"A vida é o interminável ensaio de uma peça que nunca se realizará..." (Do filme O Fabuloso Destino de Amelie Poulain..)
Peça
Tropeça
Então pessa
Vamos nessa
Se tudo mais se engessa
Capaz que a cabeça
Arrefeça
Enquanto não começa
Desça
Do resto esqueça
E se arremessa
Nunca cessa
Mesmo que messa
Capaz que nunca aconteça
Que não haja a tal Vanessa
Nem Veneza
Nem posta mesa
Ou qualquer fineza
Porcelana chinesa
Ser alteza
Só firmeza
A escolha é essa
Por mais que você teça
E que tudo até pareça
Nunca é
Só está...
"O objetivo principal não é descobrir, mas refutar o que somos. (...) Não é libertar o indivíduo do Estado e de suas instituições, mas libertar-nos, nós, do Estado e do tipo de individualização que vai ligada a ele. É preciso promover novas formas de subjetividade..." Foucault
segunda-feira, 30 de março de 2009
sexta-feira, 27 de março de 2009
segunda-feira, 23 de março de 2009
Show do Iron ou Fear of the Dark...
Sabe rock´n roll?
Não.. não essa farofada rotineira e pasteurizada de hoje em dia..
Rock´n roll.. aquele bom e velho.. guitarra, baixo e bateria.. pois então.. 6a teve isso de sobra, como o Planalto Central faz muito tempo não via..
Tenho que dar braço a torcer.. o Bruce Dickson tem muita presença de palco.. agora, acima de tudo, Steve Harris é o cara.. tirando a filhinha dele que abre o show, ele só manda bem.. afinal de contas são preciso três guitarras pra equilibrar com o cara..
Eu não era fã dos caras, mas podemos dizer que teve início o processo de assimilação.. nada como um show pra saber como é o som de uma banda..
E bom.. no meu ranking eles estão em 2o lugar (que ganhar do Rger Waters não tem como né..)
Te juro
Certas coisas são melhores no escuro
Sei que há temores
Mas os esconjuro
Pulo o muro
Mesmo sem cores
Só no preto
Afasto dores
Exploro o gueto
Não é muito o que prometo
Nem espero em troca favores
Apenas quero aguçar os sabores
Sentir a brisa
Esquecer do que precisa
E fazer o que quero
E fazer o que quero
Erguer meu império
Onde nada é sério
E o fruto do meu esmero
Cobre o chão
Cobre o chão
Suplanta ilusão
É a própria anunciação
Que derrama pelo furo
Daí que pro meu jeito impuro
Nada melhor que o escuro...
quinta-feira, 19 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
Bifurcação...
Bifurcação
São
Inverno e verão
Céu e inferno
Purgatório
No conjunto
Tons de outono
Flores primaveris no cemitério
Parece tão sério
Mas desfeito o mistério
Não há dono
Só abandono
E algum sono
Cinzeiros cheios
Vasos quebrados no passeio
E poeira pelos cantos
Claro que não há mais santos
Apenas descaídos
Com seus ossos moídos
Suas asas sangrentas
Agonias lentas
Mirando da janela
A outrora bela aquarela
Provavelmente a mais singela
De que se tem notícia
Antes tão propícia
Tanto que vicia
Depois vazia
Retumbante entropia
Já que simplesmente quem caminha
Sabe que sempre se avizinha
Uma separação...
São
Inverno e verão
Céu e inferno
Purgatório
No conjunto
Tons de outono
Flores primaveris no cemitério
Parece tão sério
Mas desfeito o mistério
Não há dono
Só abandono
E algum sono
Cinzeiros cheios
Vasos quebrados no passeio
E poeira pelos cantos
Claro que não há mais santos
Apenas descaídos
Com seus ossos moídos
Suas asas sangrentas
Agonias lentas
Mirando da janela
A outrora bela aquarela
Provavelmente a mais singela
De que se tem notícia
Antes tão propícia
Tanto que vicia
Depois vazia
Retumbante entropia
Já que simplesmente quem caminha
Sabe que sempre se avizinha
Uma separação...
quinta-feira, 12 de março de 2009
O que faz de nós humanos?...
Quem te fez humano?
Você ou outrém?
Deus talvez
Ou o Diabo.. quem sabe?
