua...)
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Pra Dé ou Aos nossos 5 anos...
Às vezes eu canto
Às vezes eu danço
Muitas vezes eu balanço
Mesmo com meu jeito manso
Me refugio em algum canto
Que normalmente são seus braços
Meu melhor regaço
O mais confortável recanto
Pro meu pranto
Pro meu manto
Pra minha espada
E minha cabeça avoada
Que sempre vai com a passarada
Mas só pia no seu ninho
Só se alimenta do seu carinho
Já que és meu vinho
Meu caminho
Minha flor
E meu espinho
Que só atiça
Que me embebeda
Me envereda
Me oriça
Me alegra
Pois minha regra
Que desregra
Só pega
Se você rega
Comigo se desassossega
E desembesta
Espia pela fresta
E percebe
Que se a vida pode ser funesta
Bem pode ser leve
Como neve
Então bebe
A gente deve
Pois tudo serve
Se servido pra nós dois
Porque a gente não presta
E mesmo se nada mais resta
Somos um feijão com arroz
A gente junta toda a saliva
Aperta as mãos
Pra afastar a deriva
E coragem empresta
Basta estarmos juntos
E servem todos os assuntos
Tudo vira festa
Vira a anunciação
Dessa nossa procissão
Que se uma andorinha só
Não faz verão
A gente impera
Perpassa o aperto do nó
E mais que uma estação
Cria todo um universo
Pra essa poética de amar
Em cada verso
Por sermos um par...
Às vezes eu danço
Muitas vezes eu balanço
Mesmo com meu jeito manso
Me refugio em algum canto
Que normalmente são seus braços
Meu melhor regaço
O mais confortável recanto
Pro meu pranto
Pro meu manto
Pra minha espada
E minha cabeça avoada
Que sempre vai com a passarada
Mas só pia no seu ninho
Só se alimenta do seu carinho
Já que és meu vinho
Meu caminho
Minha flor
E meu espinho
Que só atiça
Que me embebeda
Me envereda
Me oriça
Me alegra
Pois minha regra
Que desregra
Só pega
Se você rega
Comigo se desassossega
E desembesta
Espia pela fresta
E percebe
Que se a vida pode ser funesta
Bem pode ser leve
Como neve
Então bebe
A gente deve
Pois tudo serve
Se servido pra nós dois
Porque a gente não presta
E mesmo se nada mais resta
Somos um feijão com arroz
A gente junta toda a saliva
Aperta as mãos
Pra afastar a deriva
E coragem empresta
Basta estarmos juntos
E servem todos os assuntos
Tudo vira festa
Vira a anunciação
Dessa nossa procissão
Que se uma andorinha só
Não faz verão
A gente impera
Perpassa o aperto do nó
E mais que uma estação
Cria todo um universo
Pra essa poética de amar
Em cada verso
Por sermos um par...
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quinta-feira, 15 de maio de 2008
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Procurando o castelo do mágico ou Folia para curar algo trágico...
Ele seguia
Pela trilha de tijolos amarelos
E ainda que faltassem alguns
Esperava que ao fim houvesse um castelo
Criaturas incomuns
De fina maestria
Manipulando a magia
Servindo rum
Com sorvete de marmelo
Às vezes os ladrilhos mudavam de cor
Outras a grama verde era mais convidativa
Isso sem falar do céu anil acima
Que sempre contava com sua estima
E fazia-o sorrir de forma altiva
Esquecido da dor
Dor de amor
Dor sim senhor
Dor sim senhora
Aquela dor que não tem dia nem hora
Dor cativa
Que parecia coisa última
Antes, depois e agora
Mas ele seguia em frente
Nadando contra corrente
Pelos tijolos amarelos
Esperançoso de um castelo
Que bem podia ser um barraco
Ser ruínas
Não ser nada
Só um deserto
De dunas de areias dançantes
Um cenário incerto
Pra sua carcaça naufragada
Machucada nas quinas
Um mal-colado de cacos
Onde antes havia a univossidade dos amantes
Peito arfante
Gozar cada instante
Mas disso só restaram sacos
Cheios de memórias
Que pesavam pelo caminho
Presos às costas de seu destino
Quando viu o reluzir mais à frente
E os vultos daquela gente
Pensou em espantalhos, leões e homens de lata
Lembrou-se da velha malta
Tanta lembrança o peito assalta
Que a dor se escondeu com medo
Temia o degredo
Então se travestiu de incômodo passageiro
Quando ele chegou ao primeiro
Dos dragões
Tinha tanta aspirações
Que nem sabia por onde começar
- Olá prisioneiro
Disse a dragoa ao que acabava de chegar
- Não mais prisioneiro
Ele retrucou sentindo-se pioneiro
Na arte de escamotear
- Eu vejo sua alma
Não adianta mentir
Finjindo sorrir
Nesse seu mar de lágrimas
Vamos com calma
Há toda uma fauna que lhe aguarda
Disse a dragoa ao cidadão
Ela que tinha cabelos brancos
Sorrisos francos
E uns imensos tamancos
Que iam do céu ao chão
Mas eram da cor do mar
- Eu vim procurar um castelo
Ele afirmou pensando na amada
- Existem aqui muitos castelos
Existe de tudo em Pasárgada
- Posso entrar então?
