segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Coisas passadas ou Melhor post de março...

Salve salve pessoas.. continuando, aqui está o melhor post de março.. melhor pra quem? Pra mim.. até porque foi o menos comentado.. risos.. mas enfim.. eu gosto dos meus contos menos concretos.. e esse foi em homenagem a uma amiga que eu nunca vi, mas sempre imaginei.. ela que matou o "principe encantado" e casou com a princesa.. a Dragoa mais fantástica que eu já tive a sorte de depositar os olhos e descreve todas as alíneas do possível... http://www.girassol-giralua.blogspot.com/





Além disso, tive o privilégio de ter uma das minha rimas publicada no blog da Camila.. fico deveras lisonjeado viu minha cara e aproveito pra deixar o link dela aqui pra quem não conhece esses róseos caminhos... http://caminhosdecamila.blogspot.com/








Fantasias de um delírio inexato ou Mais hidromel...








(Era uma padaria. Dessas de tinta descascada na parede, muitos cartazes de mulheres graficamente tratadas pelo computador anunciando cervejas em posições apelativas, banheiros desagradáveis, alguns ovos esverdeados atrás de um vidro de higiênie duvidosa.. ou seja uma padaria, que podia ser um bar, podia ser um mercadinho.. mas se denominava padaria. Enfim, lá deu-se o encontro.. eles se viram, sorriram simpaticamente e sentaram.. os olhares tentavam falar, mas ainda não tinham achado o idioma certo...)


- Salve salve.. (ele disse como se fosse naturalmente a primeira coisa a ser dita..)


- Olá.. (ela disse meio sem jeito..)


- O que vai ser? (disse o homem da padaria)


- Uma cerveja.. dois copos..


- Mais alguma coisa?


- Por enquanto só isso.. (e ele voltou a olhar para ela, sorrindo da felicidade genuína que o encontro produzia. Se conheciam a tanto tempo que o próprio tempo não fazia qualquer sentido. E eles sempre tinham habitado as periferias dos próprios sentidos, escorregando em beiras de abismos, suspirando na intermitência de certas janelas.. debruçados sobre o beiral, um contato imbricado na poética do delírio puro... e assim se viam de novo pela primeira vez...) Pra mim é como se todo o mar explodisse numa míriade de gotículas flutuantes desdenhosas da gravidade, satisfeitas em refratar a realidade num turbilhão de possibilidades...


- Ai.. eu não sei como você consegue.. assim.. aqui.. entre o saleiro e o copo de cerveja... desculpa, eu sei que.. mas é tudo tão estranho... eu não consigo com a Juliana Paes rindo pra mim..


- Sempre teve esse sabor profano o nosso verbo, daí que não consigo navegar num céu sem as penas dos descaídos... é como se eu cuspice lírios porque plantaste tantas tulipas no meu estômago.. (Ela sorriu e baixou os olhos..)


- Ah, eu queria tanto cantar com você até os muros arrebentarem, as asas sangrarem e nossos desejos alçarem vôo até o mar, nosso mar.. mas é que agora parece tão.. inapropriado.. você aí.. eu aqui.. assim, não era.. na boa..


- É que eu não me vesti.. (e os olhos dela se levantaram passando para a camiseta mundana toda azul da hering, um tanto desbotada das lavagens..) Meu pudor me impediu de vestir qualquer coisa.. achei que nada ficaria bem diante dos seus recortes.. as asas presas não permitiriam um conforto significativo.. e você teve o pudor de não se despir, aqui na padaria sua nudez seria explícita demais.. (ele bebeu todo o copo de café com cerveja em um só gole..) Mas descascá-la sempre foi uma massagem pro torpor de existir..


- Já são camadas demais desde que a primeira erodiu sobre as terras gregas..


- Eu sei, a poeira da estátua cuspiu mármore demais pelo jardim.. e medusa preferiu convidar medéia para um chá do que a nós se juntar..


- Só você sabe pintar o vermelho com esse tom de delírio que eu tanto gosto (ela disse esquecendo a parede de tinta descascada ao lado..)


- E só você rasgou as prosopopéias ínfimas dos transeuntes permitindo o vôo mais impactante..


- Eu vim porque aqui foi sempre o estar cujo escapar era mais doce...