A sociedade, todo dia
Seus pais o tempo todo
Faz parte do plano
Ser fulano ou ciclano
Ser fulano ou ciclano
Ser alguém
Sendo ninguém
Ou só o caos tem vez
Sendo ninguém
Ou só o caos tem vez
Quando suas a tês
Porque nessa vida não cabe
Espero pelo menos que não babe
Afinal já que você não pia
Afinal já que você não pia
Segue essa vida vazia
Charfunda no lodo
E vai pensando
"Sempre eu que me fodo"
Minimiza-se o dano
O tempo passando
Evita-se o insano
Evita-se o insano
Busca-se a cura
Na reza mais pura
Na mais alta cultura
E o resto se esconjura
Bate três vezes na madeira
Aguardando alegria derradeira
Ou qualquer outra besteira
Que vossa excelência
Já sem paciência
Vai esquecer de desinventar
Que não há ser
Que não há ser
Apenas estar
Embora pareça
Só haver o ter
Nessas cabeças
Tantas bestas
Pra uma só carga empurrar
E daí vem um bispo
Dizendo do mundano me dispo
E escomungo
E escomungo
Esse médico como se fosse um fungo
Pelo crime do aborto
Sem ver o bispo absorto
A desumanidade do ato
Que destruiu a vida dessa menina
Negou os fatos
Como se fossem coisa pequenina
Ao dizer que o aborto era pior que estuprar
E o Vaticano assina embaixo
Pode ser besteira o que eu acho
Mas ainda assim vou falar
Toda mulher tem o direito de abortar
Toda menina tem o direito de ser criança
E todo estuprador deve pelo crime pagar
Se quisermos ter esperança
E não me venha a Igreja
Que de tão dogmática
Não quer que se veja
O quanto é o símbolo estagnado
O quanto é o símbolo estagnado
De uma sociedade quase apática
Com seu mundinho sagrado
Onde um padrasto estupra as duas enteadas por três anos
Causa todos os danos
Causa todos os danos
E o que é crime
Por mais que não rime
Por mais que não rime
É o aborto...
segunda-feira, 9 de março de 2009
Get up, Stand up ou Passos na areia...
http://mixandoassovios.blogspot.com/
Salve salve meu povo e minha pova.. trago boa nova.. texto no musicalidade.. pra lhe coçar a magnificidade e arrancar-te a bondade.. de uma visita...
Salve salve meu povo e minha pova.. trago boa nova.. texto no musicalidade.. pra lhe coçar a magnificidade e arrancar-te a bondade.. de uma visita...
sexta-feira, 6 de março de 2009
Entendimentos ou Círcular...
Era reto
Fez circular
Parou
Olhares perdidos
Nada estava completo
Arquipélago insular
Só divagou
Sobre tempos idos
Sem nunca chegar
Tanto veto
Quase se negou a continuar
Mas era pródigo no indefinido
E por indefinição
Aceitou o arpão
E se pôs a versar
Escrevendo como devia ser lido
Deixou de tratar da pluralidade dos símbolos
Simbolicamente preferindo o chão
Que ainda tardaria para o céu chegar
Que os embolos
Estavam presos em tantos rolos
Deveras complicados de desembaraçar
Então pra que consolo?
Já que por algum lugar se começa
E ele sem pressa
Fez seu assento
Puxou do ar
Um vento
E foi nessa
Sem nenhuma fineza
Até com tapa na mesa
E textualidade que não se meça
Afinal era preciso romper a represa
De todos aqueles entendimentos
Quer fossem lentos
Quer solares
Eram mais que insulares
Tinham seus próprios movimentos
E qualquer leitor atento
Os veria circular...
Fez circular
Parou
Olhares perdidos
Nada estava completo
Arquipélago insular
Só divagou
Sobre tempos idos
Sem nunca chegar
Tanto veto
Quase se negou a continuar
Mas era pródigo no indefinido
E por indefinição
Aceitou o arpão
E se pôs a versar
Escrevendo como devia ser lido
Deixou de tratar da pluralidade dos símbolos
Simbolicamente preferindo o chão
Que ainda tardaria para o céu chegar
Que os embolos
Estavam presos em tantos rolos
Deveras complicados de desembaraçar
Então pra que consolo?
Já que por algum lugar se começa
E ele sem pressa
Fez seu assento
Puxou do ar
Um vento
E foi nessa
Sem nenhuma fineza
Até com tapa na mesa
E textualidade que não se meça
Afinal era preciso romper a represa
De todos aqueles entendimentos
Quer fossem lentos
Quer solares
Eram mais que insulares
Tinham seus próprios movimentos
E qualquer leitor atento
Os veria circular...
segunda-feira, 2 de março de 2009
Pra terminar ou Melhor post de Novembro
Conforme prometido, chega ao fim a retrospectiva e o próximo post já será de coisas novas.. este conto foi a última coisa que escrevi em novembro..
