quinta-feira, 29 de julho de 2010

O que será?


Saiamos do mundo da culpa
E esquecidos das desculpas
Outras palavras
Essas mesmas que lavras
Borboletas ou larvas
Do teu gelo
Saem nuas em pêlo
Parvas de sentido
E o que deve ser lido
Alheio a qualquer poesia
São as entrelinhas da sintaxe vadia
Sei que não é de praxe
E até esse moço
Abusado você ache
Mas é tudo esboço
E se tiveres um troço
Um tanto mais eu coço
E se com rimas adoço
Bem posso abrir um foço
E se não há encaixe
Atropele
Desgele
Rasgue a pele
E acharás quem vele
Por um tal estado
Desdenhoso da verdade
Vendo que é vã vaidade
Ser achado
Concluir
Definir
Vencer o mundo a nado
Melhor é transformar o brado
Em canto
Que esse mundo é tanto
Que não me cause espanto
Nenhuma parte
Da arte do teu desmoronar...

8 comentários:

# Poetíssima Prida disse...

Gostei...

Cheiros.

Canto da Boca disse...

Eu adoro tentar desvendar o mundo e descobrir achados nos escombros, com a minha "sintaxe vadia".

Beijo!

;)

♪ Sil disse...

Eu adoro tentar desvendar o mundo e descobrir achados nos escombros, com a minha "sintaxe vadia". (2)

Tenho que roubar a frase da minha amiga lindaaaaa ai. Perfeito.


Tudo aqui é perfeito.

Um abraço meu!

Luck! disse...

A vaidade não pode ser tão vã e creio que pouca coisa possa se definir, ser achado é glória, esquecer das desculpas é perdoar e se soubermos perdoar, seremos perdoados...
E aí de quem não ousar desmoronar!

Adorei o que deixstes em meu blog, nesse meu relacionamento eu sempre bat na tecla da reciprocidade, parece que vc adivinhou!

lídia martins disse...

Desmorono-me.
Escombros líquidos de uma vaga Via-Láctea a escorrer!


Adoro você Jorge

Majestoso como sempre!

Flávia disse...

"Da arte do teu desmoronar... ", ficou lindíssimo esse encerramento, parece um tanto com começo.
Seus versos me abençoaram numa noite salgada, obrigada!
=)

Anônimo disse...

Deve ser arte.. vontade.. e um pouco mais de espera. Quem sabe?

disse...

Invejo tua habilidade em fazer de tudi=o poesia. E com um talento tão raro. Um brincar com as palavras que não cabe a qualquer um fazer. Dom. Eis o mistério.