Oi pai... como vai? Hoje, você faria 70. Que grande dia. Tão grandioso, que o Gustavo, seu neto, faz 1 ano. O Guto acertou em cheio nessa. Melhor presente possível. Tô aqui pensando como foi pra Dona Hilda e seu Valdemar receberem o segundo filho. Eu vou parar aqui pelo segundo mesmo... Com certeza, agora, eu estaria aqui te abraçando e agradecendo incondicionalmente pra você por tudo que você fez por mim e eu não sabia. Por mais que eu sentisse e tivesse vivido, eu não sabia. Um nível que só agora dá pra saber.
As noites em claro
O cuidado ininterrupto
A paciência
O afeto gratuito
A atenção
As brincadeiras
Os ensinamentos
As broncas
Os alimentos
A proteção
Por todas as vezes que você segurou minha mão
Por sempre que pediu paciência com meu irmão
Quando disse não
Por todos os sins
Por não ser perfeito
Pela luta
Pela história
Pela família
Pelo respeito
Pelo peito
Pelo jeito
Pelos "porra, negão"
Por toda essa incomensurável inspiração
Estaria chorando, como estou. Estaríamos, portanto, estamos. Só abraços salvam.
Nas ruas lutamos pela educação, pai. Por direitos humanos. Pelo pouco que os muitos tem. Sempre mais do mesmo, mesmo que tantos pareçam a esmo. E estão. Mas lutamos porque não existe a tal da outra opção.
Ainda assim, meu peito dói. Só há poeira na imensidão.
São tempo difíceis. Mas são sempre tempos difíceis para os sonhadores, não é mesmo? Eles militarizam escolas e atacam liberdades, reforçam o projeto de impedir a educação de funcionar. Eu sigo aprendendo e ensinando com a molecada.
Ah... minha tese de doutorado sobre o Recanto das Emas foi indicada pela pós da história ao prêmio de teses da CAPES na minha área. Fiquei bem feliz.
Ana está aqui curiando a carta para o vovô Hélio. Está a pessoa mais maravilhosa que a existência podia conceber. E chata. Geniosa. Cheia de ideias. Incrível.
João já pode ser oficialmente definido como gordo, porque ele já bota a própria comida toda na boca e pede a sua. Ele é apertável e carinhoso, cheio de energia. Ele e o Gustavo vão formar uma dupla e tanto.
Acho que é isso, pai. Certo que haveria muito mais. Mas tal qual a saudade, não cabe na carta. Amo você.
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