O pequeno pardal pousou na cristaleira
Teve o cuidado de recolher as asas
Enquanto aproximava-se da beira
Viu toda a poeira
E aquele morte pretensamente escondida
Com os olhos em brasa
Invejosa da vida
Bom dia disse o pardal
Bom dia por que? - retrucou a morte
Que julgando ter pouca sorte
Ainda tinha de aguentar o gralhar da ave
Ora,bom dia porque és a morte
E isso é fenomenal
Acrescentou o pardal
Parecendo ter a chave
Para os problemas dela
Fenomenal nada - insistiu ela
Eu sou apenas a sequela
Ela é a artista principal
Não seja boba
Insistiu o pássaro
Que parecia atiçá-la por esporte
Há os que preferem dançar com a morte
Não os que fazem no pulso um corte
Mas uns que esquecidos do norte
Preferem vestir pele de loba
E buscar caminho mais raro
Há? - interessou-se a morte
Saindo do esconderijo
Já não mais tão invejosa da vida
Vislumbrando a possibilidade de uma saída
Pensando num beijo
Sentindo-se mais forte
Afinal ela era a morte
E ser ela tinha algo de muito bonito...
6 comentários:
o pássaro queria voar
e eu, meu deus,
eu só queria sentar ali
e cantar.
Eu acho que você disse muito em poucas palavras.
É isso aí, você é ótimo!!
Beijos
Este poema fez-me pensar numa coisa muito importante. Devemos sempre encarar todas os nossos obstáculos de frente, assim de cabeça erguida como o pássaro!
Gostei. :) *
Mais forte e vivo, ergueu o bico a razão.
Voou rente ao chão.. qual pardal? Qual morte?
Num beijo apenas a incognita, a busca do fim que já começou e ninguém percebeu. Instantes nulos. Tudos que viram nadas. Agrestes. Verdes.
Não sou loba e nem busco caminhos raros. Tento apenas não morrer... antes da possibilidade do beijo. Longo e eterno.
Bjs meus
ah...
já falei sobre tuas rimas, ritmo e tudo o mais, né?!
Bom demais.
beijos!
Apeteceu-me... passar por aqui :o)
Bjs meus
Postar um comentário