- Eu estive aqui sempre sabendo que esse mundo dimensionado entre nós dois produzia os relâmpagos mais cortantes, os trovões mais retumbantes e os desvios mais excitantes...


- Você e suas rimas.. fazendo do diálogo uma esgrima...


- É que sempre pontuamos nossos movimentos com esses saborosos ferimentos, que adocicam os lábios.. chocam os sábios.. eu virei vampiro das suas asas, que só a tua franja varre minhas vitrines.. atiça minhas brasas com quaisquer sintaxes que destines... (Ela ergueu a taça até os lábios como as ninfas faziam antes dos homens estuprarem o lirismo dos gestos.. sorveu o hidromel sabor de fantasias indianas oníricas.)


- Foi um privilégio profanar esse seu campo florido.. gosto muito da paisagem daqui das ruínas..


- Pasárgada sempre é mutante.. e para receber tão nobre visitante, que é residente com direitos de presidente, mandei tudo colorir, as arestas retocar e uns desvarios alimentar, tudo para que não pares de vir.. veja, pintei fogos de artifício com as oito constelações mais importantes para te lembrar que as galáxias são seus olhos e o buraco negro do teu umbigo é o princípio...


- Nunca parei.. (ela disse sentindo a brisa cheiro de sândalo..) Apenas ondulo na tua língua...


- Perdoe-me as lágrimas, mas se todas as fabulas tivessem morais tão significativas, uma sinfonia de silêncio nos acompanharia até o precipício do nosso abraço..


- Ainda podemos cantar a tangente de nosso mergulho..


- Mais hidromel? (disse o formoso homem formado por ângulos obtusos, cacos de ônibus espaciais e areia de ampulhetas do Egito Antigo...)

14 comentários:

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

O cheiro de sândalo... Eu senti daqui!
beijos e borboleteios querido

Eu lírico disse...

A beleza está no fato de que sempre ainda poderemos cantar...
Belo texto...
O post de 21 de dezembro lá no meu blog é seu presente de Natal... heheheheehe avisei no comentyário do post anterior mas aviso agora tb , mania de virginiana perfeccionista e chatinha ;)...
Beijucas pra vc...
Glaucia

Fernanda disse...

Adorei o texto=)
e obrigada pelo comentario no ultimo texto postado por mim....
Acho que foi um dos que me fizeram melhor refletir...
e Diamantina parece ser mesmo meu fim de mundo...

ficou lindo teu texto no blog caminhos=)
adorei=)

Camila disse...

Eu quem agradeço por ter aceito o conviteeeee!
Amei tê-lo em meus róseos caminhos!

Beijooo

Fi disse...

Vezes sem conta faço repassar
Meus olhos pelo seu prosar
E tantas as vezes que leio
Como as que devaneio
Com sentidos sempre diferentes
E pensamentos eloquentes
Nem sempre posso encontrar
Como posso sempre modificar
O embate que têm em mim
Um turbilhão de ideias sem fim
E, talvez um delírio inexacto
Comande agora o meu tacto
Quando na minha torre de babel
Me sinto deusa, bebendo hidromel

Sombra de Anja disse...

Re-afirmo:
Adoro-te buéééééééééé
Feliz natal

Nathália E. disse...

"Apenas ondulo na tua língua..." - Que bonito isso. Rsrs

Beijo!

Mah disse...

last night she said oh baby i feel so down.....


adorei a trilha


salve jorge! que 2009 seja só coisa boa pra você. que venham mais textos,mais músicas, mais tudo de bom!


beijos!

Auíri Au disse...

Feliz dois mil e love brother!!!

Ju disse...

e ela
se apaixonou
pelo poeta...


bjs.............;-)

A. Terada disse...

saalve Jorge, agradeço por nao se esquecer de mim!!
entao, nao posso desejar menos que um ano cheios de suas poesias lindas! que 2009 seja perfeito pra ti.

beijos

Tatiani disse...

Sabe que penso que este final de ano está deixando as pessoas completamente surtadas.

E vc é uma delas garoto!

;)

Martinha disse...

Interessante a conversa dessas duas pessoas. Eu gostei do contraste: uma conversa bastante interessante e com fundamento, num local nada interessante.
Tem um bom 2009 Jorge. ;) *

Anônimo disse...

Salve Jorge!

Feliz ano novo com muita, muita coisa boa! :)

E cadê você, hein!?

Beijos.