- Não com toda essa bagagem
Em Pasárgada nos resguardamos da estiagem
Então se deseja culminar essa viagem
Deixe de bobagem
E entre voando
- E como faço pra voar?
- Vê aquele mar?
Perguntou a dragoa de cabelos brancos
Senhora de todos os cantos
- Vejo
- Pois ele é o ensejo para o seu despertar
- Mas eu só queria seguir
- Só seguir ninguém segue
Ninguém consegue
É preciso assumir
E disso se vestir
Para assumir outra roupagem
- Assim o céu irei ganhar?
- Assim irá se experienciar todo dia
Disse a dragoa batendo asas
E voar virará mania...
Pela trilha de tijolos amarelos
E ainda que faltassem alguns
Esperava que ao fim houvesse um castelo
Criaturas incomuns
De fina maestria
Manipulando a magia
Servindo rum
Com sorvete de marmelo
Às vezes os ladrilhos mudavam de cor
Outras a grama verde era mais convidativa
Isso sem falar do céu anil acima
Que sempre contava com sua estima
E fazia-o sorrir de forma altiva
Esquecido da dor
Dor de amor
Dor sim senhor
Dor sim senhora
Aquela dor que não tem dia nem hora
Dor cativa
Que parecia coisa última
Antes, depois e agora
Mas ele seguia em frente
Nadando contra corrente
Pelos tijolos amarelos
Esperançoso de um castelo
Que bem podia ser um barraco
Ser ruínas
Não ser nada
Só um deserto
De dunas de areias dançantes
Um cenário incerto
Pra sua carcaça naufragada
Machucada nas quinas
Um mal-colado de cacos
Onde antes havia a univossidade dos amantes
Peito arfante
Gozar cada instante
Mas disso só restaram sacos
Cheios de memórias
Que pesavam pelo caminho
Presos às costas de seu destino
Quando viu o reluzir mais à frente
E os vultos daquela gente
Pensou em espantalhos, leões e homens de lata
Lembrou-se da velha malta
Tanta lembrança o peito assalta
Que a dor se escondeu com medo
Temia o degredo
Então se travestiu de incômodo passageiro
Quando ele chegou ao primeiro
Dos dragões
Tinha tanta aspirações
Que nem sabia por onde começar
- Olá prisioneiro
Disse a dragoa ao que acabava de chegar
- Não mais prisioneiro
Ele retrucou sentindo-se pioneiro
Na arte de escamotear
- Eu vejo sua alma
Não adianta mentir
Finjindo sorrir
Nesse seu mar de lágrimas
Vamos com calma
Há toda uma fauna que lhe aguarda
Disse a dragoa ao cidadão
Ela que tinha cabelos brancos
Sorrisos francos
E uns imensos tamancos
Que iam do céu ao chão
Mas eram da cor do mar
- Eu vim procurar um castelo
Ele afirmou pensando na amada
- Existem aqui muitos castelos
Existe de tudo em Pasárgada
- Posso entrar então?
- Não com toda essa bagagem
Em Pasárgada nos resguardamos da estiagem
Então se deseja culminar essa viagem
Deixe de bobagem
E entre voando
- E como faço pra voar?
- Vê aquele mar?
Perguntou a dragoa de cabelos brancos
Senhora de todos os cantos
- Vejo
- Pois ele é o ensejo para o seu despertar
- Mas eu só queria seguir
- Só seguir ninguém segue
Ninguém consegue
É preciso assumir
E disso se vestir
Para assumir outra roupagem
- Assim o céu irei ganhar?
- Assim irá se experienciar todo dia
Disse a dragoa batendo asas
E voar virará mania...
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Vencendo o espaço ou No tempo das musas...
