Ser pai é coisa profunda
É limpar a bunda
Escovar o dente
Saber que tudo depende
E, de repente,
Ensinar a ser independente
Abraçar quando a dor for pungente
É esperar ali logo em frente
É torcer pela gente
Proteger da parte imunda
Explicar que maravilhas abundam
Mas que na tormenta
Os mais fracos que afundam
Que a gente tenta
Mesmo se tudo mais desalenta
A gente enfrenta
Se reinventa
Espera
Que uma hora a poeira assenta
A parada é lenta
Mesmo com a barulheira frenética
Dança
Tudo balança
João nunca cansa
Ana também
Mas colo sempre cai bem
Aprende a dividir esse trem
Irmão é a companhia mais longa
Nessa tonga da mironga
Irmandade vai bem
E à paternidade convém
Serenar furacões
Adoçar os limões
Sorrir aos borbotões
Voar com os dragões
Decorar as piores canções
Brigar em algumas situações
Problematizar sempre que houver opções
Sabendo como a gente está amarrado
Não pelo fio
Mas por esse querer bem alado
Que mesmo depois que o pai parte
A gente sente que tá lá...
Um comentário:
Lindo! Vidas e sonhos que transbordam.
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