Fumaça
(Sorveu a fumaça na escuridão..
Ela dançou..
A fumaça dançou à frente do olhar dele..
Ela virou-se no ritmo da música, dando as costas ao parceiro para que ele pudesse apreciar a linha sinuosa e sedutora que as costas dela traçavam no espaço..
A fumaça recebia as luzes em sua disforme existência cinza esbranquiçada..
Ela demorou a voltar ao ver um corpo parado, na direção dela, mas cujo rosto não se definia por trás da fumaça..
Ele tragou lentamente, tornando a brasa incandecente, ardente e mostrando uma luz no fim do túnel..)
- Vou no bar pegar cerveja.. (ela disse para o parceiro que não a interessava mais e não esperou resposta para buscar a luz..
Ele assistiu os passos rebolados dela, o movimento desdenhoso dos ombros, os cabelos charmosamente desgrenhados, incluindo aqueles que se colaram ao pescoço pelo suor.. tragou soltando a fumaça pelas narinas como faria um dragão..)
- Uma cerveja.. (ela disse apoiando os antebraços no balcão úmido, onde teve atenções imediatas, mas reparando de canto de olho na barba por fazer.. nas sombrancelhas grossas.. nas mãos grandes presas a ante-braços morenos.. no mundo turvo por trás da fumaça..
Ele a viu receber a long-neck que custava cinco vezes mais que o normal, levar aos lábios já sem retoques e exagerar uma refrescância que aludia a comerciais ignóbeis de publicitários sem criatividade alguma.. tragou e prendeu a fumaça por um instante longo..
Ela ignorou o mar de olhares e se deteve na ilha e no vulcão que soltava fumaça, mas nenhuma lava.. ainda..) - Quente né?
- Talvez.. (ele disse batendo as cinzas no chão, olhando para os próprios pés escondidos sob o all-star preto detonado, antes de levantar os olhos e fincá-los nos dela, como se não tivesse porquê ela estar ali.. tragou, enquanto a fumaça se dissipava..) Talvez..
(Ela ficou curiosa com aquela resposta, aquele olhar, aquela boca de lábios grossos e secos equilibrando um cigarro como se fosse um dedo assanhado.. virou-se para ele, espaçou as pernas pra apoiar-se melhor, mas deixando ambos os pés apontando pra ele, e prendeu o cabelo como se quisesse provar algo.. e terminou de dissipar a fumaça existente..) - Talvez? Como assim.. talvez?
(Ele sorriu.. quase com deboche.. soltou a fumaça, que misturou-se ao ar entre os dois, sólida como uma verdade.. achou graça na pose de "quem é você pra discordar de mim e não se submeter à minha beleza" dela.. a fumaça saiu densa, contínua, enevoando o mundo, eclipsando as luzes, cerceando-os dos arredores..)
- Eu falava do lugar.. tá um forno isso aqui.. (ela disse passeando os olhos pela caledoscopia que parecia um mundo inalcançável para além da fumaça.. bebeu mais um gole da cerveja estranhando um pouco tudo aquilo.. aquele cara indefinido.. mas não precisou exagerar, talvez por já ter a atenção pretendida.. talvez por já não haver refrescância possível por ali..
A fumaça parecia começar a se fazer o próprio ar que ela respirava. Enquanto o olhar castanho-rubro dele hipnotizava a atenção dela, a fumaça se entranhava e invadia os poros do corpo dela.. deslizava pelo corpo trazendo arrepios.. condensava os arrepios como uma língua que singra uma vontade..)
- Mas.. e.. bem.. qual o seu nome? (ela disse com dificuldade.. sufocada e excitada.. na falta de ter o que dizer, como se aquilo fosse o último refrear da vontade de pular do abismo, mas que apenas confirma a certeza iminente da queda..
Ele aproximou-se dela na retumbância daquele silêncio.. transformando cada segundo na potência de um desejo lapidado.. e cuspiu fogo na boca dela. Derramou chamas caudalosas.. piras funerais cobriram a carne dela.. a pele, a gordura sob ela, os músculos, os ossos, até mesmo a medula.. com a intensidade de uma super nova estelar.. a fumaça foi rubra por um instante, teve um cheiro mais adocicado.. mas talvez fosse a luz.. logo ela se dissiparia..
E ele tragou.. e soltou fumaças pelas narinas.. como faria um dragão...)
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