Começou com um sorriso
Daqueles ainda meio indeciso
Não queria parecer despreparado
Queria era ser cobiçado
Arrancar aquele recíproco olhar iluminado
De quando as vontades dialogam
E até os diabretes rogam
Para que o afã seja consumado
Ele então avançou
Por um instante
De olhos fechados
Como sempre, após o primeiro passo
Exitou
Sentiu o peito arfante
Era sempre vítima do embaraço
Mas perseverou
Tinha a reciprocidade adiante
Voltar seria erro crasso
Então venceu o espaço
Ousou como um infante
E naquele instante
Recitou
Seu melhor olá
Que com olá ela respondeu
Mas um olá quase desdenhoso
De quem esperava mais
Mas esperança ainda há
Algo nele a comoveu
Talvez o olhar manhoso
Ou o sorriso formoso
Com que veio desde lá
Iluminando o breu
Naquela simpatia ela se perdeu
E quando ao olá ele sucedeu
Um elogio à beleza dela
Que de tão singela
Tão magnificamente bela
Nele agora imperava
E isso era tudo que ele desejava
Ter uma musa
Pro seu reino encantado
Uma musa para inspirar
Para ele dedicar todo um mar
Ah, mar para essa Deusa profusa
De todas as cores pintado
Todo dia seria singrado
Só para fazê-la cantar
E mesmo um pouco confusa
Ela pensou que seria muito obtusa
De esnobar o jeito dele se declarar
Ele parecia afinal desajeitado
Mas dedicado
E tinha um olhar tão iluminado
Que ela sorriu
Como ele sorrira no começo
E ele permitiu tocá-la
Sentindo que aquilo não tinha preço
Que poderia para sempre amá-la
Até se a vida virasse do avesso
Mas um movimento abrupto do veículo
Tirou dela as palavras
É aqui que eu desço
E ele sentiu disparar o peito
Pulsar o músculo
Pensou será que não a mereço?
Algo errado no meu jeito
Teria deixado-a brava
Só queria dizer
Que tudo que aspirava
Era dedicar-lhe seu leito
Cantar para ela adormecer
Mas ela lhe deixava
E isso ele não aceitava
Então com ela desçeu
Mesmo sem saber onde estava
O transporte ia
Ela para ele sorria
Feliz com a ousadia
Ela lhe agraciaria com sua companhia
E poderia nascer dali alguma magia
Afinal o papel de musa lhe caia muito bem...
Daqueles ainda meio indeciso
Não queria parecer despreparado
Queria era ser cobiçado
Arrancar aquele recíproco olhar iluminado
De quando as vontades dialogam
E até os diabretes rogam
Para que o afã seja consumado
Ele então avançou
Por um instante
De olhos fechados
Como sempre, após o primeiro passo
Exitou
Sentiu o peito arfante
Era sempre vítima do embaraço
Mas perseverou
Tinha a reciprocidade adiante
Voltar seria erro crasso
Então venceu o espaço
Ousou como um infante
E naquele instante
Recitou
Seu melhor olá
Que com olá ela respondeu
Mas um olá quase desdenhoso
De quem esperava mais
Mas esperança ainda há
Algo nele a comoveu
Talvez o olhar manhoso
Ou o sorriso formoso
Com que veio desde lá
Iluminando o breu
Naquela simpatia ela se perdeu
E quando ao olá ele sucedeu
Um elogio à beleza dela
Que de tão singela
Tão magnificamente bela
Nele agora imperava
E isso era tudo que ele desejava
Ter uma musa
Pro seu reino encantado
Uma musa para inspirar
Para ele dedicar todo um mar
Ah, mar para essa Deusa profusa
De todas as cores pintado
Todo dia seria singrado
Só para fazê-la cantar
E mesmo um pouco confusa
Ela pensou que seria muito obtusa
De esnobar o jeito dele se declarar
Ele parecia afinal desajeitado
Mas dedicado
E tinha um olhar tão iluminado
Que ela sorriu
Como ele sorrira no começo
E ele permitiu tocá-la
Sentindo que aquilo não tinha preço
Que poderia para sempre amá-la
Até se a vida virasse do avesso
Mas um movimento abrupto do veículo
Tirou dela as palavras
É aqui que eu desço
E ele sentiu disparar o peito
Pulsar o músculo
Pensou será que não a mereço?
Algo errado no meu jeito
Teria deixado-a brava
Só queria dizer
Que tudo que aspirava
Era dedicar-lhe seu leito
Cantar para ela adormecer
Mas ela lhe deixava
E isso ele não aceitava
Então com ela desçeu
Mesmo sem saber onde estava
O transporte ia
Ela para ele sorria
Feliz com a ousadia
Ela lhe agraciaria com sua companhia
E poderia nascer dali alguma magia
Afinal o papel de musa lhe caia muito bem...
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Embrulhada para presente ou Meu quintal predileto...
(Tomou-a pela mão..)
