"O objetivo principal não é descobrir, mas refutar o que somos. (...) Não é libertar o indivíduo do Estado e de suas instituições, mas libertar-nos, nós, do Estado e do tipo de individualização que vai ligada a ele. É preciso promover novas formas de subjetividade..." Foucault
terça-feira, 24 de abril de 2012
Quatro partes ou leia de trás pra frente...
- Você já foi melhor nisso.
- É verdade. Já fui.. mas ainda sou bom em outras coisas.
- Sim, sim.. claro.. quem foi rei nunca perde a magestade.
- Isso eu não sei.. mas ainda tenho meus méritos.
- Ou desméritos né..
(Risos) - Pode ser.. de qualquer forma, eu faço o que posso.
- Claro, claro.. afinal nessa competição nunca tem vencedor.
- Mas a gente tem nossos momentos né..
- O que seria de nós sem eles.. cigarro?
- Não, obrigado.. você sabe que eu não fumo..
- Não fuma tabaco..
- É.. isso jaz no passado.
- Bom.. eu não perco tempo controlando meus vícios e além do mais..
- Com licença..
- Quem é você?
- Isso mesmo.. quem é você? Isso aqui é um diálogo em um mundo dicotômico..
- Sim, sim.. mas eu sou a terceira parte..
- Terceira parte?
- Como assim terceira parte?
- Terceira parte oras.. um.. dois.. três.. entenderam? Eu achava que vocês fossem mais espertos..
- É difícil.. não estamos acostumados à uma terceira parte..
- É porque vocês vivem nessa velha panelinha.. "nesse romance astral"..
- E pra que serve uma terceira parte?
- Pra mostrar que as coisas não precisam ter uma serventia para serem, por exemplo..
- Muito interessante.. muito interessante.. aceita um cigarro?
- Sim, claro.. vocês tem algo pra beber?
- Não é uma má idéia.. cerveja?
- Nada melhor no meu entender...
- Mas então.. o que você veio fazer aqui?
- Mudar de ares um pouco.. estava muito quente lá do outro lado..
- Ah sim, as coisas são realmente mais frias por aqui.
- Eu diria mais.. frias, certas, estanques, definidas, acertadas, divisadas.
- Pois é.. vocês não me levem a mal, ou a bem, conforme o caso, mas as coisas por aqui parecem meio monótonas, na verdade.
- Diótonas, no mínimo. E a culpa é dele. Fica tolindo os vícios e os prazeres.
- "É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro".. você acha mesmo que não tem seu quinhão de culpa?
- Muito fácil pra você ir chegando e levantando problemas.
- Você não faz idéia dos conflitos que vivemos por aqui.
- Esqueçam.. ele é sempre assim.. cheio de meio-termos...
- Só me faltava essa..
- E você quem é?
- Devíamos é aproveitar e fazer uma festa logo...
- Eu sou uma outra parte qualquer...
- A quarta parte?
- Se você quizer dizer assim... ontem mesmo eu encontrei um grupo de prolegômeros de alicarnassos e eles me chamavam de "elo mais fraco"... ano passado umas concepções escatológicas me taxaram de "letra f".. mas se quiserem me chamar de quarta parte, fiquem à vontade..
- Entendam que as coisas nunca são tão movimentadas por aqui..
- Claro, claro.. aqui é um mundo dicotômico, eu sei como são essas coisas..
- Pois é, a gente tá acostumado com coisas mais harmônicas..
- Tudo tem uma certa harmonia..
- Isso é você quem diz..
- Mas e então, para que você serve?
- Eu já disse que nem tudo tem serventia..
- Mas eu mesmo tenho muitas.. sou pau pra toda obra..
- E qual é o objetivo disso tudo?
- Isso mesmo? Qual é a de você dois aparecendo aqui?
- Eu queria mostrar o interstício que existe entre vocês...
- E eu não queria mostrar nada além de tudo que algumas coisas podem não representar...
- Ãh?
- Que?
- Nada.. tudo.. alguma coisa.. não representar.. ah, e não necessariamente nessa mesma ordem...
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2 comentários:
Jorge!!! Saudades imensas desse espaço tão carinhoso!!! Faz tempo que não venho visitar tuas canções. Adorei o diálogo, que lombraaaa... Deve fazer o maior sentido pra você, mas pra mim que não sei do se trata ficou ainda uma msg para reflexão!
Beijos, Beijos
Muito bom!
De um jeito ou de outro, sobre isso ou aquilo...
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