- Obrigado.. (e sorriu lisonjeado. Nunca vira presente como aquele.. nunca. O azul era de tantos azuis, que ele, apaixonado pelo azul, viu nele céus e mares, safiras e beija-flores.. era tão pleno quanto o sabor da poeira daqueles pés. Abriu o álbum.. olhou aquela foto da pequena menina na banheira sorrindo descordenadamente bela.. a pequena mocinha de chuquinhas e mais espivitada do que suportaria o vestidinho amarelo.. o olhar de emburrada adolescente insatisfeita com a própria aparência.. os ares de senhorita espectante da vida e das ondas do mar.. o companheirismo fraterno dos próximos, queridos e inestimáveis.. a mulher erigida na teia de mil caminhos, ela mesma um caminho.. com atalhos, contornos, paisagem, altos e baixos, curvas, sinuosidades, retas e abismos.. um caminho daquele que nos navega...
Viu-a soprar velas muitas vezes, com chapeuzinho nos cabelos quase cacheados ou com gel e purpurina brilhante por todo o rosto.. viu olhares.. viu beijos.. sorrisos e até choros...
Da mão tomou-a toda. Leu todas as feridas daquele corpo.. cada cicatriz.. cada poro.. cada intertício.. cada vício.. todas as marcas, mesmo as que já haviam partido na regeneração da carne ou das idéias... e levou-a consigo. Pois tinha um jardim a lhe mostrar, uma maçã a ofertar e só algo a dizer..) - É como voar...
- Obrigado.. (e sorriu lisonjeado. Nunca vira presente como aquele.. nunca. O azul era de tantos azuis, que ele, apaixonado pelo azul, viu nele céus e mares, safiras e beija-flores.. era tão pleno quanto o sabor da poeira daqueles pés. Abriu o álbum.. olhou aquela foto da pequena menina na banheira sorrindo descordenadamente bela.. a pequena mocinha de chuquinhas e mais espivitada do que suportaria o vestidinho amarelo.. o olhar de emburrada adolescente insatisfeita com a própria aparência.. os ares de senhorita espectante da vida e das ondas do mar.. o companheirismo fraterno dos próximos, queridos e inestimáveis.. a mulher erigida na teia de mil caminhos, ela mesma um caminho.. com atalhos, contornos, paisagem, altos e baixos, curvas, sinuosidades, retas e abismos.. um caminho daquele que nos navega...
Viu-a soprar velas muitas vezes, com chapeuzinho nos cabelos quase cacheados ou com gel e purpurina brilhante por todo o rosto.. viu olhares.. viu beijos.. sorrisos e até choros...
Da mão tomou-a toda. Leu todas as feridas daquele corpo.. cada cicatriz.. cada poro.. cada intertício.. cada vício.. todas as marcas, mesmo as que já haviam partido na regeneração da carne ou das idéias... e levou-a consigo. Pois tinha um jardim a lhe mostrar, uma maçã a ofertar e só algo a dizer..) - É como voar...
domingo, 4 de maio de 2008
Depois ou Sobre porque é preciso navegar...
Depois
Pois.. ora pois...
Nós dois
Ah, nós dois...
Quem foi que depôs?..
Não importa
É essa vida torta
Essa gente morta
Os pulsares da aorta
A navalha da vontade que tão bem corta
A gente...
Nunca é diferente
Por mais que se tente
Pode-se preferir quem mente
Mas é que de repente
A toada do repente
Fica dormente
Cada qual mais exigente
A tolerância cada vez mais rente
É sempre um tal de daqui pra frente
Tudo vai ser incrivelmente diferente
De nada vale o arroz
Os sóis que sois
O antes
Aqueles amantes
Que tal qual infantes
Simplesmente inebriantes
Com seus peitos tão arfantes
E suas artes de gozarem instantes
Aprendendo a ser atentos errantes
Incansáveis e deslumbrados viajantes
De um micro-universo
Reunindo o disperso
Compondo um verso
Ignorando o controverso
Tão aéreos
Que submersos
No etéreo
Saboreando cada despautério
E erguendo seu império
Que como todo império
Depois
Perecerá...
Pois.. ora pois...
Nós dois
Ah, nós dois...
Quem foi que depôs?..
Não importa
É essa vida torta
Essa gente morta
Os pulsares da aorta
A navalha da vontade que tão bem corta
A gente...
Nunca é diferente
Por mais que se tente
Pode-se preferir quem mente
Mas é que de repente
A toada do repente
Fica dormente
Cada qual mais exigente
A tolerância cada vez mais rente
É sempre um tal de daqui pra frente
Tudo vai ser incrivelmente diferente
De nada vale o arroz
Os sóis que sois
O antes
Aqueles amantes
Que tal qual infantes
Simplesmente inebriantes
Com seus peitos tão arfantes
E suas artes de gozarem instantes
Aprendendo a ser atentos errantes
Incansáveis e deslumbrados viajantes
De um micro-universo
Reunindo o disperso
Compondo um verso
Ignorando o controverso
Tão aéreos
Que submersos
No etéreo
Saboreando cada despautério
E erguendo seu império
Que como todo império
Depois
Perecerá...
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